Raimundo Carrero lança tetralogia no Festival de Inverno de Garanhuns
Livro 'Condenados à vida'
representa um painel da vida social, econômica e política de Pernambuco, do
Nordeste e do Brasil. Obra editada pela CEPE e também chega à FLIP, em Paraty
(Rio de Janeiro)
Por: Mariana
Mesquita, da Folha de Pernambuco
Foto:
Anderson Stevens / Folha de Pernambuco
"Agora, o
público e a crítica vão poder ter uma visão mais completa da minha obra e
daquilo que tentei construir". A frase do premiado escritor Raimundo
Carrero resume a importância de "Condenados à Vida",
que reúne quatro livros produzidos de janeiro de 1988 a janeiro de 2018.
A obra está sendo lançada neste sábado (21), durante o 28º
Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), no qual Carrero terá
seus 70 anos celebrados. Logo na sequência, no dia 27 de julho, o autor irá
para o Rio de Janeiro, onde participa de novo lançamento na Feira
Literária Internacional de Paraty (FLIP).
"Condenados
à Vida" representa um painel da vida social, econômica e política
de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil, realizando uma crítica forte sobre as
relações humanas, intrafamiliares e entre pessoas de vários níveis sociais. A
série é formada por quatro romances que se relacionam mas
podem ser lidos de forma independente, e abriu com "Maçã Agreste"
(1989), que mostra a união entre Ernesto e Dolores Cavalcanti do Rego, dando
início à saga familiar.
No romance
seguinte, "Somos pedras que se consomem" (1995), Carrero
conta a história dos filhos, Isis e Leonardo, irmãos que se tornam
amantes. "Eles dão início à decadência moral da família e funcionam como
uma metáfora do que acontece na sociedade em geral", diz o escritor,
que confessa ter se inspirado no mito dos deuses egípcios Isis e Osíris, irmãos
que também promovem uma união amorosa entre si.
No terceiro
volume, "O amor não tem bons sentimentos" (2008), se destaca o amor
entre Guilhermina e Matheus, que são tia e sobrinho, sob o ponto de vista de
Matheus. A união incestuosa deságua em "Tangolomango" (2013), que
traz o relato de Guilhermina e baseia suas reflexões no Carnaval. "O termo
'tangolomango' é uma espécie de dança, registrada por Lima Barreto no seu livro
'Triste fim de Policarpo Quaresma'. O tangolomango é o Galo da Madrugada desfilando.
É o grande carnaval de Pernambuco e, também, de tia
Guilhermina e Matheus", descreve Carrero.
Crítica
de costumes
O escritor
conta que, ao longo de 30 anos de trabalho, tentou realizar um exame da elite
nordestina. Embora muitos associem sua temática a Nelson Rodrigues, Raimundo
Carrero diz que a fonte vai mais além. "Não há referência a
Nelson. Na verdade, os dois nos inspiramos no teatro de Henrik Ibsen, um
dramaturgo norueguês do século 19 que costumava tocar nesses assuntos incríveis
como incesto e família desajustadas", comenta.
Carrero admite que sua fixação nesses temas chegaram a
incomodar a sua própria família. "Precisei de muito tempo para descobrir
por que esse elemento escatológico era tão presente nos meus textos. Há muito
pouco tempo percebi que tudo isso vinha do teatro de Ibsen, que eu li todo ou
quase todo quando era menino. O meu irmão mais velho, Francisco, me deixou uma
enorme biblioteca, e nela havia os livros de Ibsen, em especial uma peça que
sempre me tocou muito, 'Casa de Bonecas'", explica.
Serviço:
Lançamento da tetralogia "Condenados à Vida" (Companhia Editora de
Pernambuco, 704p. Livro impresso: R$ 80 - E-book: R$ 24,00)
Praça da Palavra, Centro
Quando: 21 de julho, às 19h30
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