quinta-feira, 3 de novembro de 2011

150 anos é pouco



Um livro lançado esta semana nos Estados Unidos está dando o que falar. Foi escrito  pela viúva de Mark Madoff, Stephanie,  onde ela conta com detalhes os bastidores de uma família que parecia perfeita, mas cujo chefe, Bernard Madoff, o homem da piâmide,  cometeu o maior crime financeiro na história do país.

Stephanie, não esconde seu ódio contra o sogro,  que ela responsabiliza pelo suicídio do marido Mark.  Segundo ela, Mark,  assim como o resto da família,  não sabia do negócio sujo do pai, que lesou milhares, talvez milhões,  de investidores e deixou um rombo de 50 bilhões no mercado. Para ela, Bernie, hoje com 73 anos, merecia muito mais do que a pena de 150 anos que pegou.

Mas o livro foi apenas a ponta de um novelo familiar que acabou sendo desenrolado pela mídia. Além da autora Stephanie,  que deu entrevista em todos os canais de TV,  botando pra fora os podres da família, entre eles que a sogra era extremamente fútil e que só sabia conversar sobre “lixo” com as pessoas, referindo-se à sua obssessão pelo supérfluo,  o casal Madoff também resolveu colocar pra fora suas próprias fraquezas. Talvez um mea culpa,  embora tarde demais.

Entrevistado por Barbara Walters,  da Rede ABC, dentro da prisão onde cumpre a pena em North Carolina, o velho Madoff  diz estar aliviado por estar preso. Confessou que por vinte anos viveu com medo,  sabendo que seu dinheiro era sujo, baseado em sucessivos golpes que dava em seus clientes.

Contou ainda que dentro da cadeia é respeitado, principalmente pelos mais novos, pois eles o admiram pelo novo homem que é , pois hoje está fora do mercado que fez dele um monstro ganancioso que só fez prejudicar pessoas inocentes que acreditaram em seu negócio desonesto. É  fácil dizer isso agora,  depois de causar o suicídio do filho e a desgraça total da mulher, Ruth Madoff, hoje com 69 anos.

Esta, outrora tão elegante e metida a chic , segundo sua nora, usando só roupas de grife caríssimas, navegando em luxuosos iates, morando em sofisticadas mansões e consumindo as mais finas bebidas e comidas,  vive hoje praticamente à mingua.

Foi obrigada a trocar sua vida bilionária de Nova York por um modesto flat na Flórida, onde sobrevive com a ajuda  de parentes. Trabalha como voluntária distribuindo comida para os sem teto, em seu carro velho de 14 anos, com vários pontos de ferrugem.

Ela revelou ao 60 Minutes, da CBS, que, na véspera do Natal de 2008, época em que o escândalo explodiu, ela e o marido fizeram um pacto de morte. Deixaram um bilhete de despedida para os filhos e tomaram grande quantidade de soníferos, mas não deu resultado. Acordaram no dia seguinte inteirinhos, e ela confessa que ficou feliz, porque a idéia da morte surgiu em um momento de desespero.

Por ironia do destino, os dois não conseguiram dar cabo da vida deles e quem acabou se matando de tanta vergonha por tudo o que o pai fez, foi o filho Mark, deixando a viúva Stephanie e filhos que ainda precisavam muito dele.

Seja como for,  é muito triste acompanhar essa lavagem de roupa suja em público.  Os Madoff viviam nababescamente com o dinheiro dos incautos que confiaram em seu chefe.   Tinham tudo para ser uma família perfeita e agora tentam entender o aconteceu de errado.   A resposta está no livro de Stephanie Madoff:  “150 anos é muito pouco para punir um monstro desse quilate”!


Leila Cordeiro, começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou nas TVs Globo, Manchete, SBT e CBS Telenotícias Brasil como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros de poesias publicados: "Pedaços de mim" e "De mala e vida na mão", ambos pela Editora Record. É repórte free-lancer e sócia de uma produtora de vídeos institucionais junto com seu esposo, Eliakim Araujo, em Pebroke Pines, na Flórida. 

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