Por Altamiro Borges
O jornalista Josias de Souza, que sempre nutriu uma grande simpatia pelo alto tucanato, informou nesta segunda-feira (15) que o programa da candidata-carona Marina Silva vai mudar para o segundo turno – caso ele ocorra. A informação foi confirmada por Walter Feldman, o ex-tucano que hoje coordena a campanha da ex-verde. Diante da hilária notícia, o blogueiro da Folha detonou:
“Curioso, muito
curioso, curiosíssimo. Com 243 páginas, o programa de Marina gira ao redor de
‘seis eixos’. Na versão promocional, veio à luz depois de ser ‘discutido com
vários setores da sociedade, em encontros em todas as regiões do país e em
oficinas temáticas’. A julgar pela forma como vem sendo mexido, o programa deve
ser mesmo ser fruto de inusitadas discussões. Envolveram representantes surdos
da coligação e pessoas mudas da sociedade. Ou vice-versa”.
Neste caso,
Josias de Souza tem toda a razão. De fato, a programa da presidenciável é um
“mexido” totalmente sem nexo. Ele defende propostas conservadoras – como a
independência do Banco Central, redução do papel dos bancos públicos e reforço
ao tripé macroeconômico neoliberal – e apresenta também algumas ideias
aparentemente progressistas – na área social e na ampliação da democracia. Na
política externa, ele prega o retorno ao alinhamento automático com os EUA,
opondo-se à diplomacia ativa e altiva exercida pelo Itamaraty desde o início do
governo Lula. Já nas questões mais gerais da sociedade, ele até defendia ideias
avançadas – mas foi bombardeado pela própria candidata.
O que caso mais
emblemático foi sobre os direitos dos homossexuais. A partir de quatro tuites
do pastor fascistóide Silas Malafaia, Marina Silva argumentou que houve “um
erro de digitação” e ordenou a mudança do programa do PSB. Outros “ajustes”
também foram feitos. No passado, a ex-verde defendeu a revisão da Lei da
Anistia, prevendo a punição dos carrascos da ditadura. Agora, candidata, ela
recuou. Além da volatilidade, que rendeu à candidata o rótulo de “metamorfose
ambulante”, a sua plataforma também apresentou estranhas lacunas. A que mais
chamou a atenção foi sobre a exploração do pré-sal – como apenas uma linha. A
falha derivaria da proposta de “alinhamento automático” com os EUA?
Agora, porém, Marina Silva já anunciou que mudará novamente sua plataforma para o segundo turno. E caso ela vença as eleições? Ela também fará alterações para contentar e alimentar a sua base conservadora de apoio. No que confiar? Será que dá para assinar este cheque em branco?
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