O Jornal Nacional abre suas
baterias: na guerra Globo e Bolsonaro, que ambos se matem
Memorize esta data: 19 de fevereiro. Foi provavelmente o primeiro dia em que o Jornal Nacional terá iniciado uma guerra diária contra Jair Bolsonaro. A edição de ontem contou longos e intensos minutos, repletos de expressões sisudas de seus apresentadores.
Quem te viu, quem te vê. Em menos de dois meses, o governo que se elegeu pelo falacioso discurso anticorrupção passa a ter tratamento similar ao dispensado aos anteriores, quando desafetos da Globo. Praticamente metade do JN foi dedicado a denúncias das diversas espécies de laranjais bolsonaristas, com ênfase, claro, no diz-que-diz digno de novela mexicana que envolve aquele bando de orangotango.
Um governo que se elegeu por whatsapp e por whatsappgoverna (ou tenta), irá permanecer batendo na tecla de que Gustavo Bebianno era um ‘infiltrado’, alguém que estava vazando informações para a ‘imprensa inimiga’. Bebianno era ministro da Secretaria Geral, foi presidente interino do partido, cuidou da campanha de Bolsonaro desde a primeira hora. Agora é um ‘infiltrado’?
As redes sociais do clã Bolsonaro simplesmente ignoram o laranjal do PSL. Nem mesmo o vídeo que o presidente gravou como despedida a Bebianno foi compartilhado. Ou seja, os apoiadores deste governo, que na escuridão vivem, na escuridão votaram, na escuridão permanecerão em termos de informação.
Mas eis que o destino prega uma peça. Ironicamente, o whatsapp que elegeu será o mesmo que irá derrubar o presidente. Sobretudo se novas mensagens vierem a público com teor mais explosivo. Bebianno já trocou sua foto de perfil por uma na qual está com uma metralhadora em mãos. Teria ele gastado todo o pente de munição ontem mesmo? A ver.
Declarar como persona non grata um alto executivo da Globo, Paulo Tonet Camargo, foi dar combustível para a emissora que conversa com a grande maioria de brasileiros que não votou em Bolsonaro. Algo como 89 milhões de pessoas aptas ao voto.
Bolsonaro comprova ser totalmente desqualificado para o posto ao demitir aquele ministro com um mínimo de interlocução política no congresso. O resultado pode ser visto ontem mesmo com derrotas na Câmara (que derrubou o projeto que facilitava a decretação de sigilo absoluto a documentos públicos) e no Senado (que resolveu chamar Bebianno para que se explique sobre o imbróglio todo dos últimos dias).
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