terça-feira, 31 de março de 2015

Ombudsman aponta à Folha erro em texto sobre Dirceu; jornal mantém arrogância ! ! !

Grande Zé Dirceu

No reinado absoluto que comandam sem nenhuma regulação na área – já se faz tarde essa regulação e ninguém tem coragem de elaborá-la… – os grandes veículos de comunicação cometem tantos absurdos e desinformam tanto seus leitores nas manobras de manipulação que promovem que, as vezes, surpreendem até  seus próprios quadros jornalísticos.
Foi o que aconteceu semana passada com a Folha de S.Paulo com aquela sua manchete do domingo acusatória ao ex-ministro José Dirceu e que depois se provou toda mentirosa – ao contrário do que diziam a manchete de capa do jornal e a reportagem, executivos delatores que estão presos não haviam acusado Dirceu de receber propina no caso Petrobras e um único deles que teria falado, não o fez no inquérito nem no curso das investigações, mas teria falado em conversas com procuradores.
Para tentar esclarecer o que aconteceu, a ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, que constatou e questionou toda a manipulação do jornal em que trabalha nesse material sobre Dirceu, dedicou praticamente toda a sua coluna de ontem ao fato. Vera  reitera que estava tudo incorreto em termos de informações e cobra expondo seu ponto de vista: pela dimensão dada à questão, o desmentido e o reconhecimento do jornal, de que errou, tinha que ter sido dado em uma nova reportagem e não apenas em pequena nota da Seção “Erramos”, como a Folha fez.
Folha não reconhece o outro erro, o de que não deu o devido direito de resposta
Mas, a Secretaria de Redação, com quem ela trata para esclarecer as questões levantadas pelo jornal e os erros por ele cometidos manteve a  arrogância na resposta dada a ombudsman: respondeu-lhe que o jornal cometeu apenas um erro de enunciado, que o conteúdo da reportagem – todo errado, falso… – “valia mesmo manchete” (???) e diz que o jornal deu a devida resposta ao publicar 10 linhas na seção Erramos e além disso, publicou a carta da assessoria de imprensa do ex-ministro.
Bom, só faltava não ter publicado a carta de esclarecimentos do ex-ministro enviada por sua assessoria de imprensa…mas não se espantem, leitores, às vezes, por mais clamorosa que seja a situação e a acusação, eles não publicam. Dai o orgulho da Secretaria de Redação ao jactar-se de ter publicado a carta! Mas, as vezes não dão mesmo nem esse mínimo direito de resposta, que não é o estabelecido em lei, já que esta determina que seja no mesmo espaço e tamanho da reportagem acusatória.
O jornal discorda dos comentários da ombudsman e a Secretaria de Redação lhe respondeu: “O erro foi assumido na seção diária destinada a essa finalidade. A carta do assessor de Dirceu criticando o enunciado foi publicada com destaque no alto do ‘Painel do Leitor’ de 24/03″.
Carta e nota em espaços muito menores do que os dados à manchete e à reportagem
Agora comparar e insistir que deu ao ex-ministro a devida resposta pelos danos causados pela reportagem manchete principal de capa do domingo passado e ocupou amplo espaço internamente só porque publicou a carta da assessoria de imprensa e deu 10 linhas na seção “Erramos”, francamente…
São dois espaços editoriais de acesso, leitura e destaque infinitamente menores que os demais em que ela publicou a manchete e a reportagem. A Folha subestima, acha que convence e quer desqualificar a inteligência e o censo de responsabilidade dos que acompanham seu noticiário.
Leiam clicando aqui a íntegra da análise da ombudsman publicada ontem sob o título“Diferentemente do informado…”

 Blog do Zéequipedoblog /Por Equipe do Blog

Diretórios regionais saem em defesa do PT ! ! !




