Um bandido acusado de
tudo inicia o processo de impeachment
Um bandido acusado de tudo inicia o
processo de impeachment contra uma governante que não foi acusada de nada. (E,
não, neodireita, ela não foi. "Vai dizer que ela não sabia?" não é
acusação, é suposição.)
Aliás, é fascinante perceber como os
mesmos canalhas que não levantaram um dedo de protesto contra o governador que
espanca estudantes imediatamente celebram o país ser entregue às chantagens de
um sujeito que decidiu abrir o processo no mesmo dia em que o partido da
presidente anunciou que votaria contra ele no conselho de ética.
Mais fascinante do que isso, só mesmo
a trajetória da oposição: elegeu Cunha para a presidência da Câmara, seguiu
oferecendo-lhe apoio até a situação ficar constrangedora, passou a fingir que
sempre o combateu e então comemorou o impeachment iniciado por alguém sem o
mínimo de condições morais para fazê-lo.
Olha... é MUITO BOM estar do lado
oposto ao dessa gente.
E é infinitamente melhor e mais digno
estar do lado certo de uma batalha perdida (e é só uma batalha) do que do lado
errado de uma vencedora.
No mais, Dilma e seu governo ajudaram
MUITO a oposição: em vez de abraçarem a esquerda responsável por elegê-los,
afastaram-se desta para abraçar um modelo neoliberal em nome de uma
"governabilidade" que, na prática, encerrou o próprio governo.
Como alguém de esquerda, há muito não
me vejo representado pelo governo Dilma - como já escrevi aqui várias vezes. No
entanto, aceitar golpismo fruto de chantagem de marginal e apoiado por uma
oposição imunda protegida pela mídia... jamais.
Mas não esquentem a cabeça com as
provocações que dominarão o Facebook nos próximos dias ou semanas: ser
insultado pela neodireita brasileira é um elogio, lembrem-se sempre.
E quem sabe - vejam como sou ingênuo - esta não acaba sendo uma oportunidade
para que a esquerda finalmente volte a ser ouvida pelo governo Dilma?
Ah, me deixem com meus sonhos, tá?
Pablo
Villaça –
é um crítico cinematográfico brasileiro.
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