
Lula é carregado
pelo povo após discurso em São Bernardo / Francisco Proner/Foto Coletivo
Discurso histórico de
Lula em São Bernardo
Ex-presidente falou a milhares de apoiadores
em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
"Em 1979, esse sindicato fez uma
das greves mais extraordinárias. E nós conseguimos fazer um acordo com a
indústria automobilística que foi talvez o melhor possível. E eu tinha uma
comissão de Fábrica com 300 trabalhadores. O acordo era bom. E eu resolvi levar
o acordo para Assembleia. E resolvi pedir pra comissão de fábrica ir mais cedo
para conversar com a peãozada. Eu fazia assembleia de manhã pra evitar que o
pessoal bebesse um pouquinho a tarde, porque quando a gente bebe um pouquinho,
a gente fica mais ousado.
Mesmo assim não evitava, porque o
cara levava litro de conhaque dentro da mala e, quando eu passava, tomava uma
‘dosinha’ para a garganta ficar melhor - coisa que não aconteceu hoje.
Pois bem, nós começamos a colocar o
acordo em votação e 100 mil pessoas no Estádio da Vila Euclides não aceitavam o
acordo. Era o melhor possível. A gente não perdia dia de férias, não perdia
décimo terceiro e tinha 15% de aumento. Mas a peãozada 'tava' tão radicalizada
que queria 83% ou nada. E não conseguimos. E passamos um ano sendo chamado de
pelego pelos trabalhadores. A gente, Guilherme, ia na porta de fábrica… [Lula
começa a fazer saudações diversas]. Então, companheiros e companheiras, nós
conseguimos… os trabalhadores não aprovaram o acordo… [interrupção para
atendimento médico a pessoa na multidão].
Eu ia dizendo pra vocês que nós não
conseguimos aprovar a proposta que eu considerava boa e o pessoal então passou
a desrespeitar a diretoria do Sindicato. Eu ia na porta da fábrica e ninguém
parava.
E a imprensa escrevia: “Lula fala
para os ouvidos moucos dos trabalhadores”.
Nós levamos um ano para recuperar o
nosso prestígio na categoria. E eu fiquei pensando com ar de vingança: “Os
trabalhadores pensam que eles podem fazer 100 dias de greve, 400 dias de greve,
que eles vão até o fim. Pois eu vou testá-los em 1980”.
E fizemos a maior greve da nossa
história. A maior greve. 41 dias de greve. Com 17 dias de greve, fui preso. Os
trabalhadores começaram, depois de alguns dias, a furar greve. Eu sei que Tuma,
eu sei que o doutor Almir e eu sei que o Teotônio Vilela iam dentro da cadeia e
falavam assim pra mim: “Ô, Lula, cê precisa acabar com a greve, cê precisa dar
um conselho para acabar com a greve”. E eu dizia: “Eu não vou acabar com a
greve. Os trabalhadores vão decidir por conta própria”.
O dado concreto é que ninguém
aguentou 41 dias porque, na prática, o companheiro tinha que pagar leite, tinha
que pagar a conta de luz, tinha que pagar gás, a mulher começou a cobrar o
dinheiro do pão, ele então começou a sofrer pressão e não aguentou. Mas é
engraçado porque, na derrota, a gente ganhou muito mais sem ganhar
economicamente do que quando a gente ganhou economicamente. Significa que não é
dinheiro que resolve o problema de uma greve, não é 5%, não é 10%, é o que está
embutido de teoria política, de conhecimento político e de tese política numa
greve.
"Significa que
não é dinheiro que resolve o problema de uma greve, não é 5%, não é 10%, é o
que está embutido de teoria política, de conhecimento político e de tese
política numa greve"
Agora, nós estamos quase que na mesma
situação. Quase que na mesma situação. Eu tô sendo processado e eu tenho dito
claramente: “O processo do meu apartamento, eu sou o único ser humano que sou
processado por um apartamento que não é meu”. E ele sabe que o Globo mentiu
quando disse que era meu. A Polícia Federal da Lava Jato, quando fez o
inquérito, mentiu que era meu. O Ministério Público, quando fez a
acusação, mentiu dizendo que era meu. E eu pensei que o Moro ia resolver e
ele mentiu dizendo que era meu e me condenou a nove anos de cadeia.
