quinta-feira, 19 de julho de 2018

Carrero lança livro no 28º FIG ! ! !

Raimundo Carrero lança tetralogia no Festival de Inverno de Garanhuns
Livro 'Condenados à vida' representa um painel da vida social, econômica e política de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil. Obra editada pela CEPE e também chega à FLIP, em Paraty (Rio de Janeiro)
 
Por: Mariana Mesquita, da Folha de Pernambuco

Foto: Anderson Stevens / Folha de Pernambuco
"Agora, o público e a crítica vão poder ter uma visão mais completa da minha obra e daquilo que tentei construir". A frase do premiado escritor Raimundo Carrero resume a importância de "Condenados à Vida", que reúne quatro livros produzidos de janeiro de 1988 a janeiro de 2018.

A obra está sendo lançada neste sábado (21), durante o 28º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), no qual Carrero terá seus 70 anos celebrados. Logo na sequência, no dia 27 de julho, o autor irá para o Rio de Janeiro, onde participa de novo lançamento na Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP).



"Condenados à Vida" representa um painel da vida social, econômica e política de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil, realizando uma crítica forte sobre as relações humanas, intrafamiliares e entre pessoas de vários níveis sociais. A série é formada por quatro romances que se relacionam mas podem ser lidos de forma independente, e abriu com "Maçã Agreste" (1989), que mostra a união entre Ernesto e Dolores Cavalcanti do Rego, dando início à saga familiar.
 
No romance seguinte, "Somos pedras que se consomem" (1995), Carrero conta a história dos filhos, Isis e Leonardo, irmãos que se tornam amantes. "Eles dão início à decadência moral da família e funcionam como uma metáfora do que acontece na sociedade em geral", diz o escritor, que confessa ter se inspirado no mito dos deuses egípcios Isis e Osíris, irmãos que também promovem uma união amorosa entre si.
 
No terceiro volume, "O amor não tem bons sentimentos" (2008), se destaca o amor entre Guilhermina e Matheus, que são tia e sobrinho, sob o ponto de vista de Matheus. A união incestuosa deságua em "Tangolomango" (2013), que traz o relato de Guilhermina e baseia suas reflexões no Carnaval. "O termo 'tangolomango' é uma espécie de dança, registrada por Lima Barreto no seu livro 'Triste fim de Policarpo Quaresma'. O tangolomango é o Galo da Madrugada desfilando. É o grande carnaval de Pernambuco e, também, de tia Guilhermina e Matheus", descreve Carrero.

Crítica de costumes 

 

O escritor conta que, ao longo de 30 anos de trabalho, tentou realizar um exame da elite nordestina. Embora muitos associem sua temática a Nelson Rodrigues, Raimundo Carrero diz que a fonte vai mais além. "Não há referência a Nelson. Na verdade, os dois nos inspiramos no teatro de Henrik Ibsen, um dramaturgo norueguês do século 19 que costumava tocar nesses assuntos incríveis como incesto e família desajustadas", comenta.

Carrero admite que sua fixação nesses temas chegaram a incomodar a sua própria família. "Precisei de muito tempo para descobrir por que esse elemento escatológico era tão presente nos meus textos. Há muito pouco tempo percebi que tudo isso vinha do teatro de Ibsen, que eu li todo ou quase todo quando era menino. O meu irmão mais velho, Francisco, me deixou uma enorme biblioteca, e nela havia os livros de Ibsen, em especial uma peça que sempre me tocou muito, 'Casa de Bonecas'", explica.

Serviço:
Lançamento da tetralogia "Condenados à Vida" (Companhia Editora de Pernambuco, 704p. Livro impresso: R$ 80 -  E-book: R$ 24,00)
Praça da Palavra, Centro
Quando: 21 de julho, às 19h30
 

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