Situação de Maia é igual ou pior que a de Temer
A esta altura, Michel Temer deve estar perplexo com a justiça
poética que está sendo feita tão rapidamente após ele praticar uma traição
miserável contra Dilma Rousseff. Não que ele não saiba que não há honra entre
ladrões; deve estar surpreso com a velocidade com que as coisas estão
acontecendo.
Tenho para mim que os golpistas nunca
entenderam nada. Michel Temer chegou à Presidência todo pimpão, achando que
iria abafar por ter casado com a menina com idade para ser sua neta.
Não tem senso de ridículo, não tem
autocensura, não tem noção, enfim…
Mas o pior de tudo é que subestimou a
enormidade que é presidir uma ditadura sem ter por trás de si um exército muito
fiel e armado até os dentes.
Os golpistas sentiram-se incrivelmente
poderosos. Acharam que por derrubarem o quarto governo popular petista
consecutivo e por se disporem a tirar dos brasileiros tudo que esses governos
deram ao longo de mais de uma década, estariam imunes a
qualquer abuso que praticassem ou que já praticaram.
Eles não entenderam nada. Vivemos na era da
informação e da comunicação. Ditadura sem censura não funciona, tem vida curta.
É por isso que a primeira coisa que faz toda ditadura é acabar com a liberdade
de expressão.
Temer bem que tentou. Ensejou processos,
intimidações de jornalistas etc. Estabeleceu uma relação de cumplicidade com a
República de Curitiba sem se dar conta que ela não pode usar sua moral seletiva
para proteger quem tem foro privilegiado.
E não imaginava que Teori Zavaski
levaria a sério essa coisa de “a lei é para todos”.
O país que Temer pensou estar governando era
um país conformado em impor a lei somente para os quatro pês – preto, pobre, puta e petista. Ocorre que, mesmo que
tentem materializar esse país, há muita gente que discorda… Muita gente!
Temer vai cair? Se depender do Temer de
Temer, vai. Todo traidor será traído, dizem. Essa é uma lógica inquebrantável.
O mundo dos ladrões desonrados é um mundo fétido, gelado, insalubre. O
perigo espreita a cada curva da estrada desse tipo de vida.
Segundo o
jornal Valor Econômico, “O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou a conversar
mais com o mercado financeiro desde o agravamento da crise política, num
movimento visto por analistas, economistas e agentes com quem se reuniu como
uma tentativa de mostrar que, caso o presidente Michel Temer seja afastado,
estaria preparado para assumir a função (…)”
A situação é mais feia do que parece.
Publicamente, Temer e Maia trocam elogios e juram fidelidade, mas os entendimentos
entre o provável novo presidente e o patrocinador do golpe, o “mercado”, têm
que ser feitos. Isso não dá para disfarçar ou postergar. Trocar
o comando de um transatlântico como o Brasil não é tão simples.
O resultado é o espetáculo patético que estamos
assistindo, no qual Temer e Maia fingem que acreditam no que dizem sobre
“lealdade”, a qual não param de jurar devotar um ao outro.
Enquanto um acaba de
cometer uma das maiores deslealdades que este país já viu – trabalhar para
derrubar a companheira de chapa na eleição de 2014 –, o outro
participa de uma explosão de reuniões com agentes econômicos noticiadas
publicamente e realizadas de chofre (de repente) sem maiores explicações.
O senador
tucano da Paraíba Cassio Cunha Lima previu que
Temer cairia em 15 dias. As razões? O presidente não conseguirá tocar as
reformas (anti) trabalhista e da Previdência porque o Congresso terá medo de se
identificar com ele votando consigo matérias que propôs e que são imensamente
impopulares.
Tampouco existe a possibilidade de fazer uma
votação secreta de reformas que extirpam direitos dos trabalhadores (que somos
todos nós). Então, deputados e senadores teriam que votar medidas que
empobrecerão um país inteiro sob as ordens de um presidente comprovadamente
corrupto e absurdamente impopular.
Cada parlamentar que votar as reformas pelas
quais o “mercado” lhe pagou – ou prometeu pagar – para votar, e que fizer isso
sob a batuta de Temer, estará eleitoralmente perdido. Se for medida proposta
por um “novo” governo seria menos ruim – é o que pensam os bandoleiros da
maioria de direita que cometeu crime de lesa-pátria ao
derrubar Dilma sem razões legais.