É por isso que eu sou um cidadão
indignado, porque eu já fiz muita coisa com meus 72 anos. Mas eu não os perdoo
por ter passado para a sociedade a ideia de que eu sou um ladrão. Deram a
primazia dos bandidos fazerem um pixuleco pelo Brasil inteiro. Deram a primazia
dos bandidos chamarem a gente de petralha. Deram a primazia de criar quase um
clima de guerra, negando a política nesse país. E eu digo todo dia: nenhum
deles, nenhum deles, tem coragem ou dorme com a consciência tranquila da
honestidade, da inocência que eu durmo. Nenhum deles. [Aplausos].
Eu não estou acima da Justiça. Se eu
não acreditasse na Justiça, eu não tinha feito partido político. Eu tinha
proposto uma revolução nesse país. Mas eu acredito na Justiça, numa Justiça
justa, numa Justiça que vota um processo baseado nos autos do processo, baseado
nas informações das acusações, das defesas, na prova concreta que tem a arma do
crime.
O que eu não posso admitir é um
procurador que fez um Powerpoint e foi pra televisão dizer que o PT é uma
organização criminosa que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula, por ser a
figura mais importante desse partido, o Lula é o chefe e, portanto, se o
Lula é o chefe, diz o procurador, “eu não preciso de provas, eu tenho
convicção”. Eu quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas
deles, para os asseclas dele e não para mim. Certamente, um ladrão não
estaria exigindo prova. Estaria de rabo preso com a boca fechada torcendo para
a imprensa não falar o nome dele.
Eu tenho mais de 70 horas de Jornal
Nacional me triturando. Eu tenho mais de 70 capas de revista me atacando. Eu
tenho milhares de páginas de jornais e matérias me atacando. Eu tenho mais
a Record me atacando. Eu tenho mais a Bandeirantes me atacando, eu tenho a
rádio do interior me atacando. E o que eles não se dão conta é que, quanto mais
eles me atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro.
"E o que eles
não se dão conta é que, quanto mais eles me atacam, mais cresce a minha relação
com o povo brasileiro"
Eu não tenho medo deles. Eu até já
falei que gostaria de fazer um debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez
contra mim. Eu gostaria que ele me mostrasse alguma coisa de prova. Eu já
desafiei os juízes do TRF4 que eles fossem prum debate na universidade que eles
quiserem, no curso que eles quiserem, provar qual é o crime que eu cometi nesse
país. E eu, às vezes, tenho a impressão - e tenho a impressão porque eu sou um
construtor de sonhos. Eu há muito tempo atrás sonhei que era possível governar
esse país envolvendo milhões e milhões de pessoas pobres na economia, envolvendo
milhões de pessoas nas universidades, criando milhões e milhões de empregos
nesse país. Eu sonhei, eu sonhei que era possível um metalúrgico, sem
diploma universitário, cuidar mais da educação que os diplomados e concursados
que governaram esse país. Eu sonhei que era possível a gente diminuir a
mortalidade infantil levando leite feijão e arroz para que as crianças pudessem
comer todo dia. Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e
colocá-los nas melhores universidades desse país para que a gente não tenha
juiz e procuradores só da elite. Daqui a pouco vamos ter juízes e
procuradores nascidos na favela de Heliópolis, nascidos em Itaquera, nascidos
na periferia. Nós vamos ter muita gente dos Sem Terra, do MTST, da CUT
formados.
Esse crime eu cometi.
Eu cometi esse crime e eles não
querem que eu cometa mais. É por conta desse crime que já tem uns dez processos
contra mim. E se for por esses crimes, de colocar pobre na universidade, negro
na universidade, pobre comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião,
pobre fazer sua pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa
própria. Se esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou continuar sendo
criminoso nesse país porque vou fazer muito mais. Vou fazer muito mais. [Povo
começa a gritar “Lula, guerreiro do povo brasileiro]
"Eu sonhei que
era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los nas melhores
universidades desse país para que a gente não tenha juiz e procuradores só da
elite"
Companheiros e companheiras, eu, em
1986, fui o deputado constituinte mais votado na história do país. E, na época,
havia uma desconfiança de que só tinha poder no PT quem tinha mandato.. Quem
não tivesse mandato era tido… [começa a fazer saudações]. Então companheiros,
quando eu percebi que o povo desconfiava que só tinha valor no PT quem era
deputado, Manuela e Guilherme, sabe o que eu fiz? Deixei de ser deputado.
