O escamoteado caráter de luta de classe do conflito
politico volta à tona
Crédito da foto: Paulo Pinto/Agência PT
O povo nas ruas DEFENDE PRESIDENTA,
mas não aceita toda e qualquer ameaça às conquistas sociais já obtidas
A ambição pelo impedimento
da Presidenta Dilma é mais do que reverter o resultado das eleições de 2014 jogando
ao LIXO, com a ordem constitucional irremediavelmente corrompida, a soberania
do voto, na qual se assenta a legitimidade da democracia representativa.
O argumento forjado em torno das tais ‘pedaladas’
– e outras chicanas – é simples pretexto para justificar uma petição inepta,
firmada por um ANÇIÃO digno, mas manipulado, UM advogado cuja importância está
no sobrenome herdado, e UMA ‘jurista’ sem nome e sem obra, açulados os três
pelos holofotes do momento, e lamentavelmente servindo, CONSCIENTEMENTE, de
biombo a uma alcateia faminta de poder.
E aí que está o cerne da
questão. O mérito deste pedido, mesmo que para seus subscritores, torna-se, no
contexto, irrelevante, pois o que importa é seu papel como DETONADOR necessário
da abertura do processo de impeachment, acuando a presidenta. Com isso,
paralisa o governo e a vida econômica do País e pondo em xeque a desarticulada
e infiel (e cara) BASE governista.
Mas
o mesmo movimento que acuou o governo e a presidenta, liberou as grandes massas
retornarem às ruas em todo o País
em defesa de seu mandato. O pronunciamento das ruas chamado pela Frente Brasil
Popular, porém, deve ser lido em todos os significados. Ele também grita um
rotundo "NÃO" a toda e qualquer ameaça às conquistas sociais, e ainda
serve de aviso sobre a disposição de resistir à eventualidade do GOLPE, bem
como suas consequências.
A crise, entre outros
méritos, tem o de expor à luz do sol o sempre escamoteado caráter de luta de
classe do conflito politico. Não é por acaso que o impeachment seja reclamado
por instituições como a Fiesp, e que a defesa do mandato de Dilma Rousseff seja
a palavra de ordem dos trabalhadores, liderados pelas centrais sindicais e pelo
MST.
A direita de hoje (é do
seu DNA a incapacidade de renovar-se, pelo menos no Brasil) é a mesma que nos
anos 50 não aceitava a hegemonia do TRABALHISMO, e que nos anos 60 rejeitava
tanto a emergência das massas quanto a promessa de reformas.
Esses fantasmas, com o
LULISMO e DILMISMO, voltaram a assustar OS fascistas da Avenida
Paulista. Daí a crise, daí a conspiração golpista, à plena luz do dia, da
qual hoje participa, ostensivamente, o vice-presidente da República, seu
primeiro beneficiário.
O que está em questão,
hoje, para além das aparências, não é a maior ou menor popularidade do governo,
nem seu desempenho, nem a corrupção endêmica (registre-se, entre outras, a
condenação a 20 anos e 10 meses do ex-governador, ex-deputado federal, ex-senador
e ex-presidente do PSDB, o mineiro Eduardo Azeredo)
nem a distonia entre o
discurso da candidata e a política econômica adotada pela presidente. Tudo que
se alega não passa de meros pretextos.
O que seria a sociedade
pós-Dilma está anunciado com todas as letras nas palavras de ordem das
passeatas de Copacabana e da Avenida Paulista.
A preservação do mandato
da presidente é o dique que vem contendo, no plano institucional, a onda
reacionária. Rompida essa barreira, será impossível segurar o tsunami
conservador que tudo varrerá: direitos dos trabalhadores, conquistas sociais, soberania
nacional, desenvolvimento, distribuição de renda, combate às desigualdades
sociais e regionais. Exatamente por isso, impedir o golpe é a prioridade
tática.
O DESAFIO É GRANDE.
A ofensiva reacionária
opera em todas as frentes, seja na ideológica, na institucional, onde, ainda
hoje – e até quando? – atua, comandando a Câmara dos Deputados como senhor de
baraço e cutelo, um político com o prontuário do AINDA DEPUTADO Eduardo Cunha. Mas
não é, ele, o personagem único dessa trama sem mocinho.
Até há pouco agindo apenas
à socapa, conduzindo os cordéis dos mamelucos a partir dos camarins, hoje se
destaca no proscênio desse circo de horrores uma figura lamentával de político
pequeno que é o vice-presidente da nossa República.
Fazem-lhe coro
envergonhado, companhias covardes de lideranças do PSDB que, ao tempo de Mario Covas e Franco
Montoro, se APRESENTOU como alternativa socialdemocrata.
Ora, pedir essa reforma em
ambiente hegemonizado por partidos como o PMDB e o PSDB, ou líderes partidários
como Michel Temer e Aécio Neves (para ficarmos nos presidentes), é CLAMAR NO
VAZIO, discursar para as pedras do deserto.
Contribuiu inexoravelmente para a edição deste artigo, o professor
adjunto (licenciado) da PUC do Rio de Janeiro e professor titular da Faculdade
Hélio Alonso, Roberto Amaral.
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