O PRAZER DE LER !
por Jair Pimentel*
Tenho
esse hábito desde a infância, quando recebi de presente do meu pau, no
aniversário de 10 anos, a coleção de livros “O Mundo da Criança”. Providenciei
logo uma estante para colocar em meu quarto. Lia com prazer cada exemplar e, a partir
daí, sempre a cada aniversário, só queria ser presenteado com livros. Hoje, já
com uma biblioteca que conta com mais de dois mil livros, peço aos meus filhos
e netos, que só aceito ser presenteado com o que continuo achado ser o melhor
transmissor de conhecimento, mesmo com todo o avanço da Internet.
Fico
feliz quando leio nos jornais, que uma recente pesquisa com mais de 300
universitários nos EUA, Japão e Alemanha, a maioria (92%) prefere os livros
impressos aos e-books (via Internet), alegando que conseguem se concentrar mais
no texto de papel do que nas versões digitais. E mais: quando os pesquisadores
perguntaram aos estudantes sobre suas restrições a leitura na tela, eles
confessaram que gostam de saber o quanto já avançaram no livro em número de
páginas, alegando que é uma experiência totalmente diferente do notebook,
tablete e celular. Houve, ainda quem sentisse saudade da sensação de dever
cumprido ao olhar o livro na estante depois de lido, e os mais nostálgicos
lamentam a falta de cheiro do papel. Também relataram que no e-book se sentem
atraídos por outros estímulos, e o mais perigoso: cansaço nos olhos, dor de
cabeça e outros desconfortos físicos ao ler por muito tempo nas telas.
Em
minha casa, tanto em Viçosa, onde nasci, e em Maceió, nunca faltaram livros e
jornais. Meu pai era colunista de jornal e poeta, além de seu trabalho fixo
como funcionário público federal. Tinha ainda o gosto musical da família, com
radiola (rádio e passa disco) e os discos de vinil (LPs e compactos). A música
popular brasileira, sempre foi a preferida, incluindo os cantores Orlando
Silva, Sílvio Caldas, Nelson Gonçalves, Ataulfo Alves e Altemar Dutra
(preferidos de meu pai) e os meus: Beatles, Rolling Stones, Elvis Presley,
Caetano, Bethânia, Chico. Gil, Milton, Gal, Ellis, os cantores da Jovem Guarda,
e tantos outros. Criei meus filhos (um casal) assim, e hoje, já quarentões,
continuam com o mesmo gosto musical. Fico feliz quando vejo minha neta de 23
anos, cantarolando alguma música da minha juventude. É a concretização de que a
verdadeira música de qualidade, é imorredoura.
A
leitura, herdei de meu pai, meu avô, bisavô e trisavô. No Engenho Bananal, o
primeiro construído em Viçosa, os filhos de meu trisavô coronel Quintiliano
Vital, produziram o jornal “O Camponês”, com notícias sobre agricultura,
economia em geral e literatura. A primeira professora pública, foi Maria Pimentel, minha bisavó,
formada pela Escola Normal de Maceió. Meu avô era assinante do Jornal de
Alagoas, que chegava de Maceió na estação da Vila de Anel diariamente, e um dos
moradores dele, já estava esperando. Logo que recebia, meu avô lia em voz alta
para uma plateia de trabalhadores rurais. Uma verdadeira aula de cidadania!
Assim faço em minha Biblioteca Escola, levando os jornais que escrevo na coluna
da “Tribuna Independente” e “Folha de Alagoas”. Também dou aulas sobre
História, Geografia, Sociologia, Redação, Atualidades e Economia Doméstica. As
aulas são aos sábados, quando crianças e adolescentes estão fora de suas
escolas convencionais. Recebo também nos fins de semana, muitos visitantes das cidades
vizinhas e de Maceió, para a Biblioteca e o Museu, com dezenas de peças raras
dos séculos XVIII, XIX e primeira metade do século XX.
* Jair Pimentel é
jornalista, escritor e professor.
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