Não
tenha medo dos BANDIDOS DA COPA. O povo é MAIOR ! ! !
por Eduardo Guimarães, do BLOG DA CIDADANIA
População tem medo de festejar a Copa
O programa Contraponto de
junho, ontem dia 2, entrevistou o secretário-executivo do Ministério do
Esporte, Luis Fernandes, o segundo na hierarquia da pasta. O tema da entrevista
foi a Copa do Mundo de 2014 e as controvérsias e até a comoção social que tem
suscitado. Essa entrevista permite uma conclusão surpreendente, porém óbvia.
Antes de prosseguir, vale
explicar, para quem não sabe, que esse programa é uma iniciativa do Centro de
Estudos da Mídia Barão de Itararé e do sindicato dos Bancários de São Paulo e
vai ao ar mensalmente. Este blogueiro integra sua produção e participou, como
entrevistador, de todas as suas edições, com exceção da edição de abril, que
versou sobre o Dia da Mulher. O Contraponto já entrevistou personalidades como
o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o jurista Dalmo de Abreu Dallari e o
pré-candidato ao governo de São Paulo Alexandre Padilha. É transmitido
mensalmente pela Rede Brasil atual, via streaming.
Abaixo, o banner do último
programa
A entrevista começou pelo
custo do evento, se foi usado dinheiro público destinado a saúde e educação e quanto desse tipo de
recurso foi gasto. Abordou, também, a suposta ociosidade que dizem que se abaterá
sobre os estádios após a competição. Também foi discutida a questão das remoções de moradores e, por fim, a visível apatia dos brasileiros com a
Copa.
Deixemos a questão
principal – a que intitula o texto – para o fim. Tratemos, primeiro, do “Gasto
de dinheiro público que deveria ter sido usado em Saúde e Educação”. Quanto do
orçamento da Copa é composto de dinheiro público?
Em primeiro lugar, há que
distinguir o que são gastos com a Copa e gastos em obras que serão usadas no cotidiano dos brasileiros e que teriam sido construídas com ou sem a realização do evento, tais como aeroportos, portos, estradas,
pontes, viadutos, metrô etc.
Comecemos pelos
aeroportos. Quem se lembra do “caos aéreo”? Até a eleição de 2010, o assunto
não saía da mídia, que bradava pela insuficiência de nossos aeroportos…
Este que escreve tem
conversado com pessoas de diferentes posições políticas que já usaram os novos
terminais e aeroportos que vêm sendo inaugurados e as críticas são quase nulas, enquanto elogios abundam. Mesmo a mídia quase não tem
batido nos aeroportos
Ora, o país precisava,
sim, de aeroportos e a Copa praticamente os dará ao país de graça, porque o faturamento do evento, estimado por estudos
encomendados pelo governo a consultoria feita em parceria entre a Fundação
Getúlio Vargas e a Ernest & Young, chega 142 bilhões de reais
Essa dinheirama pagará
pelos estádios. E não só. Pagará por todas as obras de mobilidade urbana que
estão sendo inauguradas.
Abaixo, um vídeo que todos
os que negam a quantidade de obras entregues precisam assistir. Em 5 minutos, você descobrirá o que a mídia esconde sobre onde foram
empregados os recursos e sobre quantas obras de porte o Brasil edificou nos
últimos sete anos.
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aPKTTpuJ6lA
Como se vê, essa situação
caótica que a mídia pinta é menos, bem menos…
Mas quanto custou tudo
isso? Entre obras de mobilidade urbana e estádios, aproximadamente 35 bilhões
de reais. Porém, desse total 26 bilhões foram gastos com obras de mobilidade
urbana, 8 bilhões com estádios e cerca de 600 milhões com equipamentos
complementares, como portais detectores de metal etc., que só serão usados na
Copa.
É justo dizer que os cerca
de 35 bilhões de reais foram todos investidos exclusivamente
por causa da Copa? Não é justo, não é correto, não é verdade. Dos 35 bilhões,
só 8 bilhões foram gastos exclusivamente com a
Copa, para construir estádios. O resto se refere a obras que as regiões em que
foram executadas necessitavam.
Foi atendida a reclamação
contra o “caos aéreo”, por exemplo.
Mas foram gastos 8 bilhões
de reais de dinheiro público em Estádios? Não, não foram. Primeiro porque, dos
12 estádios construídos para a Copa, 9 são públicos e 3 são privados. E, dos 8 Bilhões, cerca de 4 foram financiados pelo
BNDES, que cobrará os empréstimos com juros e correção,
devolvendo aos seus cofres, com lucro, o que foi investido pelo banco estatal
de fomento.
Dizer que o dinheiro do
BNDES tem que ser usado em Saúde e Educação, é mentira. Nunca houve financiamento desse banco
de fomento a essas rubricas da administração pública. O BNDES financia desde a Globo até o açougue da esquina. Financia
indústrias, financia shoppings…
Mas restam os outros 4
bilhões do custo dos estádios. Esses saíram dos Estados e de grupos privados.
