Aécio mirou Dilma, acertou o próprio pé e
agora é torrado pelas empreiteiras
A turma está "assando" o senador que, logo após a derrota para
Dilma Rousseff, declarou ter perdido a disputa presidencial para "uma
organização criminosa"
por Helena
Sthephanowitz

Senador tucano foi notícia durante o carnaval,
citado inúmeras vezes em delações premiadas de empreiteiros à Lava Jato
Quando o senador tucano Aécio Neves,
escolheu passar o Carnaval no condomínio luxuoso Aldeia da Praia, em
Guarapari, local de propriedades de famílias endinheiradas do Espírito Santo e
de outros estados, não imaginou que continuaria em evidência na imprensa
durante os dias de folia, mas de uma forma bastante diferente da que sempre
gostou.
A colunista Heloisa Tolipan, do Jornal
de Brasil, contou que o senador ficou hospedado na casa dos amigos
empreiteiros mineiros Martha e Flamarion Wanderley - herdeiro da Cowan, uma
construtora sediada em Belo Horizonte, conhecida pelas grandes obras públicas
naquele estado.
Em tempo, a Cowan foi a responsável pela construção do Viaduto
Guararapes, que caiu em Belo Horizonte em 2014, pouco antes da Copa do Mundo,
matando duas pessoas e ferindo outras 23. Naquele ano, um dos diretores da
construtora, José Paulo Toller Motta, admitiu em audiência pública na
Assembleia Legislativa mineira que a empresa utilizou concreto com prazo de
validade vencido nas obras da estrutura. Porém, segundo ele, o material ainda
apresentava boas condições de uso e acabou sendo usado nos pilares de sustentação
do viaduto – que ruíram.
No mesmo ano, em uma entrevista para a
revista Exame, o dono da Cowan, Walduck Wanderley, fez questão de
lembrar que "não existem freiras no mundo das empreiteiras..." Também
disse que considerava importante ter "amigos" em postos-chave do
governo. Admitiu que ajudou a financiar campanhas eleitorais e que emprestou
seus jatinhos a políticos. Michel Temer utilizou justamente um avião da Cowan
para a parte que lhe coube na campanha presidencial, como vice de Dilma em 2014.
Naquele ano, o PMDB recebeu nada menos do que R$ 1,8 milhão da Construtora,
enquanto o PSDB ficou com R$ 500 mil. Para a campanha do candidato Aécio Neves
à presidência, a construtora doou R$ 1,2 milhão.
Mas as doações legais e registradas da Cowan para a campanha de Aécio e
a hospedagem do senado na mansão de seus proprietários não está exatamente em
questão. O que o senador e presidente do PSDB terá de explicar são
"doações" recebidas de outras construtoras.
Por exemplo: autor da ação que pede a cassação da chapa Temer/Dilma,
Aécio Neves foi citado por Marcelo Odebrecht – que prestou depoimento ao TSE
nesta quarta-feira (1º). Segundo o empreiteiro, na campanha eleitoral de 2014 o
tucano lhe pediu R$ 5 milhões em uma primeira conversa e, no final do primeiro
turno da eleição, com o crescimento da então candidata Marina Silva, Aécio
pediu R$ 15 milhões. Odebrecht disse que, num primeiro momento, negou o pedido
do senador, mas que diante da insistência acabou cedendo mais adiante. O
empresário afimou que se encontrou várias vezes com o senador, e que este
sempre pedia mais dinheiro para campanhas, além dos vultosos R$ 15 milhões. De
acordo com a assessoria técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Aécio
repassou para o PSDB R$ 2 milhões recebidos como doação de campanha da
Odebrecht, mas não registrou a transferência na prestação de contas.
A coisa vai além. Um dia depois de Marcelo Odebrecht ter relatado a
doação de R$ 15 milhões para Aécio Neves, Benedicto Júnior, ex-presidente da
divisão Infra-estrutura da mesma empreiteira, disse que entregou, novamente a
pedido do senador, R$ 9 milhões para campanhas tucanas. Tudo no caixa dois.
Aécio reconhece que fez o pedido, mas nega que a dinheirama circulou por caixa
dois.
Segundo o depoimento de Benedicto Júnior, a Odebrecht repassou R$ 6
milhões ao PSDB para serem divididos entre as campanhas de Pimenta da Veiga
(candidato a governador de Minas, derrotado), Antonio Anastasia (senador,
eleito) e Dimas Fabiano Toledo Júnior (que foi diretor de Furnas e concorreu a
deputado federal, eleito). Ainda de acordo com o executivo, outros R$ 3 milhões
foram para o publicitário Paulo Vasconcelos, responsável pela campanha
presidencial do próprio Aécio Neves.
Benedicto Júnior só não pôde detalhar a acusação de caixa dois para Aécio
porque foi interrompido pelo ministro Herman Benjamin, relator do processo no
TSE. Segundo o ministro, os detalhes da doação a pedido do tucano não são
pertinentes ao caso, que investiga apenas a chapa Dilma-Temer, apesar de terem,
conforme ressalvou, "relevância histórica". O depoimento foi dado no
processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Dilma e Temer movido pelo
próprio Aécio, candidato derrotado na eleição presidencial de 2014
Em outro depoimento, no mês passado, Benedicto, também afirmou que se
reuniu com o Aécio para negociar um esquema de propina na licitação da obra da
Cidade Administrativa – sede do governo mineiro – para favorecer grandes
empreiteiras. A reunião, de acordo com Benedicto, ocorreu quando Aécio era
governador de Minas Gerais.
Tem a Andrade Gutierrez
Na quinta feira (2), o TSE determinou que o PSDB e o tucano Aécio Neves
expliquem doações recebidas em 2014 para a campanha presidencial do então
candidato. A ação aponta substancial diferença entre o valor doado e o
declarado pelo partido à Justiça Eleitoral.
Também em um acordo de delação, o ex-presidente da empresa, Otávio
Azevedo, disse que a doação à campanha tucana foi de R$ 19 milhões. No entanto,
o senador e o PSDB declararam ao TSE, na prestação de contas da campanha,
recebimento de R$ 12,6 milhões. Falta dizer onde foram parar nada menos que R$
6,4 milhões. No despacho, o relator do processo, ministro Napoleão Maia, deu
prazo de três dias para o PSDB explicar as declarações de Azevedo, contados a
partir da notificação ao partido.
As contas da campanha de Aécio Neves passam por investigações
determinadas em agosto do ano passado pela ministra Maria Theresa de Assis
Moura, então corregedora do TSE, que listou 15 irregularidades e
inconsistências nas declarações candidato do PSDB à presidência.
E só pra lembrar, Aécio ainda deve responder pelo famoso caso da
"Lista de Furnas", uma relação de pagamentos clandestinos feitos por
empresas fornecedoras daquela estatal para políticos tucanos e seus aliados,
nas eleições de 2002. O Pocurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou na
quinta feira (2) um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir o
senador e presidente do PSDB. Em depoimento ao Ministério Público o doleiro
Alberto Youssef, afirmou ter conhecimento de que o Aécio quando deputado
federal, estaria recebendo recursos desviados da estatal mineira, num esquema
que envolve sua irmã
Ou seja, a turma está assando o "mineirinho", apelido que
aparece nas planilhas de doações eleitorais da construtora Odebrecht ao
senador, aquele que, logo após a derrota para Dilma Rousseff, declarou ter
perdido a disputa presidencial para uma "organização criminosa".
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