"Ela tem feito reuniões semanais com
políticos"
A deputada Jandira
Feghali (PCdoB), líder da minoria na Câmara esteve ontem, 14, com a presidente
afastada, Dilma Rousseff (PT), e disse que ela está "animada com a
perspectiva de votação [do impeachment] no Senado."
"Ela tem
feito reuniões semanais com o conselho político. Eu estou achando Dilma muito
bem. É impressionante a capacidade de resistência que ela tem. Ela foi forjada
na dificuldade, né? Ela está animada, está indo bem com a rua, os movimentos, o
Senado. Eu saí de lá animada. (...) Ela nos consultou sobre o manifesto que vai
soltar. A visão dela é muito positiva do processo. E ela está muito bem, firme
e tranquila. Está construindo uma agenda com o Senado."
Segunda Jandira,
Dilma calcula reverter o placar no plenário, onde precisa de mais seis votos,
além dos 22 que já possui, para derrubar o pedido de impeachment. A votação na
comissão especial, liderada por Antonio Anastasia (PSDB), já é contabilizada
como uma derrota para os aliados da petista.
Jandira também
avaliou que a eleição de Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara expôs
a divisão da base parlamentar do interino Michel Temer (PMDB) e,
ocasionalmente, favorecerá a atual oposição.
"A eleição
expressa a falta de unidade da base do governo. A paz não vai reinar. Aumentou
a fragmentação e a disputa na base do governo, o que, nesse aspecto, é bom para
nós. Isso mostra que a gente pode, em alguns momentos, ganhar posições e
afrontar decisões que prejudicam o País", explicou.
Para Jandira, alas
do PT, PCdoB e PDT, entre outros partidos, empurraram a candidatura de Marcelo
Castro (PMDB), mesmo sob uma chuva de críticas à esquerda, para evitar que
Eduardo Cunha (PMDB) emplacasse um aliado no comando da Câmara.
A estratégia não
deu certo, mas, para a deputada, a eleição nao foi de todo ruim. "O ruim
não é enfraquecer Cunha e o centrão. O ruim é fortalecer o PSDB e o DEM [que
patrocinaram a eleição de Maia]. Mas essa é a cara da maioria da Câmara hoje.
Não vejo como poderia ser diferente. Mesmo que unisse a esquerda inteira, não
teria chances de vitória."
Cassação
de Cunha
Jandira Feghali
disse que o esperado é que os trabalhos da Câmara sejam
"desacelerados" no segundo semestre, em função das Olimpíadas e,
principalmente, das eleições. Os "recessos brancos" - semanas em que a
Casa fica mais vazia porque os deputados estão em suas bases eleitorais - podem
favorecer o ex-presidente Eduardo Cunha.
Eleito novo
comandante da Casa, Rodrigo Maia (DEM) fez um aceno a Cunha: disse que não vai
marcar a data da sessão que deve cassar o mandato do parlamentar, e que
pretende convocar a votação apenas quando a Câmara tiver quorum de cerca de 500
deputados. Isso, segundo ele, para dar "legitimidade" ao processo.
Cunha trabalha
justamente com a intenção de esvaziar as sessões da Câmara, na tentativa de
negociar sua salvação. O deputado é réu em duas ações na Lava Jato e precisa
manter o foro privilegiado para ser julgado na segunda turma do Supremo
Tribunal Federal.
Para Jandira,
contudo, será muito difícil Maia empurrar a cassação de Cunha para depois da
eleição. Ela disse que quando a Casa retornar do recesso que começa esta
semana, essa demanda será cobrada. "Vamos pedir que ele coloque [a
cassação] para votar no início de agosto."
Eleição da
Câmara
Jandira convocou a
imprensa, na tarde desta quinta (14), para explicar fazer um balanço dos trabalhos
da minoria na Câmara e falar sobre seu posicionamento diante da eleição de
Rodrigo Maia.
Ela afirmou ter
anulado o voto quando a disputa caminhou para o segundo turno entre Maia e
Rogério Rosso (PSD), candidato favorito de Cunha e representante do
"centrão".
A deputada foi
questionada sobre o fato de Maia ter dito que sua candidatura nasceu de uma
reunião entre Orlando Silva (PCdoB) e Carlos Sampaio (PSDB), há cerca de 40
dias. O PCdoB ter lançado Orlando à presidência da Câmara, de última hora, também
levantou dúvidas sobre uma manobra para dividir ainda mais a esquerda.
"Essa
negociação direta de Orlando com Rodrigo foi uma surpresa. O partido não deu
anuência, acho que isso partiu dele sozinho", comentou Jandira. Ela também
negou que o partido tenha fechado acordo com Maia para frear a já arquivada CPI
da UNE.
Contra Temer
Jandira Feghali
listou uma série de projetos "gravíssimos" que serão ou já foram
apresentados pelo governo do interino Michel Temer. O principal, segundo ela, é
a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto dos gastos públicos, que
abrirá portas para a privatização de estatais e serviços públicos.
Segundo ela,
Rodrigo Maia é muito mais alinhado com Temer "do ponto de vista
ideológico" do que qualquer outro candidato, e certamente colocará em
votação os projetos de interesse do interino.
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