terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Insólitas prisões !!!

Em artigo publicado na Folha de S.Paulo nesse fim de semana, a professora titular aposentada de filosofia da USP e da Unicamp Maria Sylvia Carvalho Franco trata das prisões de réus da AP 470 no último dia 15 de novembro. O título é “Insólitas prisões”.
Para ela, as detenções foram feitas “com bizarria do prisma ético”. Maria Sylvia pergunta o porquê da “pressa”.
“A efetivação repentina dessas prisões, após um lento processo, insere o monopólio estatal da força física no cotidiano das pessoas”, afirma.
“O uso do feriado não é inédito nas práticas políticas autoritárias: entre nós, basta citar os ardilosos planos econômicos, como o de Collor”, diz.
“Por fim, completando os atentados à cidadania, juntas médicas ratificaram o desrespeito a um preso doente. No laudo sobre a saúde de José Genoino, afirma-se que ele pode suportar o cárcere: bastam remédios, dieta, exercícios regulares e (pasme-se!) evitar ‘fatores psicológicos estressantes’. Os doutores ironizam ou ignoram o que significa uma prisão, enunciando um oximoro: cadeia sem trauma.”
“Lendo seus pareceres, tem-se o sentimento de que a submissão aos poderosos avalizou tais contrassensos”, acrescenta a professora.
Maria Sylvia termina o artigo recordando que as denúncias contra a democracia martelam a tese de que nela é ínsita a impunidade: “Já dizia Platão ao invectivar o regime ateniense das liberdades que, na polis ‘licenciosa’, condenados à morte ou ao exílio não ‘deixam a praça, circulam em público, como se fossem indiferentes a todos, invisíveis, como fantasmas de heróis’. Pelo visto, alguns magistrados são platônicos e gostariam de banir a democracia para sempre”.

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