quarta-feira, 3 de abril de 2013

Nota contra pastor !!!

Ex-presidentes e ex-vice-presidentes da Comissão de Direitos Humanos lançam nota contra Feliciano

 
                                          Nilmário Miranda

Ex-presidentes e ex-vice-presidentes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias divulgaram ontem, dia 2, uma nota de repúdio à declaração do atual presidente do colegiado, deputado/pastor Marco Feliciano (eleito pelo PSC de SP), de que a comissão estava “dominada até ontem por satanás”. “O que mais uma vez demonstra a sua incompatibilidade para presidi-la”, diz a nota.

Os deputados que assinaram a nota avaliam que a situação é insustentável, e que as posições do pastor são incompatíveis com a história da comissão, criada há 18 anos para defender minorias que não tinham voz no Parlamento. “E o problema é que todo dia temos novas declarações que geram fatos novos”, disse a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), presidente da comissão em 2011.

O deputado Nilmário Miranda (PT-MG), presidente do colegiado e autor do requerimento de criação da Comissão de Direitos Humanos e que a presidiu por duas vezes (em 1995 e 1999), criticou a postura de Feliciano e lembrou que a CDH ganhou espaço na sociedade por defender os princípios dos direitos humanos, que estão na Declaração Universal da Organização das Nações Unidas (ONU), na Constituição, nas convenções assinadas pelo país e nas leis. “Consideramos a declaração [do deputado Feliciano] uma ruptura dos princípios dos direitos humanos que orientaram a formação desta comissão.” Mesmo com a retratação de Feliciano, que disse estar falando de seus adversários e não da comissão, não ameniza o acontecido. “Consideramos essa declaração uma ruptura com os princípios dos direitos humanos que orientaram a formação dessa comissão”, disse.

Religião

Questionados sobre se a nota e a oposição a Feliciano não estava se tornando numa “guerra religiosa”, pelo fato de ele ser pastor evangélico e ter citado satanás, os deputados disseram que a questão não está ligada à filiação religiosa do atual presidente. Para eles, nos últimos 18 anos, a comissão cumpriu um papel muito importante para a sociedade brasileira, e é a isso que a sociedade reage indignada.

“Nós fomos adversários da tortura, da homofobia, do trabalho escravo, do racismo, da violência de gênero. Dessa comissão saíram leis avançadas, como a Lei Maria da Penha; o projeto de combate à tortura, que foi votado ontem; e a PEC que combate o trabalho escravo”, explicou a deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB gaúcho.

Processos

A deputada Iriny Lopes (PT-ES), que presidiu a comissão em 2005 e 2010, entrou com uma representação contra o deputado pela declaração. "É inaceitável que um deputado faça esse tipo de declaração, ferindo a honra e a imagem dos nobres colegas que atuam com dedicação e firmeza para promoção e valorização dos direitos humanos", disse.
Presidentes(as) e ex-presidentas(es)
que assinaram a nota

Nilmário Miranda (PT-MG), presidente em 1995 e 1999
Iriny Lopes (PT-ES), presidenta em 2005 e 2010
Luiz Couto (PT-PB), presidente em 2007 e 2009
Janete Rocha Pietá (PT-SP), vice-presidenta em 2010
Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), presidenta em 2011
Domingos Dutra (PT-MA), presidente em 2012

Padre Ton (PT-RO), vice-presidente em 2012
Erika Kokay (PT-DF), vice-presidenta em 2012

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