Em manifesto, diretórios regionais saem em defesa do 

PT

O texto, construído ontem,  (30), propõe “promover um reencontro com o PT dos anos 80″, quando o partido foi construído com vocação democrática e transformação da sociedade

Os representantes regionais do PT aprovaram, durante a reunião, nesta segunda-feira (30), o Manifesto dos Diretórios Regionais em defesa do partido. No texto, o partido reforça a importância do 5º Congresso Nacional do PT para o fortalecimento da sigla.
“Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro com o PT dos anos 80, quando nos constituímos um partido com vocação democrática e transformação da sociedade”, diz o documento.
O manifesto propõe 10 iniciativas, entre elas desencadear um amplo processo de debates; a defesa do legado do político e administrativo do partido e do governo Dilma; apoiar o aprofundamento da reforma agrária; apoiar iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e médias cidades; buscar novas fontes de financiamento e fortalecimento do SUS; apoiar uma reforma educacional; combater a corrupção; e lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da América.
“O momento não é de pessimismo, é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo, é de avançar com coragem e determinação”, reforça o manifesto.
Leia a íntegra do manifesto:
“Manifesto dos DRs
Nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT — quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais.
Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguemnos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades.
Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.
Maus perdedores no jogo democrático, tentam agora reverter, sem eleições, o resultado eleitoral. Em função dos escândalos da Petrobrás, denunciados e investigados sob nosso governo -– algo que não ocorria em governos anteriores –, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de crise mundial prolongada.
Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores, nos marcos do Estado Democrático de Direito. E, caso qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas fileiras.
O PT precisa identificar melhor e enfrentar a maré conservadora em marcha. Combater, com argumentos e mobilização, a direita e a extrema-direita minoritárias que buscam converter-se em maioria todas as vezes que as 2 mudanças aparecem no horizonte. Para isso, para sair da defensiva e retomar a iniciativa política, devemos assumir responsabilidades e corrigir rumos. Com transparência e coragem. Com a retomada de valores de nossas origens, entre as quais a ideia fundadora da construção de uma nova sociedade.
Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro com o PT dos anos 80, quando nos constituímos num partido com vocação democrática e transformação da sociedade – e não num partido do “melhorismo”. Quando lutávamos por formas de democracia participativa no Brasil, cuja ausência, entre nós também, é causa direta de alguns desvios que abalaram a confiança no PT.
Nosso 5º Congresso, cuja primeira etapa será aberta, a fim de recolher contribuições, críticas e novas energias de fora, deverá sacudir o PT. A fim de que retome sua radicalidade política, seu caráter plural e não- dogmático. Para que desmanche a teia burocrática que imobiliza direções em todos os níveis e nos acomoda ao status quo.
O PT não pode encerrar-se em si mesmo, numa rigidez conservadora que dificulta o acolhimento de novos filiados, ou de novos apoiadores que não necessariamente aderem às atuais formas de organização partidária.
Queremos um partido que pratique a política no quotidiano, presente na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes, e não somente que sai a campo a cada dois anos, quando se realizam as eleições.
Um PT sintonizado com nosso histórico Manifesto de Fundação, para quem a política deve ser “ atividade própria das massas, que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade”.
Por isso, “o PT deve atuar não apenas no momento das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma 3 nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias”.
Tal retomada partidária há de ser conduzida pela política e não pela via administrativa. Ela impõe mudanças organizativas, formativas, de atitudes e culturais, necessárias para reatar com movimentos sociais, juventude, intelectuais, organizações da sociedade – todos inicialmente representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes ou, até, hostis em virtude de alguns erros políticos cometidos nesta trajetória de quase 35 anos.
Dar mais organicidade ao PT, maior consistência política e ideológica às direções e militantes de base, afastar um pragmatismo pernicioso, reforçar os valores da ética na política, não dar trégua ao “cretinismo” parlamentar – tudo isso é condição para atingir nossos objetivos intermediários e estratégicos.
Em concordância com este manifesto, nós, presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:
1. Desencadear um amplo processo de debates, agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;
2. Defesa do nosso legado político-administrativo e do governo Dilma;
3. Participar e ajudar a articular uma ampla frente de partidos e setores partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos sociais da cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de mudanças, que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores, da reforma política, da democratização da mídia e da reforma tributária;
4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do apoio à agricultura familiar;
5. Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre grandes fortunas e o projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião, ambos em tramitação na Câmara dos Deputados;
6. Apoiar iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e médias cidades, a fim de melhorar as condições de saneamento, habitação e mobilidade urbana;
7. Buscar novas fontes de financiamento para dar continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;
8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;
9. Levar o combate à corrupção a todos os partidos, a todos os Estados e Municípios da Federação, bem como aos setores privados da economia;
10. Lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O momento não é de pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo; é de avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos impedirá de continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso povo. Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim será!