Porque eu queria provar ao PT que ia continuar sendo a figura mais importante
do PT sem ter mandato. Porque se alguém quiser ganhar de mim no PT só tem um
jeito: é trabalhar mais do que eu e gostar do povo mais do que eu, porque,
se não gostar, não vai ganhar.
Pois bem: nós agora estamos num
trabalho delicado. Eu talvez viva o momento de maior indignação que um ser
humano vive. Não é fácil o que sofre a minha família. Não é fácil o que sofrem
meus filhos. Não é fácil o que sofreu a Marisa. E eu quero dizer que a
antecipação da morte da Marisa foi a safadeza e a sacanagem que a imprensa e o Ministério
Público fizeram contra ela. Eu tenho certeza. Essa gente eu acho que não tem
filho, não tem alma e não tem noção do que sente uma mãe ou um pai quando vê um
filho massacrado, quando vê um filho sendo atacado.
Eu então, companheiros, resolvi
levantar a cabeça. Não pense que eu sou contra a Lava Jato não. A Lava Jato, se
pegar bandido, tem que pegar bandido mesmo que roubou e prender. Todos nós
queremos isso. Todos nós, a vida inteira, dizíamos: “A Justiça só prende pobre,
não prende rico”. Todos nós dizíamos. E eu quero que continue prendendo rico.
Eu quero. Agora, qual é o problema? É que você não pode fazer
julgamento subordinado à imprensa. Porque, no fundo, no fundo, você
destrói as pessoas na sociedade, na imagem da pessoas e depois os juízes vão
julgar e vão dizer “eu não posso ir contra a opinião pública que tá pedindo pra
caçar”. Quem quiser votar com base na opinião pública, largue a toga e vá ser
candidato a deputado, escolha um partido político e vá ser candidato. Ora, a
toga ela é o emprego vitalício. O cidadão tem que votar apenas com base nos
autos do processo, aliás eu acho que ministro da Suprema Corte não deveria dar
declaração de como vai votar. Nos EUA, termina a votação e você não sabe em
quem o cidadão votou exatamente para que ele não seja vítima de pressão.
"Quero dizer
que a antecipação da morte da Marisa foi a safadeza e a sacanagem que a
imprensa e o Ministério Público fizeram contra ela"
Imagina um cara sendo acusado de
homicídio e não tenha sido ele o assassino. O que a família do morto quer? Que
ele seja morto, que ele seja condenado. Então, o juiz tem que ter,
diferentemente de nós, a cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer a
acusação ou de condenar. O Ministério Público é uma instituição muito forte.
Por isso, esses meninos que entram muito novo, fazem um curso direito e depois
faz três anos de concurso porque o pai pode pagar, esses meninos precisavam
conhecer um pouco da vida, um pouco de política, para fazer o que eles fazem na
sociedade brasileira.
Tem uma coisa chamada
responsabilidade. E não pense que quando eu falo assim [quer dizer que] eu sou
contra. Eu fui presidente e indiquei quatro procuradores e fiz discurso em
todas as posses. Eu dizia: “Quanto mais forte for a instituição, mais
responsável os seus membros têm que ser”. Você não pode condenar a pessoa pela
imprensa para depois julgá-la. Vocês estão lembrados de que, quando eu fui
prestar depoimento lá em Curitiba, eu disse para o Moro: “Você não tem
condições de me absolver porque a Globo tá exigindo que você me condene e você
vai me condenar".
Pois bem, eu acho que tanto o TRF4,
quanto o Moro, a Lava Jato e a Globo, eles têm um sonho de consumo. O sonho de
consumo é que, primeiro, o golpe não terminou com a Dilma. O golpe só vai
concluir quando eles conseguirem convencer que o Lula não possa ser candidato
à presidência da república em 2018. Não é que eu não vou ser, eles não
querem que eu participe porque existe a possibilidade de cada um se
eleger. Eles não querem o Lula de volta porque pobre na cabeça deles não
pode ter direito. Não pode comer carne de primeira. Pobre não pode andar de
avião. Pobre não pode fazer universidade. Pobre nasceu, segundo a lógica deles,
para comer e ter coisas de segunda categoria.
"Eles não
querem o Lula de volta porque pobre, na cabeça deles, não pode ter
direito"
Então, companheiros e companheiras, o
outro sonho de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Ah, eu fico
imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o
tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos
múltiplos.
