"No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho" é um trecho de um de seus poemas mais conhecidos.
Drummond
foi também cronista e contista, mas foi na poesia que mais se destacou. Foi o
poeta que melhor representou o espírito da Segunda Geração Modernista com
uma poesia de questionamento em torno da existência humana.
Infância e
Formação
Carlos
Drummond de Andrade nasceu dia trinta e um de outubro de 1902 e faleceu dia dezessete
de agosto de 1987.
Era filho dos proprietários rurais, Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta
Drummond de Andrade. Iniciou seus estudos em sua cidade natal e em 1916,
ingressou em um colégio interno em Belo Horizonte. Doente, regressou para
Itabira, onde passou a ter aulas particulares.
Em 1918, Drummond foi estudar em Nova
Friburgo, no Rio de Janeiro, também em colégio interno, mas foi expulso
por “insubordinação mental”.
De volta para Belo Horizonte, em
1921, começou a publicar artigos no Diário de Minas que reunia
adeptos do Movimento Modernista Mineiro. Em 1922, ganhou um prêmio de 50 mil
réis, no “Concurso da Novela Mineira”, com o conto Joaquim do Telhado.
Em 1923, por insistência de sua
família, Drummond matriculou-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e
Farmácia de Belo Horizonte. Em 1925 concluiu o curso, mas nunca exerceu a
profissão. Nesse mesmo ano, fundou A Revista, que se tornou um
veículo de afirmação do Modernismo Mineiro.
Drummond
lecionou português e Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe
agradava. Voltou para Belo Horizonte e empregou-se como redator no Diário de
Minas.
O poeta
Drummond
Em 1928, Drummond publicou o
poema No Meio do Caminho, na “Revista de Antropofagia”
de São Paulo, provocando um escândalo com a crítica da imprensa.
Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação pela repetição do
poema, como também pelo uso de "tinha uma pedra" em lugar de
"havia uma pedra":
No Meio do
Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse
acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Em 1930, dentro das diretrizes da
Segunda Geração Modernista, Drummond publicou seu primeiro
livro intitulado Alguma Poesia, no qual retrata a vida
cotidiana, as paisagens, as lembranças, com certo pessimismo, deixando
transparecer sua ironia e humor. Drummond abriu o livro com o Poema
de Sete Faces, que mostra sua inquietação e originalidade, que
veio a se tornar um dos seus poemas mais conhecidos:
Poema de Sete Faces
O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus porque me abandonaste,
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo,
Seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
Mais vasto é meu coração.
Eu não devia dizer,
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam agente comovido como o diabo.
NOTA: Drummond se referia a si mesmo com o apelido de “PAIACU”. Os paiacus são um grupo de nativos brasileiros que habitam a comunidade de Paripueira, no município cearense de Beberibe
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