quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Grosserias nada cheirosas

Lí, gostei e passo para você lê http://www.tijolaco.com/

Hoje, li ou ouvi o que dizem três jornalistas da Folha sobre a doença, o tratamento e a repercussão política da situação de Lula.

Madame Eliane Cantanhede, com a falta de modos que lhe é peculiar, escreve sobre a volta de quem chama de “a fera” à política. Algumas frases, recolhidas com luva plástica, claro:

“Tudo bem largar de vez a maldita cigarrilha, parar de tomar seus goles, controlar a gula e resistir às comidas pesadas de que tanto gosta.”
“Lula se deleitava com o poder, os holofotes e as mordomias, mas adorou se livrar da administração, da papelada que nunca lia, das solenidades entediantes, da legião de puxa-sacos e até do terno que foi obrigado a aturar em oito anos de mandato”.
“Quem visita o ex-presidente diz que ele parece pinto no lixo moldando a candidatura Haddad, botando o PT paulista no bolso, divertindo-se com a agonia do PSDB (quem tem quatro candidatos não tem nenhum, só um medo danado de perder para o adversário inventado por Lula)”.
“Quimioterapia é dureza. O cabelo cai, a barba se vai, o estômago embrulha, o cansaço pesa. Mas nem isso vai afastar “a fera” da política. E os médicos vão até gostar. Tanto quanto a químio, a política é tiro e queda para Lula derrotar o câncer”.

Que texto “cheiroso”, não é? Que delicadeza, que sensibilidade humana…

A segunda foi a D. Monica Bergamo, em sua coluna, vivamente interessada em quem está pagando o tratamento de Lula. Ora, isso é um problema particular dele, não interessa a mais ninguém. Se o jornal soubesse de alguma “maracutaia” nisso, vá lá. E olha lá se os médicos vão querer cobrar, hein, porque a mídia e o destaque que obtêm – alguns até falando demais – lhe garantem destaque e notoriedade.

Mas nem tudo está perdido. Ouvi, cedo, o comentário de Kennedy Alencar – uma pessoa que tem educação e respeito humano, na CBN.

“Essa agenda do Lula, cheia de palestras, que ele está cobrando, é uma forma que ele encontrou, fora do Governo, para construir um patrimônio, para deixar para a mulher, os filhos e os netos. O Lula não é um político rico. Em 40 anos de política, ele não ficou rico, ao contrário de muitos políticos”.

Existe, como se vê, gente capaz de ser crítica e fazer análise política sem deixar de ser um ser humano equilibrado e respeitoso. Isso não deveria merecer elogios, é o que se espera de qualquer um. Mas é tão raro encontrar que a gente tem de registrar, não é?


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