Carina e o tamanho do Golpe na Educação
Quem não gosta de democracia age no escuro
Às amigas e aos amigos do Blog Conversa Afiadahttp://www.conversaafiada.com.br/, primeiramente Fora Temer. Em segundo lugar, um caloroso abraço. Sou
Carina Vitral, presidenta da UNE e ocuparei esse espaço nos próximos meses para
debatermos a democracia no nosso país e os desafios que se colocam nesse
delicado momento da nossa história. Estou feliz em juntar forças com o nosso
PHA e com o time dos blogueiros "sujos" que, nos últimos anos e
principalmente agora, fazem a verdadeira resistência contra o golpe e a mídia
hegemônica.
A blindagem da chamada grande
imprensa aos retrocessos do governo interino de Michel Temer está eclipsando
mudanças sérias e graves operadas nos gabinetes de Brasília. A nós, da União
Nacional dos Estudantes, preocupam muito aquelas ligadas à área da Educação. O
golpe sobre o ensino do país já prepara um cadáver de peso: o Plano Nacional de
Educação (PNE), aprovado em 2014 e que está sendo enterrado pela equipe dos
homens brancos do não presidente.
É o mesmo que tentam fazer, utilizando o Congresso, ao reduzir os
investimentos nesse setor com a retirada de recursos dos royalties do petróleo
e do pré-sal para o ensino público do país. Outra ofensiva foi a chamada PEC
dos gastos públicos, protocolada por Temer no Congresso e que poderá ter forte
impacto sobre os gastos orçamentários do estado para a área educacional. A
tentativa de desmanche é rápida, radical e arbitrária, pois os golpistas sabem
que são medidas que não seriam aprovadas pelas urnas e a opinião pública. Entre
elas está a quebra do Conselho Nacional de Educação, que tem a participação da
sociedade civil para o acompanhamento das políticas desse setor. Quem não gosta
de democracia não gosta de participação popular, prefere agir no escuro.
É muito significativo que, além de tudo, esse governo flerte com ideias
tão absurdas como a do movimento chamado “Escola Sem Partido”, uma gelatina
fascista de propostas de censura e silenciamento da diversidade na produção do
conhecimento. Para Temer e seu ministro Mendonça Filho, discutir o preconceito
contra as mulheres, o racismo, a LGBTfobia, a diversidade e tolerância
religiosa, ideológica, não são prioridades da escola. É uma concepção não
somente autoritária, mas burra mesmo, distante das teorias mais avançadas sobre
educação no mundo. Temos uma gestão interina que, em poucos meses, traz o
vergonhoso saldo de receber o ator Alexandre Frota para debater educação e
alterar maliciosamente a página de Paulo Freire na Wikipedia.
Enquanto isso, quem se satisfaz nesse cenário são os gananciosos
megaempresários do ensino privado, próximos e consorciados a esse governo,
aproveitando a instabilidade para ampliar a exploração das altas mensalidades e
da educação de péssima qualidade de forma indiscriminada. A recente fusão dos
grupos Kroton e Estácio, criando uma nova gigante de R$5,5 bilhões no mercado
educacional, demonstra que a perspectiva é de lucrar de forma diretamente
proporcional ao sucesso do golpe. São os que querem a educação como mercadoria
e não como direito. Declarações do ministro sobre a possibilidade de cobrança
de mensalidade em universidades públicas mostram cristalinamente de qual lado
desse jogo ele está.
Enganam-se, no entanto, se acham que avançarão sem resistência. As
recentes conquistas da educação, o PROUNI, as cotas, a expansão de vagas nas
federais, fazem parte do legado da nossa geração do movimento estudantil. E se
há algo que a juventude brasileira vai fazer é defender o seu legado. Já
fizemos isso em diversos outros momentos da história e faremos em quantos forem
precisos. Já lutamos na democracia e fora dela, já fizemos isso sob
perseguição, na clandestinidade, já fomos presos, torturados, assassinados e
nunca desistimos.
Entre os dias 15 e 17 de julho, milhares de líderes estudantis
brasileiros estarão juntos em São Paulo no Conselho Nacional de Entidades
Gerais da UNE (CONEG). É hora de preparar a nossa contra-ofensiva. Golpistas,
se preparem. Não tem arrego.
Abraços e nos vemos na luta!
Carina
Vitral
Presidenta
da UNE – União Nacional dos Estudantes
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