O ódio visceral da Veja contra o PT, Lula e Dilma tem explicação.
Entenda os motivos.
Outdoor da Editora Abril veiculado entre o primeiro e o
segundo turno das eleições de 2006, com a capa de ‘Veja’, uma foto de Geraldo
Alckmin (PSDB), então candidato à Presidência da República, e a manchete
positiva: ‘O desafiante’. A campanha publicitária foi proibida, na ocasião,
pela Justiça Eleitoral
Os
motivos por trás da guerra de Veja contra o PT’
‘Você está vendo estas capas aqui?
Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é
bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim.’ A declaração
foi feita por Roberto Civita a Eduardo Campos, em meados de 2012
Outdoor da Editora Abril
veiculado entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2006, com a capa
de ‘Veja’, uma foto de Geraldo Alckmin (PSDB), então candidato à Presidência da
República, e a manchete positiva: ‘O desafiante’. A campanha publicitária foi
proibida, na ocasião, pela Justiça Eleitoral
Neste final de semana, o jornalista Ricardo
Kotscho em sua coluna critica a última capa da revista Veja com a chamada ”
EXCLUSIVO – O NÚCLEO ATÔMICO DA DELAÇÃO – Paulo Roberto Costa diz à Polícia
Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema de
corrupção da Petrobras”.
“Parece coisa de boletim de
grêmio estudantil”, ironizou Kotcho que lembrou de uma história que ouviu de
Eduardo Campos, em 2012. Disse-lhe o ex-presidenciável que ficou perplexo ao
ouvir de Roberto Civita: “Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única
oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós
podemos acabar com esta gente e vamos até o fim”.
Segundo Kotscho, a causa da
“bronca” da Veja contra o PT ocorreu no início do primeiro governo Lula, quando o governo resolveu redistribuir verbas
publicitárias, reservadas antes apenas à grande mídia.
A seguir, o texto publicado no
Balaio do Kotscho.
Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa
Por Ricardo Kotscho(ex Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no
mandato do Presidente Lula)
Uma das histórias mais tristes e patéticas da história
da imprensa brasileira está sendo protagonizada neste momento pela revista
semanal “Veja”, carro-chefe da Editora Abril, que já foi uma das maiores
publicações semanais do mundo.
Criada e comandada nos primeiros dos seus 47 anos de
vida, pelo grande jornalista Mino Carta, hoje ela agoniza nas mãos de dois
herdeiros de Victor Civita, que não são do ramo, e de um banqueiro
incompetente, que vão acabar quebrando a “Veja” e a Editora Abril inteira do
alto de sua onipotência, que é do tamanho de sua incompetência.
Para se ter uma ideia da política editorial que levou
a esta derrocada, vou contar uma história que ouvi de Eduardo Campos, em 2012,
quando ele foi convidado por Roberto Civita, então dono da Abril, para conhecer
a editora.
Os dois nunca tinham se visto. Ao entrar no monumental
gabinete de Civita no prédio idem da Marginal Pinheiros, Eduardo ficou perplexo
com o que ouviu dele. “Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade
que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com
esta gente e vamos até o fim”.
É bem provável que a Abril acabe antes de se realizar
a profecia de Roberto Civita. O certo é que a editora, que já foi a maior e
mais importante do país, conseguiu produzir uma “Veja” muito pior e mais
irresponsável depois da morte dele, o que parecia impossível.
A edição 2.393 da revista, que foi às bancas neste
sábado, é uma prova do que estou dizendo. Sem coragem de dedicar a capa inteira
à “bala de prata” que vinham preparando para acabar com a candidatura de Dilma
Rousseff, a uma semana das eleições presidenciais, os herdeiros Civita, que não
têm nome nem história próprios, e o banqueiro Barbosa, deram no alto apenas uma
chamada: ” EXCLUSIVO – O NÚCLEO ATÔMICO DA DELAÇÃO _ Paulo Roberto Costa diz à
Polícia Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao
esquema de corrupção da Petrobras”. Parece coisa de boletim de grêmio
estudantil.