São Paulo, 30 de março de 2015″


Da Redação da Agência PT de Notícias

tvAFIADA: como o PSDB aplicou as doações ! ! !

Como o PSDB aplicou as doações

As doações dos empreiteiros ladrões ao PSDB são virtuosas …

    t vAFIADA
  • C
 Paulo Henrique Amorim

Rede "grobo" paga mais impostos (Oba...oba...oba...) ! ! !

Globo passou a pagar mais impostos
Sem a Copa, seria um desastre !

De soldadinho de chumbo, no face


De Luis Nassif:


GLOBO PASSOU A PAGAR MAIS IMPOSTOS



A divulgação do balanço do Grupo Globo tem revelações interessantes (confira na reportagem do Teletime Grupo Globo lucra R$ 2,36 bilhões em 2014, 6% a menos em relação a 2013). 

Em 2014, o lucro foi de R$ 2,346 bilhões, 6% menor do que no ano anterior. Mas o que garantiu esse feito foi a Copa do Mundo. Sem a Copa, o desempenho do último trimestre foi pior que no mesmo período de 2014 e os primeiros resultados de 2015 não são promissores.

O lucro foi menor mas receita líquida teve um crescimento de 11% em relação a 2013. Mas houve um grande aumento de 13,8% nos custos de venda publicidade e serviços – onde provavelmente está embutido o custo do BV (bônus de veiculação).

Mas o que mais pesou para os resultados foram os pagamentos de tributos, imposto de renda e contribuição social, saltando de R$ 1 bilhão em 2013 para R$ 2,26 bilhões em 2014 para todo o grupo. No caso da controladora, o pagamento de impostos triplicou de R$ 591 milhões ´para R$ 1,5 bilhão.

Chama atenção a distribuição desproporcional de dividendos para os acionistas: receberam R$ 3,4 bilhões. 
                                     
                             Fonte: 

Quem mandou o Obama trair o Lula ?

Quem mandou o Obama trair o Lula?
O Irã ofereceu ao Brasil e à Turquia o que nega a Obama (e Israel).

O Brasil, o Irã e a Turquia jogam o Grande Jogo


Saiu no New York Times:

http://www.nytimes.com/2015/03/30/world/middleeast/iran-backs-away-from-key-detail-in-nuclear-deal.html?emc=edit_th_20150330&nl=todaysheadlines&nlid=2984728&_r=0

Na ante-véspera do prazo final das negociações com os americanos (e com Israel, by proxy), o Irã mudou de ideia e avisou que não está mais disposto a mandar seu combustível atômico ao exterior, onde ficaria depositado, e sem poder usá-lo para fazer – segundo suspeita de Israel e dos Estados Unidos – uma bomba atômica.

(Ficaria na Rússia, segundo as negociações mais recentes.)

Em troca, o Irã receberia urânio menos beneficiado – que não pode resultar em bomba atômica – para usar em seu programa pacífico.

Sem essa cessão ao exterior, não tem acordo.

Trata-se, como se vê de um formidável exercício de hipocrisia.

Como o Príncipe da Privataria, o Cerra e o Aécio se elegerem símbolos da Ética na Política !

Israel tem 200 bombas atômicas, não assinou o Tratado de Nao-Proliferação das Armas Nucleares e seu programa nuclear corre em parceria com os Estados Unidos – e, em muitas áreas, superou os Estados Unidos.

E se acha no direito de conduzir a política externa americana para o Oriente Médio !

Nada disso teria acontecido se o Obama não tivesse traído o Lula, o Celso Amorim e a Turquia.

Ele e a Hillary, que sempre teve uma política externa própria e, como Presidente da Republica, será mais Netanyahu que o Bibi.

Na “Resolução de Teerã”, que o Governo do Irã assinou com o Brasil e a Turquia, o Irã depositaria seu combustivel na Turquia, em troca do material a usar nos hospitais e pesquisas científicas.

Os vira-latas da Colônia – vote na trepidante enquete – celebraram a estratégia americana: ignorar a Resolução de Teera – cujos termos contemplavam o que Obama pediu a Lula, por escrito, e oralmente – e aprovar na ONU as sanções econômicas.

Como as sanções não quebraram o Ira nem vão quebrar, breve Israel se verá obrigado a atender seu objetivo mais genuíno: jogar uma bomba atômica no Irã.

