quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Projeto do império: EUA gostariam de envolver o Brasil

Posted by : Eduardo Bomfim | sábado, 27 de agosto de 2011 | Published in
Reproduzimos aqui trechos do ensaio de Lorenzo Carrasco publicado no Resenha Estratégica:

O renomado Conselho de Relações Exteriores de Nova York (CFR), o principal centro de pensamento estratégico do Establishment dos EUA, acaba de divulgar um novo relatório sobre o Brasil, que não apenas contém diretrizes para a política estadunidense, como também explicita a visão dos autores sobre a posição brasileira no cenário global, no futuro próximo. A importância do documento pode ser aquilatada pelos autores, uma força-tarefa independente de luminares do Establishment encabeçada por Samuel W. Bodman, ex-secretário de Energia do governo Bush filho (2005-09) e James D. Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial (1995-2005).

Com a leitura do documento, um observador desavisado poderia ter a impressão de que o velho sonho de consumo de numerosos representantes da elite política e diplomática brasileira, um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), estaria a ponto de fazer-se realidade. Logo de início, o texto afirma: "A Força-Tarefa recomenda que o governo Obama endosse plenamente o Brasil como um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Força-Tarefa incentiva o governo a considerar as importantes dimensões regionais, multilaterais e de governança global de um tal passo, na medida em que engaje o Brasil em um intenso diálogo sobre este assunto."

O relatório também ressalta o papel do Brasil como "ator global", em função da importância da economia brasileira, especialmente, em função do crescimento populacional, seu enorme potencial de recursos naturais, especialmente na área energética - hídrica, petrolífera e nuclear -, potencial de produção alimentícia e papel emergente nos assuntos da ordem mundial, com ênfase em sua projeção frente à África.

Segundo o texto, "devido às massas terrestres, economias, populações e base de recursos de ambos os países, o Brasil e os EUA interagem, necessariamente, em um mundo crescentemente globalizado e multipolar".

O Brasil e o Conselho de Segurança da ONU

Entretanto, antes de se aprofundar a análise do contexto estratégico em que se inscreve o relatório do CFR, deve-se destacar que a proposta da inclusão do Brasil no clube dos membros permanentes do CSNU, não é apenas um reconhecimento objetivo da importância global do País, mas tem embutida uma intenção manifesta de cooptá-lo para um projeto de reestruturação do poder mundial em que permanecem intocados os axiomas fundamentais do atual sistema global. Por exemplo, o documento sequer menciona a crise do sistema financeiro e bancário internacional, que tem sido a base da hegemonia anglo-americana no cenário internacional e, na realidade, é o principal item de uma agenda de reformas necessária para proporcionar uma verdadeira mudança da ordem de poder mundial. E, muito menos, cita o inevitável recuo estratégico anglo-americano diante do visível fracasso das intervenções militares na Ásia Central e no Oriente Médio, que coloca em xeque a expansão da sua estratégia hegemônica baseada no controle de recursos naturais - diante da qual é bastante conveniente a opção de cooptar o Brasil como alternativa para o fornecimento desses recursos.

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