segunda-feira, 13 de junho de 2011

A degradação da mulher na música brasileira

O Vocabodário e as vocabodagens linguísticas...

Parada para um cafezinho e uma boa leitura


segunda-feira, 13 de junho de 2011  - www.vocabodario.blogspot.com
A degradação da mulher na música brasileira
Dedicado a Santana: o Cantador, Os Nonatos e Alcimar Monteiro grandes artistas defensores e construtores da boa música

"Tu és divina e graciosa, estátua majestosa do amor por Deus esculturada..." assim se refere Pixinhguinha, na composição Rosa, exaltando a beleza feminina. O mesmo acontece em Boneca "Eu vi numa vitrine de cristal, no mais sublime pedestal, uma boneca encantadora..."
Foi-se o tempo em que a figura da mulher era cantada com tamanha ternura nas canções brasileiras. A verdade é que, ao longo dos anos, a mulher foi perdendo a imagem de santa, de rosa ou boneca, descritas nas inúmeras metáforas utilizadas para descrevê-la.
De Santa e Anjo a diabo, de Gatinha Manhosa - hit dos anos 60 - à Cachorra tão referendada nos bailes Funks, a imagem feminina foi perdendo moral dando espaço à vulgaridade presente nas composições - vide "Barraco III": "Me chama de cachorra, que eu faço au-au/Me chama de gatinha, que eu faço miau/Goza na cara, goza na boca/goza onde quiser". Um som, à época, muito tocado nas noites cariocas e cujo funqueiro compositor explicou que " o gozar na cara" trata-se de duplo sentido, só se for pra ele em achar que pode "gozar da cara" do público, mesmo assim o termo pede o uso correto da Preposição "DA".
Deixando a Gramática de lado, o fato é que além de cachorra, a mulher também foi chamada de Doida Demais, Condenada, Mentirosa, Cara de Cavalo, Rapariga, Ordinária, entre outros.
Até Caetano Veloso que cantou a sensualidade da mulher em Tigresa, a beleza em Você é Linda, cedeu à moda e gravou Não enche: "Vagaba, vampira, o velho esquema desmorona desta vez pra valer/tarada, mesquinha"...
De mais a mais, a mulher tem sido tratada como lixo musical. Em cada composição, a decomposição do mito feminino é cada vez mais aparente. E o lado intrigante do fato é observar a rapidez com que as gravadoras lançam novos hits no mercado e o quanto lucram com suas vendas.
Recentemente, Santana, o Cantador disse durante gravação de programa junino, em Campina Grande, que a mulher deve selecionar o tipo de música que escuta. Para ele a mulher deve escutar músicas que a enalteçam e não que destruam a sua moral. Viva Santana!
Entretanto, na contramão da mídia e da moda quem foi que mudou afinal? A mulher que perdeu o respeito por si? O homem? O tempo? Ou a indústria fonográfica brasileira?

Responda-me quem souber!


Geneceuda Monteiro, jornalista paraibana








Um comentário:

Gelumi Selva disse...

Esta jornalista é fora de série. Que linguajar lindo e eficaz ela utiliza. Importância maior é o conteúdo do artigo. Já lí, neste Blog, seus dois artigos. Quando será o próximo? Estou ansioso para lê-lo.

Gelumi Selva