Lula quer que o Brasil “volte a sonhar”
Após uma semana terrível para o ex-presidente Lula, alvo de um
ataque político dissimulado do MPF, pensei que ele adiaria reunião que havíamos
agendado na semana passada. Foi uma surpresa, portanto, ter sido recebido por
ele na sexta-feira (16).
Cheguei ao Instituto Lula precisamente às 16 horas, como havíamos
agendado. Porém, o presidente ainda não havia chegado. Atrasou-se uns 20
minutos. Nesse meio tempo, fiquei conversando com o Frei Chico, irmão mais
velho de Lula, e com o petista histórico Paulo Frateschi
Frei Chico estava preocupado com a demora do irmão porque, se ele
demorasse muito, iria “perder o ônibus”… Frei Chico é uma pessoa tão simples,
meu Deus. Lula jamais usou seu cargo para
enriquecer a família. Vejo essas coisas e me revolto com o que estão fazendo
com o ex-presidente.
Enfim, por volta das 16:20 hs chega Lula, leva-me à sua sala, mas a
conversa demora um pouco a começar porque recebe ligação do prefeito Fernando
Haddad.
Após dois minutos, começamos a conversar sobre a conjuntura. Não
posso cometer indiscrições, já que não pedi autorização para divulgar o teor da
conversa, mas posso revelar que ele se sente tranquilo – e
aparenta tranquilidade.
Pergunto se não tem medo das arbitrariedades da Lava Jato, da sanha
persecutória dos fanáticos de Curitiba, mas ele me responde perguntando se eu
tive medo de representar contra Sergio Moro por abuso de poder. Respondo que
não porque tenho vida limpa e o presidente responde que não está preocupado
pela mesma razão que eu não me preocupei em fazer o que achei que deveria.
Lula me pergunta por que saí candidato a vereador pelo PC do B – intuo que
quis saber por que não me candidatei pelo PT – e respondo que foi por que esse
partido me convidou. Ele parece se satisfazer com a resposta.
Toca o telefone. É Rui falcão, presidente do PT. Enquanto o
presidente conversa com o correligionário, aproveito para filmar seu escritório
no Instituto que leva seu nome.
Claudia, a
secretária de Lula, está preocupada com o bem estar dele:
— Ele não comeu nada o dia inteiro, ficou em uma gravação aqui
perto…
Oferece café, lanche, mas Lula não aceita nada. Parece estar com
vontade de conversar. Lula gosta de conversar. Ele se entrega às conversas. Usa
sempre um tom confessional que estabelece forte empatia com o interlocutor.
Confesso que, apesar de ter estado tantas vezes com Lula, ainda não
me acostumei a conversar com uma lenda viva. Mas ele parece não se dar conta da
própria importância. Parece não entender o efeito que causa nas pessoas.
Não houve político que desafiou tanto os poderes constituídos,
que foi tão odiado pelos ricos e amado pelos pobres e que, debaixo da maior
campanha de destruição já movida contra um homem público, mantém-se tão sereno,
tão confiante.
Ele pede à secretária que nos fotografe. Pede várias fotos, não
fica satisfeito com nenhuma.
Faz várias confissões sobre suas opiniões políticas. Parece saber
que eu as guardaria para mim, apesar não sermos exatamente íntimos. Fico
imaginando que ele olha para o sujeito e sabe se pode ou não confiar nele…
Diante de sua serenidade, apesar dos riscos que corre, arrisco
pedir que me ajude a ter esperança em que as coisas podem melhorar. Ele não
pensa para responder; diz que o brasileiro
precisa voltar a sonhar. Pergunto com que, ele diz que com qualquer coisa. O brasileiro
precisa saber o que deseja.
Concordamos que as pessoas estão iradas, indispostas com a vida,
zangadas. E a receita dele é a de que precisam voltar a sonhar, almejar,
ter esperança.
Com que, insisto.
Lula acha que as pessoas precisam acreditar que podem dar novo
salto, como ocorreu durante o seu governo. Hoje, venderam ao povo brasileiro
que ele não pode melhorar de vida, que o Brasil está mal porque Lula piorou a vida
do povo.
A receita me parece tão simples. Bingo!
Mas as pessoas não estão dispostas a acreditar. Chega a parecer que
estão gostando de acreditar na lorota da mídia de que a vida só piorou de dois
anos para cá porque melhorou durante onze anos ininterruptos…
É uma loucura ou não é?
Lula não pode ser destruído. Destruir Lula é destruir o povo
brasileiro, é destruir a esperança, é destruir a fé, é destruir o sonhar.
Voltarei a ouvir Lula, a beber dessa fonte de coragem, de sabedoria popular, de
fé, de esperança.
Precisamos ouvir
mais Lula e menos Globos, Folhas, Vejas e Estadões. Se fizermos isso, driblar as
vicissitudes da vida, as barreiras que os ricos nos impõem parecerá quase uma
brincadeira de criança, muito fácil.
Lula gostou de saber que sou candidato a vereador de São Paulo. Ele
acha que as pessoas devem entrar na política para fazer em vez de só ficarem
criticando. Por conta disso, não hesitou em gravar vídeo pedindo que as pessoas votem em mim.
Espero voltar a
estar com Lula bem rápido, antes que se dissipe a energia que ele me inoculou.
Eduardo Guimarães
ô-XENTE, CUIDADO, pois
as palavras com fundo branco constam originariamente no texto, mas os destaques
e ênfases são deste BLOGUEIRO.
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