quarta-feira, 22 de abril de 2020

Não pertenço a mesma NAÇÃO que essas pessoas ! ! !


por Pedro Cardoso*

“Não existe Brasil. Existe um amontoado de gente jogado no mesmo pedaço de chão . . .


O Brasil chora. | Luto brasil, Fotos de trem, Equador


. . . convivendo forçosamente, obrigados a se dizer pertencer a mesma nação. O Brasil é falso como a letra do seu hino, que, aliás, é feia e mal escrita. O Brasil nunca foi gigante porque ele nem sequer existe.

*Nenhuma nação surge de 350 anos de escravidão.* Eu me recuso a compartilhar nacionalidade, e o consequente patriotismo, com pessoas que fazem baderna em tempos de necessário isolamento social. Qdo um infectado entra num hospital ele expõe a risco médicas, enfermeiras e todos que forem cuidar dele.

*Fazer o impossível para não se infectar é uma obrigação para com os outros*.
Na minha opinião, quem se oferece ao vírus em aglomerações voluntariosas não deveria receber tratamento caso adoeça. Se o vírus é uma invenção, como dizem, que se curem sozinhos; e não venham arriscar a vida de quem, com sacrifício, está dedicado a salvar vidas.

*Eu não pertenço a mesma nação que essas pessoas*. Sou juridicamente brasileiro. 220 milhões de pessoas o são. Mas é mera formalidade. Não posso pertencer a um país que não existe. O que existe são grupos identificados por igualdade pretendida.

Grupos de militares, de comerciantes, de artistas sertanejos, de latifundiários, de fundamentalistas de falsas religiões e por ai vai. Cada grupo chama a si mesmo de Brasil como se todos os nascidos nesses limites geográficos fossem iguais a eles. Não somos.

*Eu não faço buzinaço em porta de hospitais nem clamo por ditadura militar.

* Não pertenço a nação de quem o faz. É com pesar que sou obrigado a compartilhar com gente assim o mesmo espaço geográfico.

O País que eu nasci é o do sonho de Criolo, Mano Braun, Ruth de Souza, Pixinguinha, Chico Mendes, Leonardo Boff, Chico Buarque, Caetano Veloso, Fernanda Montengro, Amir Haddad, D. Ivone Lara, Catulo da Paixão Cearense, Dolores Duran e tantos a quem posso chamar de irmãos.

Os outros, esse grupo abjeto de pessoas incivilizadas, sádicos agressores de indefesos, ocuparam a terra do país imaginado pela arte produzida pela minha gente.

Roubaram até as cores da bandeira. Verde e Amarelo se tornou uma combinação repulsiva. Bandeira feita mortalha." 


Pedro Cardoso abandona programa ao vivo e critica emissora | EXAME Pedro Cardoso é ator, redator, roteirista, autor, escritor e humorista brasileiro.

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