Nasceu em São Paulo,
em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista
político e professor da FFLCH-USP. É secretário-executivo do Clacso e
coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela
Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e
Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina
e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na
categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo
quinzenalmente, às quartas.
A imagem do Brasil foi
projetada internacionalmente nas ultimas décadas de três maneiras distintas: o
Brasil da ditadura militar, o Brasil do neoliberalismo e o Brasil do Lula. O da ditadura tinha a cara do
“milagre econômico” e a da repressão. Cada campo político exaltava um lado. No
neoliberalismo, da mesma forma, o Brasil foi retratado de modelo que parecia se
consagrar a fracasso.
O Brasil do Lula foi a imagem mais difundida do país em muito tempo. Depois
de estar apagado na mídia internacional por um bom tempo, de repente, para
surpresa geral, no meio da era neoliberal, o pais mais desigual do mundo passou
a ser a referencia na luta contra a fome e o modelo de sucesso no combate à
desigualdade. É uma imagem que incomoda muito. Antes de tudo, às hostes neoliberais,
cujos princípios são negados abertamente pelo Brasil, que faz residir nessa
negação exatamente o seu sucesso. E incomoda aos setores da ultra-esquerda, que já tinham cantado a “traição” do Lula e do PT, no começo do
governo e tiveram que engolir a seco o sucesso popular interno e internacional
do Brasil.
Desde o ano passado, foi se desatando uma gigantesca campanha internacional contra o Brasil, que busca
desconstruir esse Brasil que incomoda a esses setores. Tratou-se de dizer que,
com as manifestações de junho do ano passado, ruía todo o castelo construído no
Brasil. Não poucos – da direita à ultra-esquerda, aqui e lá fora – se valeram
da palavra “farsa”, como se tudo o que acontece
no Brasil desde 2003 fosse uma montagem, que finalmente se desmontava. Houve
até quem prognosticasse que o país entrava numa “fase de rebeliões”, fazendo
dos seus desejos realidade. Coisas presas na garganta vieram pra fora sem nenhuma
auto-censura, acreditando que a realidade era redutível às suas palavras.
A persa de apoio do governo
incentivou a oposição a acreditar que “o ciclo do PT havia terminado”, levando
forças da própria base de apoio do governo a acreditarem que sua hora havia
chegado. Puseram seus melhores ternos e foram para a janela a ver passar o féretro do governo.
Contam esses com a formidável
maquinaria neoliberal global, que tem no The
Economist, no Financial Times, no The Wall Street Journal, no El Pais, suas vozes cantantes. Junto
com a anunciada – e nunca cumprida – desaceleração da economia chinesa,
agregaram uma suposta recessão dos Brics a uma também imaginária recuperação
dos países do centro do capitalismo. Tudo contra todas as evidencias, que os desmentem em números, todos os meses.
Faz parte dessa contra-ofensiva
da direita a campanha orquestrada contra o Brasil. Para não citar a cascata de
calúnias e mentiras – que incluíam desde o assassinato de crianças em Fortaleza
e uma greve geral de todas as polícias estaduais –, basta recordar que o
Ministério de Relações Exteriores da Alemanha classificou o Brasil como “pais
de alto risco”, categoria usada para países com conflagração armada, com
insegurança total, como Nigéria, Sudão, Ucrânia.
Nada fez com que diminuísse a procura de pacotes para a vinda ao Brasil, nem na Alemanha, nem
na França como atestou o Veríssimo de Paris, depois de
alinhar algumas das barbaridades que falam do Brasil por lá.
É uma ofensiva intencionada, pelo que o Brasil do Lula os incomoda. Aqui dentro, com a Copa
coincidindo com as eleições, a mídia – mais do que nunca assumida direção partidária da oposição – se joga inteiramente nas denuncias
sobre a Copa e no eco desmesurado de qualquer mobilização que, de alguma forma,
possa aparecer ligada à Copa, na expectativa de que possam desgastar a
candidatura da Dilma.
Se valem de manifestações de
distintos setores, algumas delas em que alguns, de forma oportunista, buscam os
holofotes da mídia nacional e internacional, para gerar uma imagem de
descontrole social. Contam com a mídia internacional afoita de
notícias sensacionais e com a operação política global da direita contra o
Brasil.
Não fosse ano eleitoral e a
circunstancia de que a direita deve ter sua quarta derrota consecutiva, a mídia
não estaria tão assanhada assim. Não estaria – até as eleições, claro – dando
cobertura e sobredimensionando qualquer manifestação existente ou por haver.
Afinal, no marco geral de diminuição sistemática das tiragens e da audiência, a
Copa seria um bom tema para diminuir esse ritmo de queda.
Mas, não é a Copa, imbecil!
É a eleição presidencial. É a
perspectiva provável de reeleição da Dilma, ainda mais com a possibilidade de
um retorno do Lula em 2018. Isto é o que produz o desespero da direita nacional e dos seus
aliados internacionais. Não olhem para o dedo que aponta a lua, olhem para a
lua. A questão política central este ano não é a Copa, são as eleições.
ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha constam no texto, mas os destaques são
deste BLOGUEIRO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário