Sindicato dos Urbanitários de Alagoas
Representa os trabalhadores da ALGÁS, AGRESTE SANEAMENTO, CASAL, EQUATORIAL ALAGOAS, CHESF, SAAES, SANAMA e BRK
1º
Congresso dos Urbanitários - agosto de 1989
Sindicato dos
Urbanitários de Alagoas foi fundado em 8 de abril de 1943, no governo
ditatorial de Getúlio Vargas, período em que foi consolidada a estrutura legal
de controle do sindicalismo no Brasil. Junto a Consolidação das Leis de
Trabalho – (CLT) veio também a intenção de retirar dos sindicatos o seu caráter
de luta para transformá-los em organismos de conciliação de classe,
atrelando-os ao Estado e dando início à fase dos sindicatos oficiais,
transformando-os somente em órgãos assistencialistas e de prestação de
serviços.
Inicialmente,
chamava-se Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Termoelétrica de Maceió,
representando os trabalhadores/as da Companhia Hidrelétrica de São Francisco –
Chesf, da então Companhia Força e Luz/Ceal, Companhia de Bondes e Companhia
Telefônica – (CTA), que depois se separaram ficando apenas o setor elétrico.
Até 1977, a
entidade contou com cinco presidentes: Frederico Alves de Oliveira (1943-1946),
José Vicente Ferreira (1947-1950), Pedro Lopes Barbosa (1951-1952), José Luiz
Ferreira da Silva (1953-1975) e José Jurandir Torres (1975-1977). Nesse
período, o Sindicato dos Urbanitários não tinha tradição de participação na
luta sindical, não havendo qualquer consistência de cidadania, inclusive, dando
margem à não renovação de quadros.
O Presidente que
mais tempo ficou no poder foi José Luís, que passou mais de 20 anos no cargo,
inclusive no período da ditadura militar. O Sindicato funcionava no Palácio do
Trabalhador e limitava-se a receber e repassar à categoria informação sobre a
concessão de reajuste salarial, a cada ano.
O presidente era
sempre reeleito por aclamação, pois, na época, não havia o menor interesse da
categoria em participar do Sindicato; amedrontados, os trabalhadores não tinham
o direito de se posicionarem. Havia uma camisa de força, dada pelos generais de
plantão no período da ditadura e, nesse clima, não havia possibilidade de
diálogo. Em 1966, o Sindicato passou a chamar-se Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias Urbanas do Estado de Alagoas e, em 1976, com o falecimento do
presidente José Luiz, assumiu o vice, Jurandir Torres, substituído através de
eleição, por Pedro Luiz em 1978. Com a chegada de um trabalhador eleito ao
poder, Pedro Luiz foi o primeiro presidente após o período de intervenção
sindical pela ditadura, período no qual surgiram as primeiras mudanças na
atuação do Sindicato.
Nessa gestão de
Pedro Luiz da Silva (1978-1987), houve a incorporação da Companhia de Água e
Saneamento do Estado de Alagoas – (Casal) à categoria, e isso foi às vésperas
do período chamado “Novo Sindicalismo”, em que o país começou a vivenciar as
mais variadas manifestações das classes populares, visando à construção de uma
nova ordem social. Destacam-se as greves no ABC de São Paulo, a criação da
Central Única dos Trabalhadores – (CUT) em 1983 e a formação do Partido dos
Trabalhadores. A nossa entidade começou a ganhar força e adesão da base, como
resultado, inclusive, de sua participação direta no momento histórico. Em 1984,
o Sindicato funda a CUT/AL e a ela se filia. Essa instituição nasceu para
romper com a estrutura sindical corporativa e tornar-se instrumento de
mobilização de massa.
O Sindicato começou
a se tornar referência. Foi nesse período que se adquiriu a primeira sede própria.
No plano estadual, Pedro Luiz assumiu a presidência do Partido dos
Trabalhadores – (PT) e da Central Única dos Trabalhadores – (CUT); no plano
nacional foi dirigente da Federação Nacional dos Urbanitários – (FNU). O grupo
liderado por Pedro Luiz começou a reivindicar direitos, promover debates,
encontros, reuniões e conseguiu obter a credibilidade que o Sindicato precisava
para fortalecer-se. As assembleias lotavam cada vez mais, e cumpriu-se uma
gestão de forma séria, dinâmica e criteriosa, mas a dinâmica natural da vida
sindical e política mostrou a necessidade novos avanços.
Em 1987, parte do
grupo que acompanhava Pedro Luiz entendeu ser necessário buscar uma nova forma
de atuação, pois as últimas gestões haviam provocado divergências. Um outro
momento surgia na vida sindical que necessariamente levou a uma disputa
interna; a dissidência decidiu que Paulo Fernando dos Santos, Paulão, era o
nome que surgia como liderança para substituir o então presidente. Pedro Luiz
perdeu para Paulão, mesmo contando com o apoio do PT e da CUT.
Sem dúvida, o
Sindicato dos Urbanitários de Alagoas se tornou um marco para o movimento
sindical alagoano. Conseguiu fazer o processo de ruptura em plena ditadura,
fortalecer-se diante de sua base, servir de referência para outros sindicatos
urbanos e rurais, teve a visão estratégica de ajudar a consolidar uma Central
Sindical, evidenciou a importância do movimento sindical para o exercício da
cidadania.
Uma das maiores preocupações do grupo que está, atualmente, na direção do Sindicato, tem sido a formação e conscientização política e social de seus membros. Desde 1989, são realizados congressos da categoria, a cada três anos, e ela mantém em seus planejamentos programa de formação política e sindical para dirigentes e base. Atualmente, o Sindicato possui um dos maiores índices de sindicalização do país: 90% dos trabalhadores e trabalhadoras das empresas que representa são sindicalizados.
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