Procurador confirma ao Correio autenticidade
de mensagens sobre Moro
Sérgio Moro e Dallagnol
questionam os diálogos publicados pelo The Intercept
Em nota divulgada no final da tarde de ontem (29), a Associação Nacional
dos Procuradores da República (ANPR) "alerta a sociedade sobre a
impossibilidade de considerar como verdadeiras" mensagens divulgadas
pelo site The Intercept em que
procuradores da República fazem críticas ao ministro Sérgio Moro. Ouvido pelo Jornal "Correio Braziliense", um procurador, porém, confirma, que as mensagens sobre Moro são
verdadeiras.
Integrantes da força-tarefa da Lava-Jato revelam preocupações com a
possibilidade de que o então juiz Sérgio Moro aceitasse convite para compor a
equipe de ministros do presidente Jair Bolsonaro.
Nas mensagens publicadas, a procuradora Monique Cheker critica a
condução dos processos da Lava-Jato pelo ministro na época em que ele era juiz
no Paraná. "Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus
resultados", teria dito Monique.
Em um grupo no aplicativo Telegram, os
procuradores teriam demonstrado preocupação com o fato de Moro marcar encontros
com o presidente Jair Bolsonaro após o resultado das eleições do ano passado.
Um dos que
participam do diálogo é o procurador Alan Mansur, coordenador da Lava-Jato no
Paraná. Ele revela temor com a ida de Moro para o Ministério da Justiça.
"Tem toda a técnica e conhecimento para ser um excelente ministro da
Justiça. E tentar colocar em prática tudo que ele acredita. Porém, o fato de
ter aceitado, neste momento, entrar na política e desta forma, é muito ruim pra
imagem de imparcialidade do sistema de justiça e MP em geral”, disse.
Minutos
antes de a reportagem entrar no ar, o jornalista Glenn Greenwald, do The
Intercept,
apresentou a reprodução de uma conversa, citando o procurador Ângelo Goulart
Villela. A matéria publicada, porém, citou na verdade Ângelo Augusto Costa, um
homônimo. Pelo Twitter, Sérgio Moro afirmou que as controvérsias da publicação
revelam que as mensagens não ocorreram. "Isso só reforça que as mensagens
não são autênticas e que são passíveis de adulteração. O que se tem é um balão
vazio, cheio de nada. Até quando a honra e a privacidade de agentes da lei vão
ser violadas com o propósito de anular condenações e impedir investigações
contra corrupção?", disse.
No
posicionamento divulgado, a ANPR ressaltou a "preocupação quanto à
divulgação de mensagens atribuídas a integrantes do Ministério Público Federal
com indícios de terem sido adulteradas e de serem oriundas de crime
cibernético". A entidade destacou ainda que se "manterá implacável na
defesa das prerrogativas funcionais dos procuradores da República, garantidas
pela Constituição para que eles possam defender, com independência e autonomia,
a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais
indisponíveis".
Veracidade
Ao Jornal "Correio
Braziliense",
um dos procuradores que estava no grupo em que ocorreram as conversas, disse,
sob a condição de anonimato, que os trechos divulgados são verdadeiros. “Me
recordo dos diálogos com os procuradores apontados pelo site. O grupo não
existe mais. No entanto, me lembro do debate em torno do resultado das eleições
e da expectativa sobre a ida de Moro para o Ministério da Justiça", disse.
O integrante do Ministério Público Federal (MPF) também declarou que
conseguiu recuperar parte do conteúdo. "Consegui recuperar alguns arquivos
no celular. Percebi que os trechos divulgados não são de diálogos completos.
Tem mensagens anteriores e posteriores às que foram publicadas. No entanto,
realmente ocorreram. Não posso atestar que tudo que foi publicado até agora é
real e não sofreu alterações. No entanto, aquelas mensagens que foram
publicadas ontem (sexta) são autênticas”, completou.
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