Sob aplausos dos vira-latas coloniais !

Do Obama e da Hillary !

Que solenemente vão ignorar os coloniais vira-latas.

Em tempo: se a diplomacia brasileira não tivesse recuado da Resolução de Teerã, hoje estaria na mesa de negociações da Síria, do ISIS e do Yemen. Quem vai ao vento … - PHA

Paulo Henrique Amorim

PITACOS DO DIA ! ! !

PITACOS DO DIA

BLOG CONVERSA AFIADA
                                                         Paulo Henrique Amorim

                                                                                             
“No Brasil a justiça não é cega, é destra”
Rubens Santana

“O Barbosa vai durar mais que o Moro porque o Barbosa era do Supremo”
Evandro L. da Silva

“As doações ao PSDB são cheirosas”
Marcelo Gaúcho

segunda-feira, 30 de março de 2015

PITACOS DO DIA ! ! !

PITACOS DO DIA

BLOG CONVERSA AFIADA
                                                         Paulo Henrique Amorim

                                                                                             
“O PSDB é um túnel no fim da luz.”
Wanderley Guilherme no Valor

“A oposição não vai além da batucada. São medíocres, de vocabulário agressivo.”
Wanderley
  
“Não tem greve de professor em São Paulo. O que há é uma restrição laboral.”
Geraldo – linguista tucano

Dalmo Dallari: "o 15 de março não passou de uma ondinha" ! ! !

Dalmo Dallari ao Blog da Cidadania: “15  de março não passou de uma ondinha”

Dallari

Dando sequência à série de entrevistas que o Blog da Cidadania está fazendo com pensadores de alta relevância sobre o momento político preocupante por que passa o país, brindo os leitores desta página com a visão do eminente jurista Dalmo de Abreu Dallari, de quem a caudalosa obra é obrigatoriamente estudada em qualquer curso de Direito.
O professor Dallari se encontra em Paris, neste momento, mas não se furtou a analisar para o Blog temas como o protesto anti Dilma de 15 de março, os atentados a bomba ao PT, a proposta de impeachment de Dilma Rousseff, o comportamento do STF, o comportamento da grande imprensa, o comportamento do Ministério Público e muito mais.
Quero agradecer ao professor Dallari pela gentileza de, apesar de estar em Paris, ter respondido com tanta minúcia às questões que esta página formulou. Este blogueiro e seus leitores sentem-se honrados com a deferência de tão importante pensador brasileiro.
Confira, abaixo, a entrevista
Blog da Cidadania – Desde a campanha eleitoral do ano passado a imprensa alternativa e a tradicional citaram vários casos de pessoas que foram agredidas na rua por usarem roupas da cor vermelha, mesmo quando essas roupas (em geral, camisetas) não tinham relação com partidos políticos, sindicatos ou movimentos sociais. Como o senhor enxerga esse fenômeno? Quem protege essas pessoas agredidas? Como garantir o direito de manifestação política, e que punições podem ser aplicadas a quem agride física ou verbalmente quem faz – ou parece fazer – manifestação política silenciosa como é o uso de uma cor que lembre um grupo político ou uma ideologia?

Dalmo Dallari – A agressão praticada contra uma pessoa que participava de manifestação pacífica é crime contra a pessoa, previsto no Código Penal, no artigo 129. O fato de ter sido praticada a agressão durante manifestação politica não é agravante nem atenuante. Assim, também, a alegação de que o agredido usava camisa de uma cor determinada, que o agressor interpretou como expressão de uma opção política, não tem qualquer relevância. O que cabe é identificar o agressor e apresentar queixa na Delegacia de Policia da região, ou, então, apresentar queixa dando elementos que permitam à Polícia identificá-lo. Em circunstâncias como essa o agredido deve, imediatamente, pedir providências ao policial mais próximo, o que facilita a identificação do criminoso.

Blog da Cidadania – No último dia 15 de março, uma maré humana tomou a avenida Paulista e outras capitais brasileiras pedindo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tanto desta vez quanto nas anteriores que essas manifestações ocorreram, parcela expressiva dos manifestantes pregou golpe militar para atingir esse fim. As esperáveis manifestações de repúdio à ruptura institucional não apareceram na grande imprensa e a pregação explícita de violação da vontade das urnas não gerou nenhuma consequência para os pregadores. Existe algum mecanismo para punir esse tipo de pregação? A existência dessa pregação ameaça a democracia?

