sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Tenham calma - SE É QUE SEJA POSSÍVEL - fanáticos e extremistas ! ! !

Apaziguem-se fanáticos e extremistas

Por Marcos Davi Melo. médico e membro da AAL e do IHGAL 

Voltaire escreveu: “Quando o fanatismo gangrena o cérebro, a enfermidade é incurável’. A invasão do Capitólio por extremistas de direita, quebrando uma tradição de civilidade de mais de 200 anos da maior democracia mundial, não é um fenômeno isolado, vem no bojo de uma crise internacional enfrentada por democracias. E não se dá em torno da antiga disputa entre esquerda e direita, mas entre os que defendem a democracia e a extrema-direita radical. A pandemia de COVID-19 foi um fator para incrementá-la, desde que foi usada políticamente por governos com viés extremista, como é o caso de Trump. 

Embora se manifeste como um fenômeno coletivo, o radicalismo/extremismo tem as suas características individuais, que têm sido estudadas pela psicologia social: o extremista tem uma obsessão descontrolada por um conceito, um personagem ou uma pessoa, fazendo-o aderir incondicionalmente àquela causa, quando então ele perde qualquer noção de ridículo e se dispõe a fazer o que for preciso para defender aquelas alogias.  

Na cabeça desorganizada de um fanático/extremista existe muita agressividade, intransponível dificuldade para escutar, profunda estreiteza mental, pensamento dicotômico, desagregado e dispersivo. Eles só se sentem realizados e seguros entre o seu grupo de fanáticos/extremistas, onde dividem o mundo entre os que pensam como eles e os que pensam diferente, que são tratados como inimigos. A neuroquímica propõe que esses fanáticos se retroalimentam constantemente através da dopamina liberada em seus cérebros todas as vezes que entram em uma espécie de transe com os seus delírios. Faltam-lhes empatia e compaixão com os “inimigos”, e com o restante da humanidade, mesmo que ela esteja sendo dizimada pelo COVID-19. 

Nietzsche escreveu: “O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos e ressentidos”, como se vê entre os fanáticos/extremistas. Eles se encerram em convicções absolutistas e teorias da conspiração (a televisão tal, a imprensa, a OMS, a Lancet, o Bill Gates são comunistas globalistas unidos...) para não ter de lidar com as suas fragilidades e limitações pessoais, como a sua aversão ao estudo e à leitura, e sua rejeição à ciência: extremistas são negacionistas, recomendam remédios sem comprovação científica e são contra as vacinas. Preconizam soluções radicais e reacionárias, mas que não expressam o pensamento da direita civilizada e nem do Partido Republicano de tradição conservadora e democrática.

Lá nos EUA, os extremistas de direita estão deixando o poder, mas continuarão perseverando pelo radicalismo. Cá, desde o primeiro dia do atual governo federal eles demonstram a sua obsessão pela destruição da democracia; pregam golpe militar, o descrédito e o fechamento das instituições democráticas, como o STF (atacado por terroristas de extrema-direita) e o Congresso, e disseminam as fake news desavergonhadamente. Eles estão em todos os lugares e bem perto de todos nós. A fake news de suspeição das urnas eletrônicas e da defesa do voto impresso, as denúncias infundadas de fraudes nas eleições norte-americanas, a ”ligação pessoal” a escroques como Trump, exigem que fiquemos permanentemente ALERTAS aos fascistas e suas mentes gangrenadas. Far-se-á indispensável apaziguar os fanáticos/extremistas para evitar o caos e o uso rigoroso de todos os instrumentos da democracia para barrar os seus delírios extremistas de se perpetuar no poder pela destruição da democracia.

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