sábado, 28 de outubro de 2023

Antônio Conselheiro e Fausto Nilo NASCERAM em Quixeramobim ! ! !

Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro – o Peregrino -, nasceu na Vila do Campo Maior em Quixeramobim, no Ceará, no dia 13 de março de 1830; morreu em Canudos, Bahia, no dia 22 de setembro de 1897. Foi um líder do movimento religioso que reuniu milhares de seguidores no arraial de Canudos. Esteve à frente da resistência na “Guerra de Canudos” que ocorreu na Bahia entre 1896 e 1897 e registrada no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha. Foi considerado um fanático religioso na época em que viveu, pois isto foi uma forma do governo republicano justificar o massacre perpetrado contra seus seguidores.

O pai era comerciante e sua mãe faleceu quando ele tinha seis anos. Ambos desejavam que o filho fosse sacerdote, um modo que as pessoas sem condição econômica tinham de estudar e ascender socialmente.

Antônio aprendeu a ler e a escrever, e era um leitor de histórias de santos, cavaleiros e místicos que circulavam no sertão. Lia muito, inclusive autores proibidos pela Inquisição.

Foi caixeiro viajante e andou por várias cidades do Nordeste. Com 27 anos perdeu o pai e sem aptidão assumiu o armazém da família, por pouco tempo.

Tendo que sustentar suas quatro irmãs, ele começou a dar aulas numa fazenda da região e também trabalhava em um cartório, onde exercia diversas funções.

Abandonado pela mulher, bem mais jovem que ele, entregou-se à vida errante fazendo pregações e dando conselhos, daí o seu apelido.

Percorreu várias cidades do Sertão do Nordeste. Esteve nos estados de Pernambuco, Sergipe e Bahia, onde fez fama de milagreiro. Demonstrava grande entendimento religioso e conquistou uma multidão de fanáticos que afirmavam que Antônio Conselheiro era um profeta enviado de Deus.

Foi acusado injustamente de homicídio e é preso. Quando sai da prisão, resolve sair pelo sertão nordestino recolhendo pedras para reconstruir igrejas e ir ao encontro dos “mal-aventurados”.

Os seguidores de Antônio Conselheiro eram formados por ex-escravos, indígenas despossuídos e trabalhadores explorados. Com seus fiéis, cada vez mais numerosos, constrói igrejas, açudes, pontes, cemitérios e sua autoridade cresce.

Deixa a vida de peregrino e fixa-se no arraial chamado Canudos que é rebatizado de Belo Monte.

Em 1874, Antônio Conselheiro e seus seguidores se instalaram no sertão da Bahia, perto da vila de Itapicuru de Cima, onde fundaram a primeira “cidade santa” o “Arraial do Bom Jesus”.

Incomodado, o Bispo da região distribuiu circular proibindo os fiéis de assistirem as pregações, que eram vistas como subversivas. Em 1887, o presidente da província tentou internar o Conselheiro num hospício de alienados no Rio de Janeiro, mas não conseguiu vaga.

Em 1893, quando o governo central autorizou os municípios a efetuarem a cobrança de impostos no interior, Antônio Conselheiro se colocou contra essa decisão e mandou que a população queimasse os editais.

A fazenda de Canudos

O grupo com aproximadamente duzentos fiéis foi perseguido pela polícia, que foi derrotada. A perseguição continuou e finalmente o grupo se instalou em uma fazenda abandonada, às margens do rio Vaza-Barris, no norte da Bahia, conhecida como “Canudos”.

A população do povoado de “Belo Monte” chegou a milhares de habitantes, que recuperaram a região, criavam animais e plantavam para o consumo. O misticismo religioso era outra saída para a miséria.

Guerra de Canudos

Canudos prosperou de forma incômoda para a polícia, para a igreja que perdia seus fiéis e para os grandes proprietários de terra e coronéis que viviam da exploração do trabalho daqueles homens. 

Padre e coronéis pressionavam o governo do estado da Bahia que continuou a perseguição e realizou diversas investidas. O primeiro ataque se deu em 1896, por iniciativa do governo da Bahia, o segundo se deu em 1897, comandado pelo Major Febrônio de Brito, e o terceiro, nesse mesmo ano, comandado pelo Coronel Antônio Moreira, todos sem sucesso.

Seguidores de Antônio Conselheiro

As sucessivas derrotas militares se explicam pelo fato de que a maioria dos soldados não conheciam a região das caatingas, tão familiar ao povo de Canudos. Além disso os homens de Conselheiro lutavam pela sobrevivência e pela salvação da alma, acreditando que aquela era uma "guerra santa" e que o reino dos céus era a compensação para os que nela morressem.

O presidente Prudente de Morais ordenou ao ministro da Guerra, marechal Bittencourt, que embarcasse para a Bahia e assumisse o controle das operações. A quarta e maior expedição, comandada pelo General Arthur de Andrade Guimarães, que contava com 4 mil soldados, finalmente derrotou o povo de Canudos. Durante o ataque, milhares de pessoas foram assassinadas. Conselheiro foi preso e decapitado. No dia 05 de outubro de 1897, o arraial que contava com 5.200 casebres, foi completamente destruído e incendiado.

A tragédia da Guerra de Canudos foi acompanhada por Euclides da Cunha, então correspondente do jornal O Estado de São Paulo, e registrada em seu livro “Os Sertões”, publicado em 1902.

Antônio Conselheiro morreu em Canudos, Bahia, no dia 22 de setembro de 1897.

Fonte - acesse https://www.ebiografia.com/antonio_conselheiro/




Fausto Nilo Costa Júnior nasceu cearense de Quixeramobim em  cinco de abril de 1944. Hoje é um dos maiores poetas e letristas do Brasil. Deixou a cidade natal, aos onze anos de idade, e foi para a capital, Fortaleza, onde viria a se formar em Arquitetura, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará.