Dalmo Dallari – Antes de tudo, é importante assinalar que, confrontada com a votação que, recentemente, deu o segundo mandato à Presidente Dilma, votação superior a 54 milhões de votos, a « maré humana » da passeata de 15 de março não passou de uma « ondinha » muito leve, espetaculosa mas insignificante como expressão da vontade politica do povo brasileiro. Alguns cartazes e algumas faixas exibidos na ocasião deixam dúvida, apenas, quanto ao que realmente expressavam : ignorância, burrice ou vocação totalitária muito primária. Sobre os efeitos de um golpe militar a experiência recente do Brasil é muito expressiva. O que se viu e o que se sabe é que o golpe prejudicou seriamente a normalidade constitucional e foi instrumento de violências e de muitas praticas de corrupção. Quanto à pregação de golpe militar, que  configura proposta de subversão da ordem constitucional, é crime previsto na Lei de Segurança Nacional, que, embora feita durante a ditadura, não foi revogada e o próprio Supremo Tribunal Federal já a considerou recepcionada pela nova ordem jurídica, naquilo em que não contraria as normas constitucionais. O que deve ser feito é o enquadramento dos autores dessa tolice antidemocrática, para processamento pela prática do crime. Nesse caso a identificação dos autores não deve ser dificil, pois muita gente filmou e fotografou a prática criminosa.

Blog da Cidadania – No dia 15 de março, a sede do PT na cidade de Jundiaí (SP) sofreu um atentado a bomba. Na mesma cidade, dois bonecos de pano, representando a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, foram “enforcados” em um viaduto. No Dia 26 de março, novo atentado a bomba contra o partido, agora em São Paulo, na sede do diretório paulistano. Nesse cenário, como o senhor vê a saúde da democracia brasileira e que nível de ameaça ela pode estar sofrendo?

Dalmo Dallari – A prática de atentados contra instalações e símbolos políticos é crime, previsto na Lei de Segurança Nacional, que continua em vigor naquilo em que não contraria disposição da Constituição vigente. Essas práticas violentas são reveladoras de um lamentável primarismo político e de falta de preparo para a convivência civilizada, mas estão muito longe de representarem ameaça à ordem constitucional.

Blog da Cidadania – Muito tem-se falado sobre impeachment da presidente Dilma Rousseff. À luz das denúncias contra seu governo e do que se sabe sobre a conduta dela, o senhor considera que há elementos para se falar em derrubá-la? Se esse processo for levado à frente sob a argumentação de que o julgamento via Congresso é “político” e, portanto, “dispensa provas”, o senhor considera que esse caminho é constitucional? Se não for, que instrumentos existem para barrar uma iniciativa que, nessa situação, configurar-se-ia como golpista?

Dalmo Dallari – A proposta de impeachment de Dilma não passou de reação primária de derrotados, inconformados com a derrota. Como já tem sido amplamente demonstrado, nos termos expressos e claros da Constituição, em seu artigo 89, o impeachment só pode ser cogitado se o Presidente da República praticar ato que atente contra a Constituição. Deve existir um ato do Presidente enquanto Presidente. Assim, alegar corrupção na Petrobrás para justificar o impeachment é pura tolice e o que se pode afirmar, sem sombra de dúvida, que a conversa do impeachment não passou de fantasia política de inconformados, sem a mínima consistência jurídica.

Blog da Cidadania – O que o senhor considera que ocorreria com a democracia brasileira caso um governo recém-ungido pelas urnas fosse derrubado por fórmulas como a do “julgamento político que dispensa provas”? Poder-se-ia dizer que o Brasil estaria vivendo uma ruptura institucional e estaria sob um regime ilegítimo? O senhor considera que esse “julgamento político” seria um golpe de Estado? O senhor acha possível que esse “julgamento político” ocorra?

Dalmo Dallari – A experiência brasileira é muito eloquente: um golpe de Estado, destituindo um governo legitimamente eleito, por vias democráticas, seria uma agressão a todo o povo brasileiro, prejudicando direitos fundamentais de todo o povo e de cada cidadão. Mas a verdade sobre o que foi a ditadura está cada vez mais clara e por isso é pouquíssimo provável que ocorra uma tentativa de golpe. Entre outras coisas, o golpe de 1964 foi o resultado de uma aliança de militares fascistas com empresários gananciosos e primários, mas a prática demonstrou que também os mais ricos perdem com a ditadura.

