O protagonismo agora é nosso !
Por Wadih Damous
A gravíssima
notícia de que o Sr. Michel Temer teria sido gravado por Joesley Batista ao dar
apoio a pagamentos feitos a Eduardo Cunha, para que este não delatasse ao
ministério público o que sabia, sacode a Nação. A perplexidade do momento gera
reações contraditórias. À euforia de uns mistura-se a revolta de outros. Até o
momento em que escrevo este comentário, três pedidos de impeachment já foram
protocolados e populares se manifestam ruidosamente nas ruas de quase todas as
capitais.
A atitude da mídia
golpista, entretanto, impõe-nos uma reflexão contida. Veja, Globo, Estadão e
Folha, todas, indistintamente, abandonaram o barco de Temer. É importante
lembrar, também, que a nova onda da crise coloca ministério público e
judiciário no foco dos acontecimentos, logo eles que nada fizeram para impedir
o golpe e trataram a brutalidade das iniciativas do governo golpista com
extrema leniência. Certo ministro do STF até cultivou excessiva proximidade com
o Sr. Temer com certo descaramento, apesar de se encontrar na iminência de ter
que julgá-lo. Dar a esses atores o protagonismo do processo político de
destituição dos golpistas é tudo menos conveniente para a democracia
brasileira. Não são confiáveis e nem mostraram apreço pela democracia quando
mais foi vilipendiada. Gostam dos holofotes e estão mais preocupados com a
própria imagem do que com o destino da Nação. Provaram isso sacramentando a
violência processual de um juiz de piso e permitindo que uma operação sem
limites destruísse o parque industrial da construção civil no Brasil. Não
merecem quaisquer honras neste dramático momento.
Precisamos proteger
nossa Democracia e nossa Constituição. Quando as instituições do País não mais
funcionam e são parte do processo de deterioração da governação, cabe ao povo
retomar o que é seu: o poder constituinte originário, a soberania popular.
Somos nós – e não o STF – os verdadeiros guardiões do Estado Democrático de
Direito!
Mais do que nunca a
Pátria exige brasileiras e brasileiros que amam o Brasil, que acreditem no seu
destino de grande Nação e que repudiem os falsos heróis; que repudiem as forças
externas que se aproveitaram do caos do golpe. Precisamos ter fé na nossa
capacidade de reconstruir nosso tecido social esgarçado pelo ódio disseminado
pela mídia dos vendilhões de nosso patrimônio nacional. Precisamos confiar em
conseguir garantir direitos para todos, inclusão social que torne nossa
sociedade mais justa, mais tolerante e mais humana.
Se ficarmos
sentados em frente da televisão ou teclando em nossos celulares sem olhar para
o outro, não vamos passar pelo teste de transformação que o País está a exigir.
Correremos o risco de sermos engolidos pelos espertos da hora ou atropelados
por uma aventura armada contra o Povo. Temos que ir para as ruas, ocupar as
praças e exigir respeito, exigir eleições, exigir que as instituições, se
quiserem sobreviver, se submetam ao poder popular e garantam a livre
manifestação. O protagonismo, agora, é da sociedade. Nós podemos. Nós podemos
força-los a respeitar a vontade popular e a convocar imediatamente eleições que
nos pacifiquem e abram a perspectiva de um novo processo político, democrático,
sem falsos moralismos e sem demagogias corporativas interesseiras.
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