Em 1971 mudou-se para Brasília e depois São Paulo e Rio de Janeiro. Gravou o primeiro grande sucesso, Fim do mundo, em 1972. É considerado até hoje, ao lado de Paulo César Pinheiro, Ivan Lins, Vítor Martins, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Roberto & Erasmo Carlos, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Noel Rosa, um dos compositores com maior número de composições, cerca de 400 sucessos.

O arquiteto de clássicos da música brasileira, autor de diversos clássicos da música brasileira nas mais variadas vozes, como Gal Costa, Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Ednardo, Nara Leão, Maria Bethânia, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Lulu Santos, Belchior, Amelinha, Simone, Fagner, entre tantos. Dominguinhos, Chico Buarque, Geraldo Azevedo, Chico César, Zeca Baleiro, são seus parceiros em muitas canções.

Músicas atuais como “Bloco do Prazer”, “Chão da Praça” e “Eu Também Quero Beijar”. Era ligado ao que se chamava Pessoal do Ceará, que na realidade não era um movimento, ao contrário do que muita gente pensa. Eu demorei muito para entrar. Era chamado para tudo, cada um tinha seu papel, e eu ia ser o arquiteto. Éramos envolvidos com arte e com a política estudantil.

Na época, muitos amigos meus morreram, foram torturados. Eu fiquei no plano do movimento estudantil, fui preso algumas vezes, mas não era propriamente um ativista mais radical. Me formei e, em 1972, fui morar em Brasília para dar aula na Faculdade de Arquitetura da UnB. Um dos jovens que estavam ali nessa época era o Fagner, que era bem mais novo que a gente. A convite do Belchior, ele estava indo para o Rio, iam dividir um apartamento em Copacabana e tentar a vida na música.

Fagner me pediu para fazer umas letras. Eu disse que não era poeta nem letrista, mas tivemos umas conversas até que experimentei fazer uma canção com ele. Ele me escreveu dizendo que nossa primeira canção ia ser gravada pela Marília Medalha, que era “Fim do Mundo”. Fiquei um pouco perturbadinho, porque pensei “se essa deu certo, será que eu sou autor mesmo, letrista?”

Um outro artista do grupo do Ceará, chamado Petrúcio Maia, me escreveu dizendo que eu tinha me revelado um grande letrista e pediu uma letra. Escrevi e mandei para ele uma letra chamada “Dorothy Lamour”, inspirada numa atriz americana dos anos 40, 50. Eu já estava envolvido com pensamentos anti-imperialistas, anti-americano, estava abandonando o cinema americano nessa época que fiz a letra. Aí aproveitei e fiz algo romântico usando a Dorothy Lamour como símbolo.

Essa música não é conhecida no Brasil, mas deu muito resultado em Fortaleza, foi gravada pelo Ednardo no início da carreira. Com essas duas, o Fagner me pediu outra. Fiz “Astro Vagabundo”, que saiu no segundo disco dele. Aí nasceu o meu jeito de fazer letra, e as pessoas perceberam isso. Com Fagner eu fiz também para esse segundo disco outra chamada “Retrato Marrom”, foi gravada ainda pelo Ney Matogrosso, muito tempo depois. E fui fazendo com eles, aumentou bastante a quantidade de músicas. Tem uma história que tenho 400, mas não me incomodo com isso não, eu deixo, repetem muito, porque é uma informação de 30 anos atrás. Eu devo ter umas 550 a 600 canções. Agora gravações tem mais de mil. Quando eu conheci Moraes, eu estava no Rio de Janeiro, um pouco antes de me mudar (para a cidade). Eu já conhecia Ivan Lins, Chico Buarque, mas eu mesmo não era conhecido, era apenas um parceiro do Fagner. Mas encontrei o Moraes na casa do Afonsinho, o craque (do Botafogo). Moraes estava passando uma temporada no apartamento dele, tinha saído dos Novos Baianos. Um dia eu fui lá com Abel Silva e o Fagner. Houve um momento que eu e Moraes ficamos conversando, falei pra ele que era de Quixeramobim, ele também falou que era do interior, houve uma espécie de código de identificação. 

A música “Bloco do Prazer” teve uma coisa muito bacana, que ele me chamou para ir no Carnaval, disse que eu tinha que ver a nossa música na massa. Aí eu fui e quando cheguei na Bahia, fiquei num hotelzinho pertinho do Carnaval. De manhã eu tinha sonhado que estava na Bahia e um trio elétrico passava tocando “Bloco do Prazer”, quando eu acordei era verdade, na frente do hotel estava tocando a música. Eu sai de bermuda, do jeito que estava e fui até a Praça Castro Alves correndo atrás do trio. E era um trio do subúrbio uma caminhonetezinha, toda amassada, velhinha, e umas as pessoas em cima cantando. Muito bacana, não esqueço nunca. Aí ele passava no trio lá em cima, uma hora me viu e falava comigo.  

Eu noto que os jovens às vezes ouvem um pedaço e passam para outra música. A obra não precisa se completar. São formas diferentes, mas eu tenho respeito. O que não chego a ter preconceito, mas o que não gosto muito de ouvir é o gênero popularesco. “Não sei o que do motel, do seu celular”. Não é censura com nada. Já falei coisas em letras de música que não era habitual que se falasse. Mas é como se houvesse um propósito sociológico dirigido a um grupo que foi estudado e são sensíveis aquelas palavras.  Umas músicas de um romantismo consumista. Não gosto muito, não tenho muita identificação. O que noto que não tem mais é uma coisa que na minha geração tinha muito: é você se juntar para ouvir junto uma música e conversar sobre ela.

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