Eles não entenderam nada. 353 golpistas da
Câmara, mais 61 do Senado nunca entenderam nada. Acham que vão causar o maior e
mais rápido empobrecimento coletivo da história e sairão à francesa disso, e
ainda aplaudidos.
Ou acham que vão curtir seus milhões de
propina paga pelo “mercado” para empobrecerem uma nação e dane-se o resto.
Agora, o plano B é Rodrigo Maia.
É mesmo? Será que vão conseguir ferrar 200
milhões de brasileiros usando um poodle de madame em lugar de um
vampiro?
Vejamos…
Cinco
delatores relataram em abril
elos de Rodrigo Maia com setor de propinas da empreiteira Odebrecht e a Polícia
Federal acusou o
presidente da Câmara em fevereiro de ter recebido 1 milhão de reais de propina
da OAS.
Cinco delatores da Odebrecht revelaram à
Procuradoria-Geral da República uma longa rotina de repasses de dinheiro da
empreiteira ao presidente da Câmara.
Ao requerer abertura de inquérito contra Maia
e seu pai, o procurador da República citou as declarações dos cinco
colaboradores – Benedicto Barbosa da Silva Júnior, João Borba Filho, Cláudio
Melo Filho, Carlos José Fadigas de Souza Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares.
Os delatores apresentaram à Procuradoria um
cronograma constante no sistema ‘Drousys’, instalado no ‘Setor de Propinas’, e
apontaram o nome de João Marcos Cavalcanti de Albuquerque, ‘assessor do
deputado federal Rodrigo Maia, como intermediário das operações’.
Na avaliação de Janot, o presidente da Câmara
teria praticado os crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de
dinheiro.
Além disso, a Polícia Federal concluiu
investigação sobre Rodrigo Maia no âmbito da Operação Lava Jato, e apontou
indícios de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. A investigação da PF
teve origem em mensagens de celular entre Maia e o empreiteiro Léo Pinheiro,
ex-presidente da OAS.
Segundo o inquérito da PF, em troca de
propina de R$ 1 milhão, o parlamentar teria defendido interesses da empreiteira
no Congresso, entre 2013 e 2014, como apresentar uma emenda à uma Medida
Provisória que definia regras para a aviação regional, em benefício da
construtora.
Alguns dirão que a situação de Maia é menos
feia porque (ainda) não existem áudios e vídeos comprovando seus crimes, como
no caso de Temer. Porém, ele chegaria – ou chegará – ao poder em situação
extremamente mais desfavorável que o atual presidente da República.
Temer assumiu em meio a uma festa da direita
brasileira. Mídia, “mercado”, a maioria esmagadora do Legislativo, a Polícia
Federal, o Ministério Público, o Judiciário, todos exultantes com o grande
feito de derrubarem – ou deixarem derrubar – Dilma Rousseff por meios
fraudulentos.
Na verdade, derrubar Dilma por esses meios parecia
agradar especialmente os golpistas unidos, como se dissessem: “Tivemos poder para
derrubá-la sem razão nenhuma. Somos superpoderosos”.
Com o tempo, o golpismo foi se dividindo na
medida em que o povo começou a acordar e percebeu que era balela aquela
história de “vamos tirar Dilma e tudo se resolverá por mágica”.
Maia assumiria em uma situação dificílima
porque já chegaria como alvo de suspeitas de corrupção. E ao não resolver a
situação rapidamente assumirá o ônus do empobrecimento rápido que os brasileiros
estão experimentando conforme a crise política que os golpistas causaram não se
desfaz.
Os golpistas e os fascistas que ainda os
apoiam acham mesmo que os brasileiros vão se conformar em empobrecer e perder
direitos após mais de uma década realizando sonhos de uma vida durante os
governos de Lula e Dilma. Não sabem que a maioria deixou derrubarem Dilma
achando que a direita devolveria ao povo aquilo que quem lhe dera fora o PT.
Maia provavelmente cairá mais rápido do que
Temer. O atual presidente é “macaco velho”. Um sobrevivente. Está sempre no
poder desde a redemocratização do país, em 1985. Se não durar no cargo nem um
ano, o filhote de Cesar Maia não deverá durar nem metade disso.
Assim
sendo, não percamos tempo:
#ForaMaia
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