O pedido teria sido feito pelo ex-ministro Antonio
Palocci, um dos coordenadores da campanha da então candidata Dilma Rousseff, ao
ex-diretor da Petrobras, para negociar uma ajuda de R$ 2 milhões junto a um
doleiro que intermediaria negócios de empreiteiras fornecedoras da empresa.
A reportagem não informa se há provas deste pedido e
se a verba foi ou não entregue à campanha de Dilma, mas isso não tem a menor
importância para a revista, como se o ex-todo poderoso ministro de Lula e de
Dilma precisasse de intermediários para pedir contribuições de grandes
empresas. Faz tempo que o negócio da “Veja” não é informar, mas apenas jogar
suspeitas contra os líderes e os governos do PT, os grandes inimigos da
família.
E se os leitores quiserem saber a causa desta bronca,
posso contar, porque fui testemunha: no início do primeiro governo Lula, o
presidente resolveu redistribuir verbas de publicidade, antes apenas reservadas
a meia dúzia de famílias da grande mídia, e a compra de livros didáticos
comprados pelo governo federal para destinar a esc0las públicas.
Ambas as medidas abalaram os cofres da Editora Abril,
de tal forma que Roberto Civita saiu dos seus cuidados de grande homem da
imprensa para pedir uma audiência ao presidente Lula. Por razões que
desconheço, o presidente se recusava a recebê-lo.
Depois do dono da Abril percorrer os mais altos
escalões do poder, em busca de ajuda, certa vez, quando era Secretário de
Imprensa e Divulgação da Presidência da República, encontrei Roberto Civita e
outros donos da mídia na ante-sala do gabinete de Lula, no terceiro andar do
Palácio do Planalto.”
“Agora
vem até você me encher o saco por causa deste cara?”, reagiu o presidente, quando lhe transmiti o pedido de Civita para um encontro, que
acabou acontecendo, num jantar privado dos dois no Palácio da Alvorada, mesmo contra
a vontade de Lula.
No dia seguinte, na reunião das nove, o presidente queria me matar,
junto com os outros ministros que tinham lhe feito o mesmo pedido para
conversar com Civita. “Pô, o cara ficou o
tempo todo me falando que o Brasil estava melhorando. Quando perguntei pra ele
porque a “Veja” sempre dizia exatamente o contrário, esculhambando com tudo,
ele me falou: `Não sei, presidente, vou ver com os meninos da redação o que
está acontecendo´. É muita cara de pau. Nunca mais me peçam pra falar com este cara”.
A partir deste momento, como Roberto Civita contou a
Eduardo Campos, a Abril passou a liderar a oposição
midiática reunida no Instituto Millenium, que ele ajudou a criar junto com
outros donos da imprensa familiar que controla os meios de comunicação do país.
Resolvi escrever este texto, no meio da minha folga de
final de semana, sem consultar ninguém, nem a minha mulher, depois de ler um
texto absolutamente asqueroso publicado na página 38 da revista que recebi
neste final de semana, sob o título “Em busca do templo perdido”. Insatisfeitos
com o trabalho dos seus pistoleiros de aluguel, os herdeiros e o banqueiro da
“Veja” resolveram entregar a encomenda a um pseudônimo nominado “Agamenon
Mendes Pedreira”.
Como os caros leitores sabem, trabalho faz mais de
três anos aqui no portal R7 e no canal de notícias Record News, empresas do
grupo Record. Nunca me pediram para escrever nem me proibiram de escrever nada.
Tenho aqui plena autonomia editorial, garantida em contrato, e respeitada pelos
acionistas da empresa.
Escrevi
hoje apenas porque acho que os leitores, internautas e telespectadores, que
formam o eleitorado brasileiro, têm o direito de saber neste momento com quem
estão lidando quando acessam nossos meios de comunicação.
ATENÇÃO:
As palavras na cor vermelha constam no texto original, mas os
destaques são deste BLOGUEIRO.