AMAZÔNIA EM CHAMAS
"Cada árvore que cai queimada pelo fogo, nos queima
e nos derruba também"
À tarde, com muita
tristeza, ouvimos o canto do sabiá e do tucano, dos papagaios e das araras e os
assovios dos macacos cuxiú e os gritos das guaribas. Os seus cantos e seus
gritos não são mais de alegria, mas sim muita tristeza, pedindo socorro. Só
quem conhece percebe a dor que eles estão sentido. É de cortar o coração...
Nós, todos os dias, estamos na luta, vendo
esses sofrimento no combate ao fogo. Não temos tempo para fazer mais nada... É
dia e noite lutando. Estamos muito desgastados por falta de não conseguirmos
nem nos alimentar direito. Estamos muito preocupados, não temos mais nem sono,
vendo a floresta morrer queimada.
Os filhos e as mulheres
sofrem junto conosco. As crianças e nós estamos respirando muita fumaça.
Ficamos esperando pela chuva e não chove... Não temos tempo nem para alimentar
nossas famílias direito, pois o fogo não dá tempo.
Eu só penso que se
nossa floresta se acaba, nós todos também iremos desaparecer. Nós não podemos
viver na cidade. Nossa vida é a floresta. Nossos costumes são diferentes, nossa
alimentação é diferente, nosso modo de viver é na aldeia, por isso escrevo essa
história com muita tristeza em meu coração.
Cada árvore que cai
queimada pelo fogo, nos queima e nos derruba também. A cada dia que passa, nós
também nos sentimos queimados e devorados pelo fogo. É muito triste tudo isso...
Gostaria que esse meu
relato chegasse até o conhecimento das autoridades, do poder público e de quem
mais possa nos ajudar.
Relato do Cacique Jailton, do povo indígena
Tembé .
Terra Indigena Alto Rio
Guama, Paragominas, Pará.
dezembro de 2024
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