Eles decretaram a minha prisão. E
deixa eu contar uma coisa pra vocês: eu vou atender o mandado deles. E vou
atender porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade. Eles acham
que tudo que acontece neste país acontece por minha causa. Eu já fui condenado
a 3 anos de cadeia porque um juiz de Manaus entendeu que eu não preciso de
arma, eu tenho uma língua ferina, então precisa me calar, porque se não me
calar, ele vai continuar falando frases como eu falei, "tá chegando a
hora da onça beber água", e os camponeses mataram um fazendeiro e eles
achavam que era a senha.
Eles já tentaram me prender por
obstrução de justiça, não deu certo. Eles agora querem me pegar numa prisão
preventiva, que é uma coisa mais grave, porque não tem habeas corpus. O Vaccari
já tá preso há três anos. O Marcelo Odebrecht gastou R$ 400 milhões e não teve
habeas corpus. Eu não vou gastar um tostão. Mas vou lá com a seguinte crença:
eles vão descobrir pela primeira vez o que eu tenho dito todo dia. Eles não
sabem que o problema deste país não se chama Lula, o problema deste país
chama-se vocês, a consciência do povo, o Partido dos Trabalhadores, o PCdoB, o
MST, o MTST, eles sabem que tem muita gente.
E aquilo que a nossa pastora disse, e
eu tenho dito em todo discurso, não adianta tentar me impedir de andar por este
país, porque têm milhões e milhões de Boulos, de Manuelas, de Dilmas Rousseffs
neste país para andar por mim.
Não adianta tentar acabar com as
minhas ideias, elas já estão pairando no ar e não tem como prendê-las.
Não adianta parar o meu sonho, porque
quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelos sonhos de
vocês.
Não adianta achar que tudo vai parar o dia que o
Lula tiver um infarto, é bobagem, porque o meu coração baterá pelos corações de
vocês, e são milhões de corações.
Não adianta eles acharem que vão
fazer com que eu pare, eu não pararei porque eu não sou um ser humano, sou uma
ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês. E eu tenho certeza
que companheiros como os sem-terra, o MTST, os companheiros da CUT e do
movimento sindical sabem. E esta é uma prova, esta é uma prova. Eu
vou cumprir o mandado e vocês vão ter de se transformar, cada um de vocês,
vocês não vão se chamar chiquinho, zezinho, joãozinho, albertinho… Todos vocês,
daqui pra frente, vão virar Lula e vão andar por este país fazendo o que vocês têm
que fazer e é todo dia! Todo dia!
Eles têm de saber que a morte de um
combatente não para a revolução.
Eles têm de saber. Eles têm de saber
que nós vamos fazer definitivamente uma regulação dos meios de comunicação para
que o povo não seja vítima das mentiras todo santo dia.
Eles têm de saber que vocês, quem
sabe, são até mais inteligentes que eu, e queimar os pneus que vocês tanto
queimam, fazer as passeatas, as ocupações no campo e na cidade. Parecia
difícil a ocupação de São Bernardo, e amanhã vocês vão receber a notícia que
vocês ganharam o terreno que vocês invadiram.
"Não adianta
parar o meu sonho, porque, quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça
de vocês e pelos sonhos de vocês"
Companheiros, eu tive chance, agora,
eu estava no Uruguai, entre Livramento e Rivera, e as pessoas diziam assim,
"ô, Lula, você finge que vai comprar um “uisquizinho”, e você vai para o
Uruguai com o Pepe Mujica e vai embora e não volta mais, pede asilo político.
Você pode ir na embaixada da Bolívia, do Uruguai, da Rússia, e de lá você fica
falando…" Eu não tenho mais idade. Minha idade é de enfrentá-los com olho
no olho e eu vou enfrentá-los aceitando cumprir o mandado.
Eu quero saber quantos dias eles vão
pensar que tão me prendendo. E, quantos mais dias eles me deixarem lá,
mais Lulas vão nascer neste país e mais gente vai querer brigar neste país,
porque numa democracia, não tem limite, não tem hora para a gente brigar. Eu
falei para os meus companheiros: se dependesse da minha vontade eu não ia, mas
eu vou porque eles vão dizer, a partir de amanhã, que o Lula tá foragido, que o
Lula tá escondido, e não! Eu não tô escondido, eu vou lá na barba deles pra
eles saberem que eu não tenho medo, que eu não vou correr, e para eles saberem
que eu vou provar minha inocência.
Eles têm de saber isso.
E façam o que quiserem. Façam o que
quiserem. Eu vou pegar uma frase que eu peguei em 1982 de uma menina de 10 anos
em Catanduva, e essa frase não tem autor:
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter
a chegada da primavera.”
