Tornar o BC
autônomo é tirar de um governo, democraticamente eleito, o seu poder sobre a
política monetária e cambial, restringindo-o à política fiscal
O governo Lula, por 8 anos,
entregou a presidência do Banco Central (BC) ao ex-presidente internacional do
Bank of Boston, Henrique Meirelles. Foi além, através de uma Medida Provisória,
equiparou o cargo de Meirelles ao de Ministro da República. E os bancos baterem
sucessivos lucros anuais.
O governo Dilma livrou o BC do
banqueiro internacional. Mas sua política econômica continuou proporcionando
irracionais e imorais lucros ao sistema financeiro.
Mesmo assim, os bancos –
contumazes predadores de rendas
– querem e exigem mais. Nada aprenderam com a crise econômica que afeta, desde
2008, as principais economias do planeta que tem nas causas a voracidade de
lucros, fáceis e rápidos, dos bancos.
Através das candidaturas do tucano
Aécio Neves e, principalmente, da de Marina Silva, não hesitaram em resgatar o
receituário neoliberal para a economia brasileira. Com apoio de uma mídia, quem consegue ser,
concomitantemente, cafetina e cafetinada, criam o caos no país.
Chegaram a eleger o tomate como o elemento detonador da sétima economia do
planeta. Tentaram se apropriar das mobilizações populares ocorridas em junho de
2013. Apostaram todas as fichas que a Copa Mundial de Futebol seria um fracasso, estádios e aeroportos estariam
inacabados, abalando a imagem do país no mundo. A imagem ficou abalada, mundialmente, por outro motivo:
Brasil 1 x 7 Alemanha.
Agora, martelam que a inflação está descontrolada, em níveis insuportáveis.
A corrupção, “inventada” nos governos de Lula e Dilma, já
causou uma metástase no país. Para justificar esse sofisma, utilizam os
próprios dados do governo sobre os casos de investigações e prisões de
corruptos. A impunidade e a conivência dos
governos anteriores, com a corrupção, servem de atestado de idoneidade. Tempos
do Engavetador Geral da Republica.
Mas esse caos criado pela elite,
do qual o Chico Mendes não faz parte, ao contrário, a combateu e dela foi
vitima, tem objetivos claros: resgatar, na agenda política, os pilares da
malfada política neoliberal. Não hesitam em afirmar que o caos existente se
deve aos ganhos
(pequenos!!) salariais, o aumento do consumo, políticas sociais e gastos
públicos. E a receita, aos olhos neoliberais, é certeira: aumentar o desemprego para diminuir os
salários reais e diminuir o
consumo, o que, imaginam eles, aumentaria a poupança e os investimentos
produtivos. A Europa toda, em crise, aposta em direção contrária à apontada pela elite nativa.
Com ênfase, nesse cenário,
ressurgiu a proposta da autonomia do BC. Surgiu na plataforma de governo da
candidata Marina Silva, em um artigo assinado e publicado pela coordenadora de
sua campanha, herdeira do banco Itaú, e educadora, Neca Setúbal. A própria
candidata, por enquanto, defende com firmeza que essa medida é necessária para
que o país volte a ter credibilidade. “O Banco Central autônomo é para
controlar a inflação, é para adquirir credibilidade para o país voltar a
crescer e para preservar o emprego”, acredita a candidata.
Ainda é tempo, de até o final da
campanha eleitoral, Marina mudar de opinião. Talvez, para que isso ocorra,
sirva o conselho do americano Joseph Stiglitz, ganhador do prêmio Nobel de
Economia: na crise, “países com bancos centrais menos independentes, como Brasil, China e
Índia, se saíram muito, mas muito melhor do que países com BCs mais independentes, como a
Europa e nos Estados Unidos”. Stiglitz ainda finaliza: “Um BC independente é desnecessário e impossível”. A Neca
Setúbal discorda.
Tornar o BC autônomo é tirar de um
governo, democraticamente eleito, o seu poder sobre a política monetária e
cambial, restringindo-o à política fiscal. É a tentativa de reduzir um
governante a governar apenas com os escassos recursos dos impostos. A taxa de
câmbio que afeta as importações, exportações e as despesas no exterior, e a
taxa de juros, ficará sob a autoridade do “banco autônomo”.
Qual é o banqueiro que não sonha com esse poder?
Roberto Setubal, irmão da Neca,
aproveitou as comemorações dos 90 anos do Banco Itaú – data comemorativa
que pertence ao Unibanco – para manifestar sua simpatia à candidatura de Marina
e afirmar que deseja o fim de “governos medíocres e populistas”. Desejo que cresceu depois
que a Receita Federal autuou seu banco a pagar uma dívida de 18 bilhões de
reais aos cofres públicos.
O Professor de economia Renato
Santos de Souza, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS) é
contundente: a independência do Banco Centra significa o governo abrir mão de fazer a política econômica
e se tornar, cada vez mais refém do Banco central e o do mercado financeiro. E
concluí: “eu não tenho dúvidas, nós pagaremos essa opção política com juros altos e recessão, redução dos investimentos
públicos e privados e precarização dos
serviços públicos”.
Não é difícil imaginar que, ao
tornar o Banco Central independente e ao cortar os gastos públicos na área
social, se criará uma nova atmosfera propícia para privatizar as
empresas estatais que ainda nos restam.
Como no governo de FHC, dirão que
os recursos arrecadados com as privatizações serão gastos em educação e saúde.
Os cavalos
transportados de avião, pertencentes a André Lara Resende, ex-ministro de FHC e
atual membro da equipe de Marina, serão gratos.
ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha constam no texto original, mas os destaques são deste BLOGUEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário