domingo, 20 de dezembro de 2015

O povo nas RUAS toma a palavra ! ! !

O escamoteado caráter de luta de classe do conflito politico volta à tona

                                                                                                                                                                    Crédito da foto: Paulo Pinto/Agência PT
Protesto
O povo nas ruas DEFENDE PRESIDENTA,
mas não aceita toda e qualquer ameaça às conquistas sociais já obtidas

A ambição pelo impedimento da Presidenta Dilma é mais do que reverter o resultado das eleições de 2014 jogando ao LIXO, com a ordem constitucional irremediavelmente corrompida, a soberania do voto, na qual se assenta a legitimidade da democracia representativa.

O argumento forjado em torno das tais ‘pedaladas’ – e outras chicanas – é simples pretexto para justificar uma petição inepta, firmada por um ANÇIÃO digno, mas manipulado, UM advogado cuja importância está no sobrenome herdado, e UMA ‘jurista’ sem nome e sem obra, açulados os três pelos holofotes do momento, e lamentavelmente servindo, CONSCIENTEMENTE, de biombo a uma alcateia faminta de poder.

E aí que está o cerne da questão. O mérito deste pedido, mesmo que para seus subscritores, torna-se, no contexto, irrelevante, pois o que importa é seu papel como DETONADOR necessário da abertura do processo de impeachment, acuando a presidenta. Com isso, paralisa o governo e a vida econômica do País e pondo em xeque a desarticulada e infiel (e cara) BASE governista.

Mas o mesmo movimento que acuou o governo e a presidenta, liberou as grandes massas retornarem às ruas em todo o País em defesa de seu mandato. O pronunciamento das ruas chamado pela Frente Brasil Popular, porém, deve ser lido em todos os significados. Ele também grita um rotundo "NÃO" a toda e qualquer ameaça às conquistas sociais, e ainda serve de aviso sobre a disposição de resistir à eventualidade do GOLPE, bem como suas consequências.

A crise, entre outros méritos, tem o de expor à luz do sol o sempre escamoteado caráter de luta de classe do conflito politico. Não é por acaso que o impeachment seja reclamado por instituições como a Fiesp, e que a defesa do mandato de Dilma Rousseff seja a palavra de ordem dos trabalhadores, liderados pelas centrais sindicais e pelo MST. 

A direita de hoje (é do seu DNA a incapacidade de renovar-se, pelo menos no Brasil) é a mesma que nos anos 50 não aceitava a hegemonia do TRABALHISMO, e que nos anos 60 rejeitava tanto a emergência das massas quanto a promessa de reformas.

Esses fantasmas, com o LULISMO e DILMISMO, voltaram a assustar OS fascistas da Avenida Paulista. Daí a crise, daí a conspiração golpista, à plena luz do dia, da qual hoje participa, ostensivamente, o vice-presidente da República, seu primeiro beneficiário.

O que está em questão, hoje, para além das aparências, não é a maior ou menor popularidade do governo, nem seu desempenho, nem a corrupção endêmica (registre-se, entre outras, a condenação a 20 anos e 10 meses do ex-governador, ex-deputado federal, ex-senador e ex-presidente do PSDB, o mineiro Eduardo Azeredo)
nem a distonia entre o discurso da candidata e a política econômica adotada pela presidente. Tudo que se alega não passa de meros pretextos.

O que seria a sociedade pós-Dilma está anunciado com todas as letras nas palavras de ordem das passeatas de Copacabana e da Avenida Paulista.

A preservação do mandato da presidente é o dique que vem contendo, no plano institucional, a onda reacionária. Rompida essa barreira, será impossível segurar o tsunami conservador que tudo varrerá: direitos dos trabalhadores, conquistas sociais, soberania nacional, desenvolvimento, distribuição de renda, combate às desigualdades sociais e regionais. Exatamente por isso, impedir o golpe é a prioridade tática.

O DESAFIO É GRANDE.

A ofensiva reacionária opera em todas as frentes, seja na ideológica, na institucional, onde, ainda hoje – e até quando? – atua, comandando a Câmara dos Deputados como senhor de baraço e cutelo, um político com o prontuário do AINDA DEPUTADO Eduardo Cunha. Mas não é, ele, o personagem único dessa trama sem mocinho.

Até há pouco agindo apenas à socapa, conduzindo os cordéis dos mamelucos a partir dos camarins, hoje se destaca no proscênio desse circo de horrores uma figura lamentával de político pequeno que é o vice-presidente da nossa República.  

Fazem-lhe coro envergonhado, companhias covardes de lideranças do PSDB que, ao tempo de Mario Covas e Franco Montoro, se APRESENTOU como alternativa socialdemocrata.

Ora, pedir essa reforma em ambiente hegemonizado por partidos como o PMDB e o PSDB, ou líderes partidários como Michel Temer e Aécio Neves (para ficarmos nos presidentes), é CLAMAR NO VAZIO, discursar para as pedras do deserto.


Contribuiu inexoravelmente para a edição deste artigo, o professor adjunto (licenciado) da PUC do Rio de Janeiro e professor titular da Faculdade Hélio Alonso, Roberto Amaral.

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