Blog da Cidadania – O Supremo Tribunal Federal deu tratamentos opostos aos ditos mensalões tucano e petista. No caso envolvendo o PSDB, houve desmembramento da ação, com o STF enviando para a primeira instância o caso do ex-senador Eduardo Azeredo, apesar de ele ter renunciado com o fim de não ser julgado naquela instância; no caso do PT, José Dirceu, entre outros, foi julgado pelo STF mesmo sem foro privilegiado. Esse fato é compatível com o regime democrático?

Dalmo Dallari – Foi lamentável a decisão equivocada, claramente equivocada, do Supremo Tribunal Federal, de julgar acusados que não gozavam do foro privilegiado. Ele julgou sem ter competência jurídica para tanto. Esse equívoco, afrontando disposições constitucionais expressas, foi contrário ao regime democrático e foi um mau momento do Supremo Tribunal Federal, que tem por função precípua a guarda da Constituição. Continuo confiando no Supremo Tribunal Federal e esperando que ele dê exemplo do respeito à Constituição e acredito que hoje não se repetiria o equívoco.

Blog da Cidadania – Como o senhor avalia o comportamento da imprensa brasileira no âmbito da crise política?

Dalmo Dallari – É lamentável reconhecer isso, mas a grande imprensa brasileira, em relação a vários temas, deixa perceber que tem orientação influenciada por um direcionamento político. Assim, é mais do que evidente que existe verdadeira obsessão contra o Lula, o petismo e qualquer pessoa ou atividade que possa parecer ligada a isso, por simples coincidência de algumas posições. Mas é positivo o fato de que a imprensa, embora tendo dado mais espaço do que o razoável à fantasia do impeachment, não prega nem apoia um golpe de Estado e dá certa contribuição, podendo dar muito mais, ao aperfeiçoamento do regime democrático.

Blog da Cidadania – Como o senhor avalia o comportamento do Ministério Público no âmbito da crise política?

Dalmo Dallari – O Ministério Público foi extraordinariamente valorizado pela Constituição de 1988 e, essencialmente, tem estado à altura de suas responsabilidades, desempenhando com independência e firmeza suas atribuições, que muitas vezes envolvem o enfrentamento com personalidades que ocupam posições de prestigio na vida pública. Algumas vezes tem havido excesso de rigor e desbordamento das limitações constitucionais, havendo algumas situações excepcionais de omissão na proteção de direitos que lhe cumpre tutelar, mas o Ministério Público tem dado contribuição muito relevante para a busca de efetividade dos direitos consagrados na Constituição.

Blog da Cidadania – Como o senhor avalia o comportamento da Polícia Federal no âmbito da crise política?

Dalmo Dallari – A extrema diversidade de situações em que teve que agir ou resguardar direitos torna difícil uma avaliação genérica da Polícia Federal. Mas, numa síntese, ela tem cumprido bem seu papel constitucional e é merecedora do apoio e da confiança do povo brasileiro.

Blog da Cidadania – Como o senhor avalia o comportamento do STF no âmbito da crise política?

Dalmo Dallari – Numa avaliação do conjunto de seu desempenho, o Supremo Tribunal Federal tem atuado com independência, firmeza e competência, sendo hoje um dos verdadeiros pilares de sustentação da ordem jurídica democrática consagrada na Constituição de 1988. Ele pode e deve ser aperfeiçoado, para que, entre outras coisas, possa desempenhar com eficiência e rapidez suas importantes atribuições. Para tanto, venho sustentando a conveniência de que o Supremo Tribunal seja convertido em Tribunal Constitucional e se concentre em seu papel extremamente relevante de guarda da Constituição, deixando aos demais Tribunais superiores as decisões que hoje sobrecarregam a Corte Suprema.

Blog da Cidadania – Professor Dallari, a partir dessas respostas gostaria de aprofundar algumas delas em uma segunda entrevista, se possível presencial. Quando seria possível?

Dalmo Dallari – Eduardo, na próxima semana já estarei de volta a São Paulo e poderemos manter contato.


Blog da Cidadania – Professor Dallari, agradeço imensamente a atenção. Ligo para o senhor na semana assim que estiver no Brasil.