Pode-se dizer que é dinheiro público, sim. E que os empréstimos do BNDES dos
outros 4 bilhões aos Estados terão que ser pagos com dinheiro público e – em
parte menor – privado.
Só que quem faz essa conta
parte do princípio de que o Brasil não lucrará nada com a Copa. Todavia,
indústrias produziram equipamentos, máquinas,
material de construção e operários e demais trabalhadores foram contratados.
Tudo isso gerou impostos, gerou empregos, movimentou a economia.
Além disso, há o
faturamento direto da Copa com turismo, com ocupação de hotéis, com lotação de
restaurantes, com impostos, com venda de ingressos.
E impostos e mais impostos. Há, ainda, uma infinidade de outras receitas que
advirão de evento dessa magnitude.
Enfim, os cofres públicos
dos Estados recuperarão com lucro cerca de R$ 6 bilhões de dinheiro público
investido em estádios, frente a um orçamento federal com Saúde e Educação que,
segundo o representante do Ministério do Esporte, alcança mais de R$ 800
bilhões.
E os estádios, ficarão
ociosos após a Copa? O caso mais emblemático é o do estado Mané Garrincha, em
Brasília. Bem, dados do representante do ministério do esporte derrubam essa tese. Esse estádio, antes da reforma, tinha ocupação anual
de 300 mil pessoas e, após a reforma, o número saltou para 800 mil pessoas. E não houve Copa no Brasil nos últimos 12 meses.
Por fim, chegamos à
questão das remoções de famílias das regiões próximas aos estádios que
receberam obras de mobilidade urbana. Há uma forte grita contra essas
“remoções”. Teriam ocorrido despejos “desumanos” de famílias para dar lugar às
obras da Copa.
Em primeiro lugar, o
representante do Ministério do Esporte explicou que as famílias “removidas”
para construção de estádios foram muito poucas e quase todas eram de
classe média. Mas onde foram feitas obras de mobilidade urbana, pessoas
humildes foram “removidas”. Contudo, Fernandes garante que não houve
“desumanidade” e que essas famílias não foram jogadas no meio da rua.
Aliás, ele relatou que
houve até famílias que não precisavam ser “removidas”
para construção das obras de mobilidade e que pediram para ser incluídas na “remoção” porque as áreas para onde os “removidos” foram levados são melhores.
Seja como for, fiquei de
entrar em contato com Fernandes para mais informações. Assim, quem tiver algum
questionamento sobre “remoções desumanas” que, por favor, informe que vou
verificar com o secretário-executivo do Ministério do Esporte.
Por fim, chegamos ao
fulcro do post. Todos têm lido nos jornais, ouvido ou assistido na mídia
eletrônica que esta é primeira Copa do Mundo que o Brasil não pinta suas ruas
de verde e amarelo, que os carros não trafegam com as bandeirinhas do
Brasil ou adesivos. E é verdade.
Aos 55 anos, nunca vi este
país tão desanimado com a Copa. As ruas, os carros, não estão enfeitados
como sempre foi. Por que?
Pesquisa Ibope
recém-divulgada mostra que 51% da população está a favor da realização da maior
competição de futebol do mundo e que 42% estão contra. Ora, se a maioria dos
brasileiros é a favor da Copa, por que toda essa gente não festeja?
A resposta é muito
simples: medo. Este que escreve descobriu isso ao longo de semanas, quando
passou a pesquisar por que pessoas que em Copas anteriores punham bandeirinhas
do Brasil ou fitinhas verde-amarelas nos seus carros ou que enfeitavam suas
casas e ruas com as cores do Brasil, quando a competição é realizada em nosso
país mudam de comportamento.
Você também pode fazer
essa pesquisa. É tão óbvio o que está acontecendo que até o representante do
Ministério do Esporte concordou comigo: a maioria que quer a Copa não está
festejando porque teme
represálias da minoria que não quer. Ou de parte ínfima dessa minoria que não hesitaria em depredar um carro ou uma casa enfeitados com as cores do Brasil.
É duro, mas é verdade.
Imaginem aquele sujeito que vai para a rua quebrar tudo por raiva da Copa
passando por um veículo com uma bandeirinha do Brasil. Se estiver sozinho, pode
riscar ou danificar de alguma forma aquele veículo dissimuladamente. Se
estiver em turba, pode até atacar o mesmíssimo veículo com seu (s)
ocupantes (s) dentro.
O mesmo vale para uma casa
enfeitada para a Copa que esteja no caminho de uma manifestação contra a Copa,
por exemplo. Então escolha você, leitor, que nome se dá a grupos que impõem
suas ideias pela força a quem não concorda. Eu, por exemplo, chamo-os de
grupos de fascistas.
ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha constam no texto, mas os destaques são
deste BLOGUEIRO.
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