Lava Jato: desmonte para proteção
por Marcelo Auler
O diretor-geral do DPF,
Leandro Daiello,
que ganhou o manto protetor
costurado pela Força Tarefa da Lava Jato,
agora faz o desmonte da mesma
até para evitar punições- Foto: reprodução
Só os mais ingênuos é que estranharam o
anúncio feito pelo Departamento de Polícia Federal (DPF) do desmonte do que
restou da Força tarefa da Lava Jato na Superintendência Regional do DPF no
Paraná (SR/DPF/PR). O desmonte, por um governo golpista repleto de investigados
não só da Lava Jato, mas de outras operações policiais, era mais do que
esperado. Lembremos que todos os que defenderam e lutaram pelo golpe que
derrubou a presidente legitimamente eleita, Dilma Rousseff, entre outras causas
para retirá-la alegavam que ela faria isso. Em 30 de maio de 2016, na postagem Fantástico:
Michel Temer coloca a raposa para cuidar do galinheiro, chegamos a
republicar um trecho do artigo de Miriam Leitão, publicado em 23 de março
daquele ano, com este tipo de acusação, oportunidade que a rebatemos:
Minha colega e ex-chefe, Miriam Leitão, por exemplo, escreveu a
coluna “O homem amigo“, em O Globo, acusando o então novo ministro de “buscar
um pretexto para intervir na equipe da Lava-Jato. Mesmo sem ter tido sequer
cheiro de vazamento, ele continuou. Circulam rumores de que ele tem uma lista
das cabeças que cortará. O “Valor” ontem falou de duas dessas cabeças: Rosalvo
Ferreira, superintendente da Polícia Federal no Paraná, e Igor Romário de
Paula, diretor de combate ao crime organizado no Paraná. Além, claro, do
diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello”.
O que as pessoas não
percebem, mas é comentário solto no DPF em Brasília, é que o desmonte da Força
Tarefa tem outros objetivos além de arrefecer as investigações no momento em
que elas resvalam e tendem a descambar em “não Petistas”, o alvo maior da
chamada República de Curitiba. Em sua coluna neste sábado (07/07) na Folha de S. Paulo, André Singer toca nesse ponto:
"E o que desejam os parlamentares, entre eles o próprio Maia, um
investigado? Que a Lava Jato pare. Desde esse ponto de vista, não poderia ser
mais conveniente a informação, também em todos os jornais, de que a Polícia
Federal encerrou as atividades do grupo dedicado à operação em Curitiba. Convém
lembrar, igualmente, que diversos processos foram tirados do juiz Sergio Moro
nas últimas semanas.
Em outras palavras, pela primeira vez há
sinais de arrefecimento do núcleo paranaense que lidera as investigações desde
2014, o que deve soar como música aos ouvidos dos congressistas”.
Leandro Daiello, o diretor-geral cujo
futuro é desconhecido, ao desmantelar o grupo, na verdade tem um segundo –
principal??? – objetivo: protegê-lo e proteger a si mesmo. Quer dificultar ao
máximo que alguém – a nova Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por
exemplo, que seria adepta de o MPF exercer mais fortemente o controle externo
das atividades policiais – caia na tentação de apurar as muitas
irregularidades cometidas em nome do combate à corrupção.
Tais ilegalidades, na verdade,
aconteceram com o objetivo maior de caça aos petistas, com a tentativa de
acobertamento dos erros e crimes de tucanos, peemedebistas e de políticos de
outros partidos, como o possível presidente interino, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Tanto o desmonte, como a não apuração – para evitar punição e,
quem sabe, questionamentos e anulações em tribunais superiores de muito do que
se fez – já ocorrem há algum tempo. A equipe da Força Tarefa começou a ser
desfeita com a transferência de duas cabeças do grupo dentro da SR/DPF/PR: a delegada
Érika Mialik, que em dezembro foi “promovida” e transferida para Santa
Catarina; e Marcio Adriano Ancelmo, em fevereiro empossado como Corregedor do
DPF do Espírito Santo, apesar das muitas suspeitas de, no mínimo,
irregularidades que cometeu.
A “proteção” vem sendo armada na medida
do possível. Um exemplo é o caso da delegada Daniele Gossenheimer
Rodrigues, chefe do Núcleo de Inteligência Policial (NIP), que respondeu a um
Processo Administrativo Disciplinar (PAD) após uma sindicância refeita confirmar
que ela ordenou a instalação de um grampo no fumódromo da Superintendência, sem
autorização judicial. Queria bisbilhotar quem criticava o trabalho da
Força Tarefa, comandada por seu marido Igor de Paulo Romário, coordenador da
Delegacia Regional do Combate ao Crime Organizado (DRCOR).
SE VOCÊ TEM INTERESSE EM CONTINUAR LENDO, acesse http://marceloauler.com.br/lava-jato-desmonte-para-protecao/
Nenhum comentário:
Postar um comentário