Carta aberta a Sergio Moro
Por
Paulo Nogueira
o bruxo que é uma desgraça nacional
Caro Moro:
Me desculpe a franqueza, mas o senhor
é uma
desgraça nacional. Simboliza a justiça partidária que tanto mal faz ao país.
O senhor é um antiexemplo. No futuro,
quando formos uma sociedade mais avançada,
ficará a pergunta: como pudemos
tolerar um
juiz tão parcial?
Sequer as aparências o senhor respeitou.
São abjetas as imagens em que o senhor aparece ao lado de barões da mídia como
João Roberto Marinho e de políticos da direita como João Dória.
O senhor tem ideia do que aconteceria
na Inglaterra se um juiz com tanto puder como o senhor confraternizasse com
caciques da política e da mídia?
Mas o pior não foram as aparências:
foram e são os atos práticos.
Como o senhor não se envergonhou de participar dos
espetáculos circenses em que o objetivo era criminalizar um e apenas um
partido, o PT?
Como o senhor não se envergonhou em passar para a
Globo conversas criminosamente gravadas entre Lula e Dilma?
Caro Moro: como o senhor consegue dormir?
Vejamos os fatos destes últimos dias.
O senhor e sua Lava Jato foram fulminantes em prender um ex-ministro de Lula e embaraçar
o editor de um site que representa um tipo de visão completamente ignorado
pelas grandes empresas jornalísticas.
Funcionários da PF, em extravagantes
uniformes de camuflagem e fortemente armados, se deixaram também fotografar em
frente à sede do PT em São Paulo.
O senhor tem noção do ridículo, do
patético disso? Parecia que os policiais estavam indo desbaratar uma célula dos
Estados Islâmicos.
Mas, ao mesmo tempo, ficamos todos
sabendo que vocês fracassaram miseravelmente não uma, mas duas vezes em intimar a mulher
de Eduardo Cunha, Claudia Cruz.
Vocês não sabem sequer onde ela fica
para entregar a intimação? Ou o empenho frenético em investigar e atacar um lado é contrabalançado pela negligência obscena em tratar casos ligados ao
outro lado?
O senhor tem ideia do desgaste que
este tipo de coisa provoca em sua imagem em milhões de brasileiros?
Um homem pode ser medido pelos
admiradores que semeia. O senhor é hoje venerado pelo mesmo público que
idolatra Bolsonaro: são pessoas essencialmente racistas, homofóbicas,
raivosas, altamente conservadoras e brutalmente desinformadas.
O senhor não combateu, verdadeiramente, a
corrupção. O senhor combateu e combate o PT. São duas coisas distintas. Falo
isso com a tranquilidade de quem jamais pertenceu ao PT ou teve qualquer
vínculo com o partido. Meu pai se elegeu presidente do sindicato dos
jornalistas de SP, no começo dos anos 1980, numa disputa épica contra o
representante do PT, Rui Falcão. Jamais superei certas mágoas do PT até porque
meu pai era meu norte e meu sul, meu leste e meu oeste.
Não
fossem os delatores, as roubalheiras de gente como Aécio, Temer e Jucá permaneceriam
desconhecidas e intocadas.
Não
fossem as autoridades suíças, as contas secretas que finalmente liquidaram a
maior vocação corrupta das últimas décadas no Brasil não seriam conhecidas, e
Eduardo Cunha continuaria a cometer seus crimes.
Caro Moro: o senhor há de ter o mesmo
destino de um homem que teve um papel igual
ao seu na política brasileira,
Joaquim Barbosa.
A mídia o usou e espremeu ao máximo,
e depois o descartou. JB não é nota sequer de rodapé dos jornais e revistas. Não é ouvido
para nada.
O senhor,
como JB no Mensalão, está tendo seus dias de Cinderela, porque é útil à
plutocracia. Mas Gata Borralheira sempre ronda a Cinderela, como o senhor sabe.
Sinceramente.
Paulo
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