Em
entrevista a blogueiros, Haddad mostra como o PT pode reagir
Na última quinta-feira, dia 16, o prefeito da
cidade de São Paulo, Fernando Haddad, reuniu-se com blogueiros e ativistas
digitais na sede do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé. Durante a
entrevista, manifestou profundo inconformismo com o que considera uma “guerra”
da mídia contra sua administração e demonstrou confiança na possibilidade de se
reeleger.
Haddad também elencou medidas de sua administração
que considera
exitosas e até “revolucionárias”, citou falhas da administração tucana do
Estado de São Paulo e reclamou da perda de recursos de sua administração por
conta das “jornadas de junho” (de 2013) e da falta de apoio do governo federal.
O prefeito ironizou a mídia. Diz que só parou de
bater incessantemente nos corredores de ônibus após ele começar a construir
as ciclovias, que considerou imprescindíveis para uma metrópole como São Paulo,
a exemplo do que ocorre em outras grandes cidades europeias e norte-americanas.
Ainda ironizando os adversários midiáticos, Haddad
respondeu a críticas que fazem às ciclovias, de que são pouco usadas e de que
custaram 33 milhões de reais; afirmou que são muito mais usadas do que, por exemplo, a
ponte Estaiada, inaugurada em 2008 pelo então prefeito Gilberto Kassab, e que
custou 184 milhões de reais.
O prefeito lembra que a mídia cita o custo de 33
milhões de reais das ciclovias como se fosse alto sem fazer comparações com
obras como a de uma simples ponte, que diz que beneficia pouco uma única
região e custou quase seis vezes mais, enquanto que as ciclovias se estendem
por toda a capital paulista, beneficiando muito mais pessoas gastando muito
menos recursos.
Lembrou, ainda, que o monotrilho que o governo
Alckmin está construindo em São Paulo, chamado de “Linha 15 – Prata”, percorre
um trecho de menos de três quilômetros entre as estações Vila Prudente e
Oratório, funciona só cinco horas por dia e permanece bastante ocioso, pois os
trens saem das estações com intervalos médios de 10 minutos e circulam
praticamente vazios.
A informação mais impressionante que Haddad deu
sobre o monotrilho de Alckmin é o custo, que já ultrapassa 6 bilhões de reais e que
está em testes há cerca de um ano. Segundo o prefeito, se ele gastasse essa
fortuna em uma obra de três
quilômetros, que só funciona 5 horas por dia, não poderia nem sair à rua sem ser linchado, pois
a mídia estaria falando do assunto todo santo dia.
Sobre a mídia, Haddad explicou que os piores e mais
incessantes ataques à sua administração ocorrem via rádio, sobretudo CBN e
Jovem Pan. Deu a entender que fazem uma lavagem cerebral na população mais humilde.
Sobre a redução da velocidade nas marginais do
Tietê e de Pinheiros, o prefeito manifestou inconformismo com a ação civil
pública impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo na última
segunda-feira. Disse que telefonou para o presidente da OAB-SP para reclamar de
não ter sido sequer consultado pela entidade antes de ela entrar com a ação.
Haddad manifestou inconformismo com o nível de
desinformação da mídia, da OAB e de parcela da população com uma medida adotada
em grandes metrópoles dos países desenvolvidos e que garante que irá produzir
efeito oposto do que pensam.
O prefeito afirma que a redução da velocidade nas
marginais irá aumentar a velocidade porque trafegar a 50 km por hora reduzirá
o índice de acidentes. A teoria é a de que com menos acidentes, não haverá
interrupção do tráfego e, assim, a velocidade média irá aumentar.
Haddad ainda manifestou perplexidade com a gritaria
contra uma medida que, segundo afirma, reduzirá em apenas 4 minutos o tempo de
percurso de um veículo pela marginal do rio Pinheiros estando o tráfego livre.
A parte mais interessante da entrevista, porém, foi
no aspecto político. Haddad tratou da eleição de 2016 e demonstrou confiança em
que é possível, sim, reeleger-se apesar do massacre midiático e dos seus baixos
índices de popularidade, que atribui ao bombardeio que começou nos primeiros
meses de sua administração com as manifestações do Movimento Passe Livre em
junho de 2013, que passou a atacá-lo por elevar as tarifas de ônibus em 20
centavos.
O prefeito diz que suas dificuldades políticas
poderiam ser menores se recebesse mais apoio do governo federal. Diz que tem
recebido muito menos
recursos do PAC do que o Rio de Janeiro, por exemplo.
Ainda assim, Haddad acredita que sua popularidade
está baixa hoje porque ele não tem condições de mostrar suas obras para a
população e, assim, o discurso contra sua administração predomina sem
contraditório.
Como exemplo, diz que o programa “Braços Abertos”
reduziu em 80% o número de usuários na Cracolândia paulistana e que, apesar de
ser um programa que está sendo copiado no mundo inteiro e de nunca ter havido uma
administração da capital paulista que logrou tal redução, o programa é
criticado pela mídia por não ter conseguido redução de 100%.
Para Haddad, quando tiver oportunidade de ir à TV,
no horário eleitoral, ano que vem, será capaz de fazer a população paulistana “refletir”
e acredita que quando isso acontecer será quebrado o monopólio da informação.
O prefeito lembra que o julgamento do mensalão foi
marcado, em 2012, para coincidir com as eleições municipais e que, apesar do
forte antipetismo de São Paulo, foi possível dialogar com a população.
Haddad acha que a possibilidade de a cidade voltar
às mãos da direita, com reversão de programas sociais e adoção de agenda
conservadora, fará com que mesmo a oposição de esquerda se aglutine em torno de
sua administração para evitar retrocessos na capital paulista.
Este blogueiro ficou surpreso com o nível de
confiança do prefeito de São Paulo na possibilidade que tem de se reeleger e,
sobretudo, com sua disposição para travar o debate político no ano que vem,
pois esperava encontrar um Haddad combalido diante do massacre que o PT e suas
administrações em todos os níveis vêm sofrendo.
Contudo, não se pode
ignorar que Haddad é um grande debatedor. Fala extremamente bem, tem dados na
ponta da língua e é um político extremamente carismático, apesar de iniciante.
Em fevereiro deste ano, em debate na Rádio Jovem
Pan com o proto historiador Marco Antonio Villa, o prefeito saiu-se
extremamente bem, como pode ser conferido no post Haddad ensina como o PT deve travar a guerra da comunicação.
Este blogueiro perguntou ao prefeito se pretende
fazer sua campanha à reeleição na ofensiva contra seus críticos e a resposta
foi positiva. Haddad está animado, pronto para o embate e, ao longo das duas
horas em que se deixou entrevistar, demonstrou que tem recursos intelectuais e
realizações a exibir. Quem o subestima certamente irá se surpreender.
NB.: Até este momento
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Fonte:
ATENÇÃO: as palavras na
cor vermelha constam originariamente no texto, mas os destaques são deste BLOGUEIRO.
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