Democracia e indignação
Presidenta Dilma Rousseff, em seu blog
Fernando Brito, lúcido editor e redator
do Blog Tijolaço, afirma que, depois do discurso de Lula, o que mais o
impressionou na desta semana no Teatro Casagrande foi o do diretor teatral
Aderbal Freire Filho, baseado em texto do filósofo e linguista norte-americano
Noam Chomsky. Trata de dois mundos: o oficial – composto pelos
políticos, pelos donos do dinheiro, pela mídia e seus comentaristas e pelas
instituições – e o real, imenso e quase sempre mudo, onde habita a imensa
maioria da população.
Acrescenta que talvez só a sensibilidade de
gente que lida com a percepção alheia é capaz de dar-se conta de que isso
acontece, no Brasil, onde se cavou um abismo entre o poder – e não só o de
Temer – sem voto e o povo que se quer, furiosamente, impedir de votar.
E conclui que esta percepção transborda o
leito da esquerda e começa a se generalizar entre os que não se cegaram de
ódio.
Concordo com a análise e acrescento: acredito
que uma consciência difusa da injustiça e da perseguição a Lula está se
difundindo entre todos os segmentos da sociedade e que esta seja a base da
crescente e forte indignação que se percebe às vésperas do julgamento do TRF4.
Uso as palavras precisas do blog Tijolaço: “O
processo de radicalização que se quer atribuir a Lula não é a sua marca e o que
a experiência real, vivida e comprovada, o mostram. Quem acha isso que
imagine por dez minutos ser apontado como culpado de todos os males, acusado de
todos os crimes e desqualificado de todas as formas, e veja o quanto se
indignaria.
É dessa percepção de injustiça, de
politização da justiça e de perseguição que nasce a legítima indignação – da
sociedade, do próprio Lula e de todos que o cercam.
Indignação pacífica e democrática, pela qual
o anseio de normalização das relações políticas e da amplitude do processo
eleitoral não é um apelo à guerra, mas um chamado ao mínimo de civilidade e
liberdades que a democracia precisa para funcionar e que um país precisa para
ser governado.
A força pacífica, democrática e
transformadora da indignação e a luta pela democracia fazem parte do lado certo
da história.
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