E a nossa luta é em busca da
primavera.
Eles têm de saber que nós queremos
mais casa, mais escola. Nós queremos menos mortalidade, nós não queremos
repetir a barbaridade que fizeram com a Marielle no Rio de Janeiro.
Não queremos repetir a barbaridade
que se faz com meninos negros neste país.
Não queremos mais a mortalidade por
desnutrição neste país. Não queremos mais que um jovem não tenha esperança de
entrar numa universidade, porque este país é tão cretino, que foi o ultimo país
do mundo a ter uma universidade. O último! Todos os países mais pobres tiveram,
porque eles não queriam que a juventude brasileira estudasse.
"Os poderosos
podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a chegada da
primavera. E a nossa luta é em busca da primavera"
E falavam que custava muito. É de se
perguntar: quanto custou não fazer 50 anos atrás?
Eu quero que vocês saibam que eu
tenho orgulho, profundo orgulho, de ter sido o único presidente da República
sem ter um diploma universitário, mas sou o presidente da República que mais
fiz universidade na história deste país, para mostrar para essa gente que não
confunda inteligência com a quantidade de anos na escolaridade, isso não é
inteligência, é conhecimento.
Inteligência é quando você tem lado,
inteligência é quando você não tem medo de discutir com os companheiros aquilo
que é prioridade, e a prioridade é garantir que este país volte a ter
cidadania. Não vão vender a Petrobras! Vamos fazer uma nova Constituinte! Vamos
revogar a lei do petróleo que eles tão fazendo! Não vamos deixar vender o
BNDES, não vamos deixar vender a Caixa, não vamos deixar destruir o Banco do
Brasil! E vamos fortalecer a agricultura familiar, que é responsável por 70% do
alimento que nós comemos neste país.
E com essa crença, companheiros, de
cabeça erguida, como eu tô falando com vocês, que eu quero chegar lá e dizer ao
delegado: estou à disposição.
E a história, daqui a alguns dias,
vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, foi o juiz que
me julgou e foi o Ministério Público que foi leviano comigo.
Por isso, companheiros, eu não tenho
lugar no meu coração pra todo mundo, mas eu quero que vocês saibam que se tem
uma coisa que eu aprendi a gostar neste mundo é da minha relação com o povo.
Quando eu pego na mão de um de vocês,
quando eu abraço um de vocês, quando eu beijo um de vocês… porque agora eu
beijo homem e mulher igualzinho… Quando eu beijo um de vocês, eu não
tô beijando com segundas intenções, eu tô beijando porque, quando eu
era presidente, eu dizia:
"Eu vou voltar pra onde eu
vim".
E eu sei quem são meus amigos eternos
e quem são os eventuais. Os de gravatinha, que iam atrás de mim, agora
desapareceram. E quem está comigo são aqueles companheiros que eram meus amigos
antes de eu ser presidente da República. É aquele que comia rabada no Zelão,
que comia frango com polenta no Demarchi, é aquele que tomava caldo de mocotó
no Zelão, esses continuam sendo nossos amigos. São os que têm coragem de
invadir terreno pra fazer casa, são aqueles que têm coragem de fazer uma greve
contra a previdência, são aqueles que ocupam no campo pra fazer uma fazenda
produtiva, são aqueles que, na verdade, precisam do Estado.
Companheiros, eu vou dizer uma coisa
pra vocês: Vocês vão perceber que eu vou sair desta maior, mais forte, mais
verdadeiro, e inocente, porque eu quero provar que eles é que cometeram um
crime, um crime político de perseguir um homem que tem 50 anos de história
política, e por isso eu sou muito grato.
Eu não tenho como pagar a gratidão, o
carinho e o respeito que vocês têm dedicado a mim nesses anos todos. E quero
dizer a vocês, Guilherme e Manuela, a vocês dois, que para mim é motivo de
orgulho pertencer a uma geração, que está no final dela, ver nascer dois jovens
disputando o direito de ser presidente da República neste país. Por isso,
grande abraço, e podem ficar certos: esse pescoço aqui não baixa, minha mãe já
fez o pescoço curto pra ele não baixar, e não vai baixar, porque eu vou sair
de lá de cabeça erguida e de peito estufado, porque eu vou provar a minha
inocência.
Um abraço companheiros, obrigado, mas
muito obrigado, pelo que vocês me ajudaram, um beijo, querido, muito
obrigado!".
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