MST completou 40 anos de luta pela terra no dia de ontem

Atualmente uma das demandas do movimento é que 200 mil famílias sejam assentadas até o fim do governo Lula - Foto: Gilvan Oliveira /MST
Após 4 décadas, MST é um dos maiores
movimentos populares da América Latina e o maior do Brasil
Há exatos 40 anos, na cidade de Cascavel (PR), pouco menos de 100 pessoas participavam de um encontro que fundaria o maior movimento popular camponês do país e um dos maiores da América Latina.
Quatro décadas depois, o MST - Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra, está organizado em 24 estados, com 185 cooperativas, 1,9
mil associações, 120 agroindústrias, cerca de 400 mil famílias assentadas e
outras 70 mil vivendo em acampamentos.
Em janeiro de 1985, no seu 1° Congresso Nacional, os sem-terra decidiram atuar sob os lemas "Terra para quem nela trabalha" e "Ocupação é a única solução". Cinco meses depois, 2,5 mil famílias participaram de 12 ocupações de latifúndios improdutivos em Santa Catarina.
Camponeses participam do I Congresso Nacional, no Paraná, um ano após a fundação do MST / Arquivo e Memória MST
Para o geógrafo Bernardo Mançano, autor, entre outros, do livro A formação do MST no Brasil (Editora Vozes) e pesquisador da entidade desde o início, o estado e os governos são as instituições que marcam os períodos mais difíceis para o movimento. Na sua visão, o momento mais crítico do MST foi nascer.
“O movimento nasce no seio da
ditadura. Ele já nasce com cicatrizes políticas de um processo que prendeu e
ceifou vidas, mas ainda assim consegue conquistar territórios e começar o
processo de espacialização da luta”, afirma Mançano.
Gilmar Mauro, um
dos coordenadores nacional, não esteve no encontro fundacional do MST em 1984,
mas se incorporou logo no ano seguinte, quando completou 18 anos. Nascido na
cidade de Capanema (PR), uma região de pequenos agricultores, Gilmar participou
da ocupação de Marmelheiro, que em 1986 se tornaria um assentamento
regularizado.
Esta
foi uma das tantas tomadas de latifúndio que o movimento realizou na região sul
logo depois que surgiu. Inspirados em experiências anteriores como a das Ligas
Camponesas e do Movimento dos Agricultores Sem Terra (MASTER), os fundadores
do MST definiram que ele seria nacional e teria três objetivos: a
luta por terra, pela reforma agrária e por transformação social.
Ação de distribuição de alimentos e combate à fome durante a pandemia de covid-19 em Florianópolis / Monte Serrat /Arquivo e Memória MST
“Tempos
depois, as pessoas foram entendendo o que significava isso: não era uma luta
simplesmente pelo reparto fundiário. Isso é essencial, porque parte do
movimento sindical e popular no mundo acho que cometeu equívocos por separar o
que considera luta econômica e luta política”, alega Carneiro.
“Tipo movimento sindical e popular devem fazer luta econômica e partido deve fazer luta política. Um movimento que se volta para este viés fica puramente economicista. E um partido que não tem vínculos com a realidade socioeconômica de um país vira uma burocracia” avalia, Gilmar Mauro.
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