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Reproduz artigo do Eduardo Guimarães no Blog da Cidadania
A aula de democracia
da presidenta-professora Dilma Rousseff
Apesar das negativas dos
golpistas de que estão fazendo o que todos veem, a quantidade de pessoas,
instituições e até de nações que enxergam que está ocorrendo um golpe de Estado
no Brasil desqualifica as tentativas vis, imorais, inaceitáveis de tratar esses
questionamentos com desdém.
As multidões que tomaram as ruas e a internet para protestar
contra a derrubada da presidente chegam a dezenas de milhares, as figuras
públicas que manifestaram repúdio ao processo farsesco mal chamado de
“impeachment” são prêmios Nobel, intelectuais, artistas, chefes de governo,
líderes religiosos e tantos e tão importantes cidadãos “comuns”, os órgãos de
imprensa que opinam que esse processo é viciado são veículos como o francês Le
Monde, o inglês The Guardian, o norte-americano The New York Times, o alemão
Deutche Welle…
Não dá, portanto, para tratar a oposição ao impeachment como os
golpistas e fascistas tratam, como se fosse uma invenção maluca de um pequeno
contingente de ignorantes.
Dito isso, vale atentar para as palavras iniciais de Dilma em seu
julgamento no Senado. Ela disse que entre seus defeitos não está a
deslealdade e a covardia. Que não trai os compromissos que assume, os
princípios que defende ou os que lutam ao seu lado. E que na luta contra a
ditadura recebeu no seu corpo as marcas da tortura, que amargou por anos o
sofrimento da prisão e que viu companheiros e companheiras sendo violentados, e
até assassinados.
Dilma lembrou que à época da ditadura era muito jovem e que tinha
muito a esperar da vida. Por isso, tinha medo da morte, das sequelas da tortura
no seu corpo e na sua alma, mas não cedeu. Resistiu. Resistiu à tempestade de
terror que começava a engoli-la, na escuridão dos tempos amargos em que o país
vivia. Dilma lembra que não mudou de lado apesar de receber o peso da injustiça
nos seus ombros, e que continuou lutando pela democracia.
Diante de tanta injustiça, a presidente desabafou:
“Não esperem de mim o silêncio dos covardes. No passado, com as
armas, e hoje com a retórica jurídica, pretendem acabar com o estado de direito
(…). Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, luto pela
democracia, pela verdade e a justiça”.
Apesar de um discurso tão forte e edificante, Dilma não lida com
pessoas que se deixarão convencer pela verdade e pela justiça; seus julgadores,
em maioria, são movidos pela ambição, por interesses menores e se valem do
logro, do cinismo, da fraude, da farsa para alcançar seus objetivos
inconfessáveis, de forma que se fingem de tolos para encenarem esse espetáculo
farsesco.
Foi o caso da senadora pelo partido da ditadura militar Ana
Amélia, do PP (Arena) do Rio Grande do Sul, que ousou esgrimir com o argumento
torpe de que simplesmente por Dilma estar se submetendo ao julgamento do Senado
ela estaria convalidando o processo contra si.
Dilma teve que explicar mais de
uma vez que a atual composição do Senado Federal só deixará de ser respeitável
se consumar o golpe contra si e, como a Casa ainda não o fez, continua
merecendo seu respeito e o de todos, pois ainda tem chance de não cometer o
crime de lesa-pátria que será cassar o seu mandato.
A situação será outra, segundo Dilma, se o Senado aprovar o golpe.
Desde o seu discurso inicial, passando pelas respostas a cada
senador que a inqueriu, Dilma foi didática. Ela teve que desenhar para uma
senadora de um partido golpista pela própria natureza como é que pessoas como
essa atacam a democracia.
Dilma deu uma aula de democracia àquela horda de bárbaros que não
tem noção do que faz – ou têm noção, mas pouco se importa com o futuro do país
contanto que receba cargos e proventos oriundos da derrubada de um governo
legítimo e amparado por 54 milhões de votos.
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