segunda-feira, 10 de junho de 2019

Artigo de Mino Carta sobre 'bozo' ! ! !

Bolsonaro não é ultradireitista, soberanista, fascista. Ele é demente ! 

OPINIÃOde mINO CARTA

Não há como definir a ideologia bolsonarista, somente cabe dizer que com o eleito em 2018 pela maioria a demência tornou-se forma de governo

Tenho a dolorosa certeza de que os analistas da monstruosa crise provocada pelo golpe de 2016, impulsionado desde 2014 pela Lava Jato e obrado pelos próprios poderes da República, e finalmente coroado pela eleição de Jair Bolsonaro, nada sabem a respeito do seu país. Para citar um exemplo recente, leio noEstadãode sábado 1º de junho que, em visita a Goiás, o capitão defendeu a “agenda conservadora”. Conservadora? Salvo raras exceções, jornalistas, colunistas, pensadores dos mais diversos matizes imaginam viver em outro lugar que não o Brasil.

Uma terminologia viável até hoje em países democráticos e civilizados não se adapta às nossas circunstâncias: conservadores e progressistas não medram por aqui. Esquerda e direita são termos inaceitáveis quando a casa-grande e a senzala continuam de pé. Não há como definir a ideologia bolsonarista, somente cabe dizer que com o eleito em 2018 pela maioria a demência tornou-se forma de governo. Bolsonaro não é ultradireitista, soberanista, fascista. Ele é demente. A irreparável enfermidade que o acomete, e aos filhos, e ao governo em peso, a sua incapacidade política, a sua ignorância abissal, a sua visão primitiva do mundo, o seu temperamento atrabiliário o impossibilitam definitivamente a cumprir a tarefa que os eleitores lhe entregaram e que os generais garantem. Temos razões de sobra para temer, entretanto que o Brasil o mereça, imerso cada vez mais em uma Idade Média dos tempos mais obscuros.

Cabem no cenário a jactância cômica dos privilegiados que já sonharam com Paris e hoje com Miami, o ódio social e de classe insopitável e de inaudita ferocidade, enquanto os desvalidos, a maioria sofredora e resignada, sem consciência da cidadania, não percebem o destino que lhe reservou uma distribuição de renda iníqua e a incompetência de uma pretensa esquerda.


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Vigorava a lei racial ditada por Hitler, amigos judeus dos meus pais, no entanto, levavam uma vida normal. Basta uma morte na consciência para condenar um ser humano e não busco desculpas ao observar que 8 mil judeus italianos chegaram aos campos de extermínio, enquanto foram 200 mil os franceses durante o governo do general Petain. A diferença explica-se à luz do temperamento e dos humores peninsulares. Derrubado, em julho de 1943, pelos integrantes do Grande Conselho do Fascismo, encabeçados por Dino Grandi e Galeazzo Ciano, na perspectiva da iminente derrota fruto da aliança com Hitler, o Duce foi preso em uma fortaleza dos Apeninos, da qual seria libertado por um comando nazista para fundar no norte a República de Saló, cujos janízaros prenderam meu pai em abril de 1944. Mussolini morreu fuzilado pelos partigiani ao fugir para a Suíça, juntamente com a amante, e acabou pendurado de cabeça para baixo na bomba de gasolina de uma praça periférica de Milão. Conto isso tudo para sublinhar que semelhança entre Mussolini e Bolsonaro não há alguma, mesmo porque a Itália não é o Brasil.

Aqui, entre os opositores de Bolsonaro, ainda há quem acredite na conciliação das elites, como se a porta da mansão pudesse se abrir para quem se preocupa com a sorte do povo. CartaCapital sabe o quanto a ideia é falaciosa, daí nosso apoio incondicional à greve geral convocada para o próximo dia 14. Esperamos que o recente exemplo argentino seja imitado e que saiba expor sua repulsa ao bolsonarismo, à sua patética veia totalitária, ao seu desvairado entreguismo, à sua incurável demência.

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