Preso
em 1979 que recebeu visita de Lula vai a Curitiba
Escritor, político e militante que conheceu o ex-presidente quando era preso político, diz que trajetória de Lula é marcada pela solidariedade
Denise Veiga
Amigo de Lula desde a década de 1970,
Cipriano visitou o Acampamento
Marisa Letícia na segunda semana de maio e aproveitou para
contar muitas experiências que teve com o ex-presidente, além de lançar seu
livro “Pequenas histórias de cadeia e Teias de solidariedade”, onde relata
episódios de solidariedade que tanto admira no ex-presidente.Entre os vários
episódios que marcam a trajetória de luta e de vida do ex-presidente Lula, os
mais marcantes para Perly Cipriano, 74 anos, estão relacionados à solidariedade
de Lula com
todos que são ignorados pelo poder público e acabam fazendo parte das estatísticas
de fome e miséria, os que são presos por lutar contra injustiças e
pela democracia, enfim, com todos que sofrem injustiças.
O mais especial deles, para o escritor, aconteceu em 1979, em
plena ditadura
militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. Nesse período,
milhares de jovens que lutavam pela redemocratização do país foram presos pela
polícia política, que torturou, assassinou e desapareceu com os corpos de
centenas de militantes.
Cipriano era um
dos presos políticos, encarcerado no Rio de Janeiro. Longe dali, na Região do
ABC Paulista, Lula era uma liderança sindical em ascensão que, naquele mesmo
ano, enfrentou a ditadura comandando um dos maiores movimentos de massa que o
regime militar tinha visto – a greve da campanha salarial de 1979 que durou 60
dias.
O escritor se
preparava para iniciar uma greve de fome que durou 33 dias quando foi
surpreendido com a visita do líder sindical Luiz Inácio da Silva, que foi à
prisão prestar solidariedade e oferecer apoio ao preso político que ele nem
conhecia.
Quando conquistou a liberdade, depois de cumprir dez dos 94 anos
e oito meses a que foi condenado, Cipriano seguiu acompanhando as façanhas
daquele nordestino obstinado e com um enorme senso de justiça e
amor ao próximo. Ele viu a criação do Partido dos Trabalhadores e só pensava em
voltar ao estado onde vivia, o Espírito Santo, e acelerar a criação do PT em
sua cidade.
“A primeira vez
que ouvi falar de Lula foi na cadeia. Na época, fiquei encantado com a luta
dele contra a ditadura, mas o que mais me impressionou foi a ideia de criar um
partido. Sou da tradição marxista e sabia como criar, mas ele queria um partido
diferente. Lula teve uma ideia genial nenhum partido no mundo nasceu como o
Partido dos Trabalhadores (PT)”, diz o escritor.
Depois de ajudar na fundação do PT, Cipriano denunciou o crime
organizado no estado. Uma temeridade naquela época e também nos dias atuais.
Não custa lembrar o que aconteceu com a vereadora do PSOL,
Marielle Franco, que denunciava violência policial
e a atuação de militâncias nas comunidades carentes e, por isso, foi
assassinada no centro do Rio de Janeiro
Mas o escritor
não ficou sozinho. No dia do julgamento, outra surpresa: Lula foi ao Tribunal
de Justiça do estado para apoiá-lo.
Essas e outras histórias dos momentos em que sua vida se cruzou
com a de Lula, todas devidamente contadas no livro, estão encantando a militância acampada
na Vigília Lula
Livre, em Curitiba, aonde Cipriano chegou depois de horas e horas de
viagem de ônibus para se solidarizar com aquele que tantas vezes foi solidário
a ele.
Em 1989, outro
momento marcante na vida do escritor e se sua ligação com Lula. Ele conta que
aconteceu um acidente de automóvel, no Espírito Santo, onde a secretária de
Lula, Beti Lima, e o ex-deputado Otaviano de Carvalho, em caravana pelo estado,
morreram.
“Eu estava junto
nesta caravana e com a explosão do carro sobrevivi com 35% do corpo queimado.
Lula acompanhou minha recuperação no hospital. O primeiro telegrama, após
receber alta do hospital, estava assinado pelo Lula e sua equipe. Eles me
ajudaram a ir a Cuba para tratamento. Ele sempre foi muito presente em minha
trajetória de vida”, comenta.
Antes disso, em
1982, quando concorria ao governo do Espírito Santo, Cipriano conta que fez
campanha com Lula.
“Nós fazíamos
campanha juntos. Não conheço nenhuma outra pessoa mais solidária que Lula. Ele
é diferente tem a consciência clara da luta de classes. É diferente de todas as
outras pessoas que já conheci. Tem a capacidade de entender o momento”, diz.
Segundo ele,
Lula é o mesmo seja falando em congresso dos cientistas que fazem parte da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) seja conversando e
abraçando catadores de material reciclado.
Os carcereiros
da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde Lula é mantido preso
político desde 7 de abril, devem estar encantados com ele, acredita o escritor.
Ele mesmo ficou
encantado com os vizinhos dos acampamentos que lavam vasilhas, cozinham, varrem
ruas, cedem suas casas, entre outras várias atividades que fazem para colaborar
com os acampados.
“Todos estão
aqui porque são solidários a Lula. Eles não podem manter preso a esperança
desse povo da nossa nação. Todos estão porque Lula mudou o rumo da história.
Lula vai vencer, eu acredito”, disse Cipriano afirmando que todo o dinheiro
arrecadado com a venda do seu livro será doado para a coordenação da Vigília
Lula Livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário