Xadrez de um
país controlado pelo crime organizado
Peça 1 – o crime apossando-se do Estado
Há uma preocupação global com a tomada do poder nacional pelo
crime organizado. O Brasil se tornou um caso emblemático, inédito de jovem
democracia que, após inúmeros avanços sociais, morais e econômicos, teve como
desfecho a subordinação do país ao crime organizado. E não se está falando das
vinculações entre o tráfico e o Congresso, que ainda não foram devidamente
apuradas.
Por aqui, montou-se o mais esdrúxulo pacto da atualidade. Em
troca de entregar reformas profundamente antipopulares, excessivamente
radicais, enfiadas goela abaixo da população sem nenhuma negociação - e, por
isso mesmo, de vida curta -, a organização que se apossou do poder ganhou salvo
conduto para assaltar.
Temas de alto interesse nacional, com reflexos sobre as próximas
décadas, como a venda de terras públicas, a flexibilização ampla no
licenciamento ambiental, a demarcação de terras indígenas, concessões
portuárias, tudo está sendo entregue, no mais amplo processo de desmonte a que
o país foi submetido.
Há muitas dúvidas sobre a oportunidade ou não das diretas-já.
Mas há uma certeza: Temer não pode continuar.
O país está no estágio do chamado trem desgovernado. Há um
início de reorganização da opinião pública, os partidos políticos tentando
entender o momento, mas ainda assim, um estado de estupor generalizado,
caracterizado pelos seguintes pontos:
1. Um assalto ao Estado, através de
aparelhamento indiscriminado da máquina, disseminação de portarias, sede para
negociatas, sem nenhuma forma de controle.
2. Uso do Estado para subornar todos os
poderes, incluindo a mídia, conforme se apurou em grampo recentes do senador
Aécio Neves. Compra a mídia com publicidade, parlamentares com leis e
portarias, autorização para venda de terras públicas, flexibilização selvagem
das leis ambientais, concessões de portos e de teles.
3. O único fator de contenção é a perspectiva
de queda de Michel Temer. Qualquer sinal de fortalecimento de Temer significará
uma ampliação desmedida dos processos de assalto aos cofres públicos.

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